FBI aborta complô para sequestrar governadora de Michigan
13 pessoas foram detidas numa trama que incluía capturar a democrata Gretchen Whitmer, atacar a sede do Governo estadual e instigar uma guerra civil. Parte dos supostos terroristas são de um grupo de extrema direita denominado Wolverine Watchmen
Pelo menos 13 pessoas foram detidas em Michigan sob a acusação de tramarem um plano que consistia em atacar o Capitólio (Assembleia Legislativa) estadual, sequestrar a governadora do Estado e instigar uma guerra civil, a menos de um mês das eleições presidenciais. O surpreendente complô, abortado em duas operações paralelas, envolveu meses de preparativos e estava guiado por crenças libertárias e pela convicção de que urge limitar o poder dos governos.
Seis dos detidos, numa operação do FBI, são acusados de planejar o sequestro da governadora democrata de Michigan, Gretchen Whitmer, em reação ao “poder descontrolado” que consideram que ela exerce. Os suspeitos, cinco moradores do Estado e um de Delaware, fizeram treinamentos com armas de fogo e explosivos e passaram meses vigiando os movimentos da política. Foram indiciados por conspiração para cometer sequestro, crime que pode acarretar prisão perpétua.
Em outra operação, esta a cargo da polícia estadual, outras sete pessoas foram presas sob a legislação antiterrorista de Michigan por proporcionarem apoio material a atividades terroristas, participarem de organização criminosa e utilizarem armas tendo antecedentes penais. São acusados também de divulgar os endereços residenciais de policiais e de ameaçarem causar uma “guerra civil”, que levaria ao “colapso da sociedade”. Segundo o Ministério Público, os detidos são filiados a um grupo extremista chamado Wolverine Watchmen.
De acordo com o FBI, os indivíduos detidos pelos agentes federais planejavam sequestrar a governadora ainda antes das eleições gerais de 3 de novembro, e por isso pretendiam adquirir explosivos ainda nesta semana. Eles faziam algumas de suas reuniões no porão secreto de uma loja, no qual se entrava por um alçapão oculto sob um tapete, e nesses encontros debatiam a criação de uma sociedade “que acatasse apenas a Carta de Direitos dos Estados Unidos de 1791” e na qual pudessem ser “autossuficientes”. Em uma dessas reuniões, discutiu-se a necessidade de contar com mais gente, segundo o FBI, e um dos conspiradores então estabeleceu contato com um grupo local em que os agentes federais já tinham um informante.
O FBI conseguiu conhecer os movimentos e motivações do grupo graças à intercepção de mensagens criptografadas e à infiltração de agentes no grupo. Os planos deles eram violentos e ambiciosos. Falou-se, por exemplo, da necessidade de contar com “200 homens” para atacar o Capitólio de Lansing, que abriga o Poder Legislativo e o gabinete da governadora, e tomar reféns, entre eles Whitmer, a quem julgariam por “traição”. Também cogitaram, segundo o FBI, “invadir a tiros” a residência de férias da governadora ou tentar sequestrá-la nos arredores da moradia.
“Quando pus a mão sobre a Bíblia e jurei meu cargo, 22 meses atrás, sabia que o trabalho seria duro”, declarou Whitmer em um pronunciamento após a notícia das detenções. “Mas, para ser sincera, nunca poderia imaginar algo assim.”
Whitmer, de 49 anos, é uma figura emergente no Partido Democrata, a ponto de ter sido escolhida para apresentar a réplica ao presidente Donald Trump no seu discurso do Estado da União. Sua notoriedade se deve, em parte, à sua gestão da pandemia do coronavírus, que a levou a enfrentar reiteradamente a Casa Branca. O presidente foi muito crítico com as medidas restritivas impostas pelo Governo de Whitmer contra o vírus. “Liberem Michigan!”, tuitou Trump em abril.
As medidas rigorosas adotadas em Michigan, que registrou 145.000 casos da doença, puseram Whitmer na mira dos extremistas de direita. Milhares de pessoas protestaram meses atrás contra as restrições sanitárias e, em maio, um grupo de manifestantes armados invadiu o capitólio de Michigan para exigir o fim das medidas de confinamento.
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