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Biden, sobre o bloqueio de Trump: “Muitas pessoas poderão morrer se não houver coordenação”

Presidente eleito se reúne com empresários e líderes sindicais, e apresenta suas prioridades para a recuperação, que passam pelo controle do vírus e a promoção de um novo pacote de resgate

Pablo Guimón
O presidente eleito, Joe Biden, durante um pronunciamento nesta segunda-feira, em Wilmington, Delaware.
O presidente eleito, Joe Biden, durante um pronunciamento nesta segunda-feira, em Wilmington, Delaware.KEVIN LAMARQUE (Reuters)
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U.S. Secretary of State Mike Pompeo calls on a reporter during a briefing to the media at the State Department in Washington, U.S., November 10, 2020. Jacquelyn Martin/Pool via REUTERS
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Arlington (United States), 11/11/2020.- US President Donald J. Trump and First lady Melania Trump (not pictured) participate in a National Veterans Day Observance at Arlington National Cemetery in Arlington, Virginia, USA, 11 November 2020. This is the first public appearance of Trump since 07 November when major news networks projected that he lost the 2020 Presidential elections. (Elecciones, Estados Unidos) EFE/EPA/Chris Kleponis / POOL
Nenhum rastro de fraude nas eleições presidenciais dos Estados Unidos

A situação anômala que os Estados Unidos atravessam desde as eleições de 3 de novembro, em decorrência da recusa do presidente Donald Trump em reconhecer sua derrota, se acentua a cada dia, à medida que novos recordes são registrados na crise do coronavírus. “Estamos caminhando para um inverno sombrio, as coisas vão ficar mais difíceis antes de se tornarem mais fáceis”, resumiu o presidente eleito, Joe Biden, nesta segunda-feira. Com a transição natural de Governo bloqueada por um presidente em fim de mandato agarrado ao poder, Biden compartilhou, tendo ao lado a futura vice-presidenta, a senadora Kamala Harris, suas prioridades para a recuperação de uma economia golpeada por uma pandemia descontrolada.

“Mais pessoas poderão morrer se não houver coordenação entre nós”, disse Biden, referindo-se aos efeitos potenciais de uma inadequada transição de poder na pandemia. Os Estados Unidos registram mais de 246.000 mortes por covid-19 e acumulam mais de 11 milhões de contagiados.

A resistência de Trump em realizar o processo de transição tradicional, no qual a Administração que está deixando o Governo atualiza a que está entrando sobre questões-chave, facilitando uma mudança harmoniosa em janeiro, mantém Biden e sua equipe no escuro sobre os planos e o trabalho que vem sendo feito para a campanha de vacinação em massa, que certamente ocorrerá no próximo ano, durante a Administração Biden.

Ron Klain, o experiente político recém-escolhido pelo democrata para chefe de Gabinete, disse no domingo que os assessores científicos do presidente eleito começarão esta semana a se reunir com representantes das empresas responsáveis pelas vacinas, duas das quais já divulgaram resultados de seus ensaios clínicos que revelam eficácia de mais de 90%. “Agora temos a possibilidade de uma vacina a partir de dezembro ou janeiro”, disse Klain. “Há pessoas no Governo planejando a distribuição da vacina. Nossos especialistas precisam falar com essas pessoas o mais rápido possível.”

Antes de sua declaração, Biden e Harris se reuniram com líderes empresariais e sindicais. O grupo de agentes com quais se encontraram, incluindo líderes sindicais e as chefias de grandes empregadores como General Motors e GAP, revela que o foco de Biden é conseguir recuperar empregos para dar impulso à economia. “Todos estamos de acordo que precisamos pôr a economia em marcha”, disse Biden. Mas também estão todos de acordo, afirmou, que primeiro o vírus tem que ser controlado e que é necessário “financiar os serviços públicos dos Estados e das comunidades locais”.

O presidente eleito destacou os principais pontos de seu programa econômico, incluindo as políticas protecionistas com as quais buscou arrancar votos de Trump em sua base de trabalhadores de um setor industrial em declínio. “Vamos comprar produtos dos Estados Unidos, vamos garantir que o futuro seja feito aqui nos Estados Unidos”, disse. A vice-presidenta eleita também lembrou que “esta pandemia e a recessão estão afetando desproporcionalmente as minorias”.

Ainda faltam vários meses para que a vacina possa ser aplicada em massa na população. Uma operação de envergadura atípica para conseguir uma imunização que permita recuperar a atividade econômica normal. No momento, os contágios, as hospitalizações e as mortes continuam em disparada em todo o país, e muitos Estados estão impondo novas restrições para frear a propagação do vírus. Apesar de as bolsas de valores terem voltado a subir após as novas notícias promissoras sobre a vacina da Moderna, os indicadores econômicos mostram contenção de gastos dos consumidores diante do panorama incerto.

Por isso, a prioridade do presidente eleito é controlar a crise da saúde. E, em paralelo, tentar superar o bloqueio no Congresso quanto à aprovação de um novo pacote de resgate da economia. Boa parte das medidas mais relevantes do resgate anterior, uma injeção sem precedentes de três trilhões de dólares (16,3 trilhões de reais) aprovada no primeiro semestre, já expirou ou está prestes a expirar, e especialistas concordam sobre a urgência de novos estímulos à economia e ajuda aos cidadãos, mas os congressistas republicanos e democratas ainda não se puseram de acordo sobre um novo pacote de resgate.

“Podemos fornecer alívio imediato, e devemos fazer isso rapidamente, a milhões de americanos que perderam seus salários ou seus empregos”, disse Biden. “O Congresso tem que se reunir e aprovar um pacote de resgate da covid.”

Biden já conversou com a líder da maioria democrata na Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, e o líder da minoria no Senado, o democrata Chuck Schumer, mas ainda não se encontrou com o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell. Este último, um político veterano astuto e poderoso, continua a alimentar as acusações infundadas de fraude feitas por Trump (“Ganhamos as eleições”, insistiu o presidente no Twitter nesta segunda-feira), ciente de que enfrentar agora o líder, que apesar de ter perdido as eleições tem enorme apoio popular entre as bases do partido, provocaria uma desmobilização que poderia pôr em risco as duas cadeiras do Senado na Geórgia, cujo segundo turno será realizado em janeiro, e que determinará quem detém a maioria na Casa.

Esse resgate será o primeiro grande teste de Biden. O presidente eleito terá que decidir se encoraja sua base a chegar a um acordo sobre um pacote de estímulo de escopo limitado, ainda neste trimestre, ou se opta por tentar conseguir um acordo mais ambicioso assim que chegar à Casa Branca, em janeiro.

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