Biden encerra sua cúpula do clima com a promessa de criar milhões de empregos verdes
Pedro Sánchez afirma que até 2022 a Espanha terá deixado de ter 85% da geração a carvão e defende o diálogo com empresas e sindicatos na transição ecológica
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e seu Governo se empenharam sexta-feira em vincular a criação de empregos à transição verde para um mundo livre de emissões de gases do efeito estufa. O próprio Biden e três de seus secretários de Estado participaram com várias líderes políticos, empresariais e sociais no segundo e último dia da cúpula virtual sobre mudanças climáticas, convocada por ele. No plano externo, o encontro serviu para Biden atestar o retorno de seu país à luta internacional contra o aquecimento e apresentar sua nova meta de corte de emissões: entre 50% e 52% em 2030 em relação aos níveis de 2005.
No âmbito interno, seu Governo se esforçou para lançar a mensagem de postos de trabalho ligados à luta contra as mudanças climáticas. “Não estamos falando de uma ameaça, mas de uma oportunidade”, disse Biden, que prometeu “milhões de empregos”. “O que mais oferece a oportunidade de criar tantos empregos e ao mesmo tempo fazer tanto bem?”, ele indagou.
O Governo dos Estados Unidos convidou para o evento cerca de 40 presidentes e primeiros-ministros, bem como representantes de multinacionais, associações e sindicatos. Entre os participantes desta sexta-feira estava o presidente do Governo (primeiro-ministro) espanhol, Pedro Sánchez, que citou como um bom exemplo o fechamento de minas e centrais a carvão na Espanha acertado com empresas e representantes sindicais. Sánchez indicou que, até 2022, na Espanha 85% da geração elétrica por carvão estará encerrada.
John Kerry, enviado especial dos Estados Unidos para as mudanças climáticas, foi um dos organizadores do encontro. E nas últimas semanas viajou pelo mundo para se reunir com diferentes líderes para tratar da agenda desta cúpula e do retorno de seu país ao Acordo de Paris. “É uma grande oportunidade econômica”, disse Kerry, referindo-se à transição para uma economia livre de emissões. “Serão criados milhões de empregos bem remunerados nos países que aproveitarem esta agenda”, reiterou.
O temor da destruição de postos de trabalho setores ligados aos combustíveis fósseis é um dos argumentos usados pelos republicanos contrários à luta contra as mudanças climáticas nos Estados Unidos. Nesse contexto, a Administração Biden se empenhou nesta cúpula em romper esse discurso. Jennifer M. Granholm, secretária de Estado de Energia, explicou que nas próximas semanas seu departamento apresentará um programa com novos objetivos que devem servir para o cumprimento da promessa de Biden de reduzir as emissões em 55%. Mas já apontou ações relacionadas ao hidrogênio, sistemas de captação de emissões, desenvolvimento de energias renováveis em larga escala, baterias ... “O debate não é economia ou clima, vamos criar trabalho para milhões de pessoas”, insistiu Granholm.
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Entre os participantes da sessão desta sexta-feira estava o político e empresário Michael Bloomberg, atual enviado especial da ONU para a meta climática. “Temos que fazer mais e mais rápido”, disse ele sobre os planos de corte de emissões que os países têm na mesa no momento.
Na mesma linha, Fatih Birol, diretor executivo da Agência Internacional de Energia (AIE), criticou a falta de medidas drásticas. “Neste momento, os dados não condizem com a retórica”, destacou. A AIE alertou esta semana para o aumento nas emissões de dióxido de carbono ligadas à energia após a queda no ano passado em decorrência da covid-19. A agência prevê um aumento de cerca de 5% nessas emissões, que seria o segundo maior registrado até agora (o primeiro foi em 2010, após a crise financeira). “Não estamos nos recuperando de uma forma verde”, lamentou Birol. Mas ele também procurou demonstrar certo “otimismo” ao lembrar que a geração de eletricidade renovável e as vendas de carros elétricos vão bater recordes neste ano. E também destacou o grande potencial das energias limpas para a criação de empregos.
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