_
_
_
_

EUA alertam para aumento do arsenal nuclear chinês após relatório sobre construção de novos silos

Washington e Moscou realizarão uma nova rodada de conversações sobre controle atômico em setembro em Genebra

Xi Jinping armas nucleares
Veículos militares transportam mísseis balísticos intercontinentais DF-5B no desfile do 70º aniversário da criação da República Popular da China, em 1º de outubro, na praça Tiananmen, em Pequim.JASON LEE (Reuters)
Mais informações
Joe Biden y Vladímir Putin, durante el encuentro en 'villa La Grange' de Génova (Suiza).
Estados Unidos e Rússia tentam em Genebra renovar os acordos de controle de armas nucleares
FILE - In this Oct. 23, 2020, file photo, Chinese President Xi Jinping delivers his speech at the commemorating conference on the 70th anniversary of the Chinese army entering North Korea to resist the U.S. army, at the Great Hall fo the People in Beijing. Xi is asking former CEO Howard Schultz of Starbucks to help repair U.S.-Chinese relations that have plunged to their lowest level in decades amid a tariff war and tension over technology and security. (AP Photo/Andy Wong, File)
Pequim acusa a OTAN de exagerar a “teoria de ameaça da China”
Cascadas de centrifugadoras en la planta de enriquecimiento de uranio de Natanz, que este domingo sufrió un apagón eléctrico.
Irã acusa Israel de sabotar sua principal usina nuclear

A preocupação de Washington com as aspirações da China na corrida nuclear aumentou. Um relatório da Federação de Cientistas Americanos (FAS, na sigla em inglês) alerta que o regime de Xi Jinping está construindo uma nova rede de silos para o lançamento de ogivas nucleares. A análise, publicada na segunda-feira, reúne fotografias tiradas por satélite e situa o projeto no noroeste do país, na região de Xinjiang. Os pesquisadores calculam que o campo pode conter até 110 silos. Poucas semanas antes, em 30 de junho, o The Washington Post divulgou outro trabalho, a cargo do Centro James Martin para Estudos de Não Proliferação, que falava de outros 119 silos perto da cidade de Yumen, uma área desértica.

Os dois relatórios apontam uma mudança de estratégia da China, cuja capacidade nuclear hoje é de cerca de 350 ogivas nucleares, segundo os pesquisadores da FAS — uma quantidade modesta se comparada com a da Rússia ou a dos Estados Unidos, que têm cada um, depósitos de até 4.000 ogivas, 90% das armas nucleares do planeta. O regime chinês, ainda longe desses números, está pisando no acelerador. Há um ano, o Pentágono estimava que os estoques chineses não chegavam a 200 ogivas.

Imagem da rede de silos para mísseis na área de Hami, na região de Xinjiang. Fonte: Federação de Cientistas Americanos (FAS)
Imagem da rede de silos para mísseis na área de Hami, na região de Xinjiang. Fonte: Federação de Cientistas Americanos (FAS)

Na terça-feira, um dia após a publicação do último relatório, tanto o Pentágono como membros do Congresso alertaram para essa questão. “É a segunda vez em dois meses que o público descobre o que viemos dizendo todo esse tempo sobre crescente perigo que o mundo enfrenta e o sigilo que o cerca”, assinalou em sua conta de Twitter o Comando Estratégico dos Estados Unidos, o braço do Exército com a missão de proteger ao país e seus aliados da ameaça nuclear. Por sua vez, o congressista republicano Mike Turner, deputado por Ohio e membro do subcomitê de Serviços Armados em Forças Estratégicas da Câmara dos Representantes, qualificou o desenvolvimento nuclear do regime chinês de “ameaça”.

Os dois informes foram divulgados às vésperas da primeira rodada de negociações, chamadas de Diálogo sobre Estabilidade Estratégica, que os Estados Unidos e a Rússia realizaram na quarta-feira em Genebra para evitar uma nova corrida nuclear. Foi a primeira reunião desse tipo entre as duas potências em um ano. O encontro ocorreu pouco mais de um mês após a cúpula de 16 de junho entre os presidentes Joe Biden e Vladimir Putin na cidade suíça, depois de vários desentendimentos entre os antigos protagonistas da Guerra Fria. Mas o clima antes da reunião, liderada pela subsecretária de Estado dos EUA Wendy Sherman e pelo vice-chanceler russo Serguei Rybakov, esquentou.

Sherman, que chegou a Genebra vinda de Pequim, teve de ouvir as queixas das autoridades chinesas, que acusam Washington de criar “um inimigo imaginário” para desviar a atenção de seus problemas internos e reprimir a China, informa a Reuters. O Governo de Pequim garante que está disposto a realizar conversações bilaterais sobre segurança estratégica “com base na igualdade e no respeito mútuo”, e enfatiza que seu arsenal atômico é muito reduzido em comparação ao das outras duas superpotências.

O Kremlin, por sua vez, respondeu às declarações que Biden fez na terça-feira de que Moscou só tem armas nucleares e petróleo e que é cada vez mais provável que Washington acabe em “uma guerra real, com tiros, com uma potência importante” como consequência de um ciberataque em larga escala. O porta-voz do Governo russo, Dmitri Peskov, disse na quarta-feira que as afirmações do presidente americano são exageradas e denotam falta de conhecimento sobre a Rússia.

Apear desse clima, o Departamento de Estado qualificou as negociações de Genebra, das quais não se esperavam resultados imediatos, como “profissionais e substanciais”, e informou que as duas partes concordaram em voltar a se reunir em setembro. “Estamos comprometidos, mesmo em tempos de tensão, em ser previsíveis e reduzir o risco de um conflito armado e de uma guerra nuclear”, ressaltou um porta-voz americano. Rybakov, citado pela agência oficial Tass, declarou-se satisfeito com a reunião e com a disposição da Casa Branca de manter um diálogo construtivo.

Embora não seja conhecida a agenda oficial, especialistas apontam que a China — que sempre se negou a participar de um encontro desse tipo —, a proliferação nuclear, a militarização do espaço e os ciberataques devem fazer parte do diálogo. “As conversações devem levar a uma desnuclearização real e substancial. Qualquer coisa diferente disso será uma irresponsabilidade”, disse à Reuters Daniel Hogsta, da Campanha para a Abolição das Armas Nucleares. Os presidentes Biden e Putin concordaram neste ano em prorrogar até 2026 o tratado New Start de 2010, que limita a 1.550 as ogivas nucleares mantidas por Rússia e EUA, e a 700 os sistemas balísticos em terra, mar e ar.

Apoie a produção de notícias como esta. Assine o EL PAÍS por 30 dias por 1 US$

Clique aqui

Inscreva-se aqui para receber a newsletter diária do EL PAÍS Brasil: reportagens, análises, entrevistas exclusivas e as principais informações do dia no seu e-mail, de segunda a sexta. Inscreva-se também para receber nossa newsletter semanal aos sábados, com os destaques da cobertura na semana.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_