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Polícia do Haiti mata quatro suspeitos do assassinato do presidente

Governo anuncia a detenção de outros dois “mercenários” e a liberação de três policiais que haviam sido tomados como reféns

Soldados de Haití por la muerte de Jovenel Moise
Dois soldados patrulham Petion Ville, o bairro de Porto Príncipe onde vivia o presidente Jovenel Moïse, assassinado em sua casa na madrugada desta quarta-feira.Joseph Odelyn (AP)
Jacobo García

A polícia do Haiti anunciou na noite da quarta-feira a morte de quatro supostos “mercenários” e a prisão de outros dois, acusados de assassinarem o presidente Jovenel Moïse na madrugada de terça para quarta-feira. “Quatro mercenários foram mortos, [e outros] dois postos sob nosso controle. Três policiais que tinham sido tomados como reféns foram resgatados”, disse o diretor-geral da polícia haitiana, Léon Charles, em um comunicado lido na televisão. Charles revelou ainda que seus homens mantém uma operação de captura vigente na capital, Porto Príncipe.

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Segundo o chefe da polícia, seus homens conseguiram localizar os supostos magnicidas porque os perseguiram depois do ataque, cometido na residência particular onde o presidente dormia com sua esposa, que ficou ferida, mas “está fora de perigo”, segundo as autoridades haitianas.

Charles não revelou nenhuma outra informação sobre a identidade ou as motivações dos autores do homicídio, noticia a agência AFP. Segundo o juiz que investiga o caso, citado pela imprensa local, o presidente Moïse, de 53 anos, levou 12 tiros, e seu escritório e seu quarto foram saqueados. Martine Moïse, mulher do presidente, também ficou ferida e, segundo a Efe, está sendo tratada em um hospital de Miami.

Horas antes da operação policial, o primeiro-ministro Claude Joseph havia prometido aos haitianos que os assassinos do presidente “pagarão nos tribunais pelo que fizeram”. Segundo o embaixador do Haiti nos Estados Unidos, Bocchit Edmond, o comando era formado por mercenários “profissionais bem treinados, assassinos” que fingiram ser funcionários da agência antidrogas dos EUA (DEA) e falavam espanhol entre si durante o ataque.

A morte de Moïse mergulha o país numa etapa de incerteza e alimenta a ideia da criação de uma “Somália nas Américas”, como já descreveram alguns analistas. À crise humanitária provocada por um ano de pandemia e furacões se soma a violência das gangues urbanas, que elevaram o nível de terror pelos assaltos e sequestros que assolam o país. Paralelamente, o caos político parece se instalar como única forma de Governo na nação mais pobre das Américas (e uma das mais pobres do mundo).

O assassinato surpreendeu as classes políticas e diplomáticas no país, já que ocorre a pouco mais de dois meses das eleições presidenciais e legislativas marcadas para 26 de setembro. Já havia sido estabelecido que Moïse não poderia se candidatar a um novo mandato, e esse era portanto o itinerário aceito pela comunidade internacional para sair da prolongada crise política. A oposição acusava Moïse de se aferrar ao poder e governar por decreto desde que dissolveu a Assembleia. Numa entrevista concedida a este jornal, o mandatário prometeu que deixaria o cargo em 2022, argumentando que na verdade só havia tomado posse em 2017, mais tarde do que o previsto.

Moïse chegou à presidência após uma polêmica eleição que precisou ser anulada. Na repetição do pleito, no entanto, venceu claramente, sem necessidade de segundo turno. Em fevereiro passado, Moïse denunciou um fracassado golpe de Estado e uma tentativa de assassinato contra si, e até um juiz da Corte Suprema se proclamou presidente legítimo. “O golpe de Estado não é um fato pontual, e sim uma sequência de ações. Até agora os governos eram fantoches dos grupos econômicos, mas hoje isto não acontece, e nossas decisões caem muito mal a quem se sente poderoso e intocável. Um pequeno grupo de oligarcas está por trás do golpe e quer se apoderar do país”, denunciou Moïse naquela entrevista ao EL PAÍS.

Jovenel Moïse foi eleito com a promessa de levar água corrente e eletricidade a todo o país. Com a chegada de Joe Biden à Casa Branca, o Departamento de Estado se juntou à OEA (Organização de Estados Americanos) e ao chamado grupo de países amigos do Haiti (que inclui Canadá, Estados Unidos, França, Espanha e Brasil) para respaldar a opção de que Moïse concluísse seu mandato em 2022, embora exigissem a restauração dos diferentes poderes do Estado.

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