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Temporais causam inundações na Alemanha, que deixam dezenas de mortos e desaparecidos

Entre as vítimas das chuvas, as mais intensas já medidas num intervalo de 24 horas, há dois bombeiros e vários moradores de seis casas arrastadas por um rio. Outras duas pessoas morreram na Bélgica e fortes chuvas causaram prejuízos em partes de Luxemburgo e Países Baixos.

Morador da localidade de Balken, em Leichlingen, Alemanha, observa a enchente de um rio nesta quinta-feira. Em vídeo, imagens das inundações e a destruição ocasionada.
Morador da localidade de Balken, em Leichlingen, Alemanha, observa a enchente de um rio nesta quinta-feira. Em vídeo, imagens das inundações e a destruição ocasionada.Roberto Pfeil (AP)
Elena G. Sevillano

Pelo menos 42 pessoas morreram e outras 70 continuam desaparecidas nesta quinta-feira em consequência das fortes chuvas —as mais intensas já medidas em um intervalo de 24 horas no país— durante a noite e a madrugada no oeste da Alemanha. A tromba d’água provocou o transbordamento de rios, arrastou várias casas e alagou porões, onde algumas pessoas ficaram presas e se afogaram. Pelo menos 200.000 pessoas estão sem energia elétrica no oeste da Alemanha, e várias linhas ferroviárias foram paralisadas. As inundações afetaram também partes da Bélgica, Luxemburgo e Países Baixos.

Na região de Euskirchen, ao sul de Bonn (Estado da Renânia do Norte-Westfália), as autoridades informaram sobre oito mortos. Em Ahrweiler, que pertence ao Estado da Renânia-Palatinado, foram contabilizadas quatro vítimas depois que o rio Ahr, afluente do Reno, transbordou e arrastou seis casas. Na vizinha Bélgica, outras duas pessoas perderam a vida devido às chuvas torrenciais em localidades próximas a Liège (leste), segundo fontes oficiais citadas pelo jornal Le Soir.

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“É uma catástrofe! Há mortos, desaparecidos e muita gente ainda em perigo. Todos nossos serviços de emergência estão de prontidão 24 horas por dia arriscando suas próprias vidas”, disse Malu Dreyer, primeira-ministra estadual da Renânia-Palatinado.

Dois dos mortos na Alemanha eram bombeiros, dos quais pelo menos um morreu afogado, enquanto “muitos dos desaparecidos” são moradores que se refugiaram nos telhados das casas que foram arrastadas pela correnteza do rio Ahr. A localidade de Schuld bei Adenau (distrito de Ahrweiler) foi a mais afetada pelas chuvas. As imagens mostram várias casas destruídas e outras muito danificadas, com risco de desmoronamento, segundo a polícia local. Num primeiro momento, as autoridades falaram em 30 desaparecidos nesta área, mas a cifra subiu para 70. O transporte ferroviário, rodoviário e fluvial ficou interrompido, assim como navegação no Reno.

Rio abaixo, as chuvas provocaram inundações em cidades como Colônia e Hagen, enquanto em Leverkusen 400 pessoas tiveram que ser retiradas de um hospital.

“Neste momento temos um número indeterminável de pessoas em telhados que precisam ser resgatadas”, disse à agência Reuters um porta-voz da polícia de Koblenz. No mesmo distrito onde as seis moradias foram arrastadas pela enchente, outras 25 casas corriam o risco de desmoronamento.

“Brigadas de bombeiros e socorristas foram mobilizadas em muitos lugares. Ainda não temos uma imagem muito precisa [do ocorrido] porque as operações de resgate continuam”, acrescentou o porta-voz. O Exército foi também mobilizado para ajudar a resgatar as pessoas que continuam retidas nos telhados.

Um homem da localidade de Ahrweiler, no norte do Estado da Renânia-Palatinado, fugiu da cidade às pressas após ver o aviso das autoridades sobre a inundação, às 2h desta quinta (hora local).

“Nunca vivi uma catástrofe em que o rio tenha transbordado em tão pouco tempo”, disse esse homem de 63 anos, que não informou seu nome, ao canal de TV SWR. Ao norte, na Renânia do Norte-Westfália, duas pessoas foram encontradas mortas em porões alagados de Colônia, e outras três em Solingen, Unna e Rheinback, segundo a polícia alemã.

O primeiro-ministro da Renânia do Norte-Westfália, Armin Laschet, candidato conservador a suceder Angela Merkel como chanceler nas eleições gerais de 26 de setembro, deslocou-se na manhã de quinta-feira a Hagen após interromper uma viagem de pré-campanha ao sul do país. “Não deixaremos os municípios e os desabrigados sozinhos”, prometeu ele a jornalistas.

Chuva causa desabamento de casas na cidade de Schuld, na Alemanha, nesta quinta-feira.
Chuva causa desabamento de casas na cidade de Schuld, na Alemanha, nesta quinta-feira.Michael Probst (AP)

A situação na Bélgica

Na vizinha Bélgica, a zona mais afetada pelo temporal foi a francófona Valônia, especialmente as províncias da Liège (leste) e Luxemburgo (sul). Em Spa, uma localidade turística próxima a Liège, o centro está totalmente alagado, enquanto em outra cidade da província, Pepinster, uma dezena de casas desabou. Os habitantes de vários povoados tiveram que ser retirados, assim como centenas de adolescentes que se encontravam em acampamentos de verão.

A Bélgica criou um gabinete de crise para lidar com as inundações. Embora a situação meteorológica tenha se acalmado um pouco nas últimas horas, nesta quinta-feira persiste o risco de um aumento do nível das águas, informou o Ministério de Interior da província belga de Luxemburgo, que, em nota, recomendou à população que se mantenha “vigilante”.

O serviço meteorológico alemão advertiu por sua vez que nesta quinta-feira são esperadas fortes tempestades no sudoeste da Alemanha, com chuvas contínuas que podem durar até a noite de sexta. As intensas precipitações que provocaram as inundações tiveram sua origem em um sistema meteorológico de baixas pressões.

A União Europeia ofereceu sua ajuda aos territórios afetados pelas inundações na Alemanha, Bélgica, Luxemburgo e Países Baixos. “A UE está pronta para ajudar”, tuitou a presidenta da Comissão (Poder Executivo do bloco), Ursula von der Leyen. Os países afetados, acrescentou, podem solicitar ajuda através do sistema europeu de Defesa Civil.

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