Trump acusa governadores democratas de atrasarem reabertura para prejudicá-lo politicamente
Presidente incentiva volta à normalidade nos Estados, apesar de a maioria deles descumprir as metas de controle da pandemia estabelecidos pela própria Casa Branca
O ritmo de reabertura dos Estados Unidos já se transformou em mais uma batalha política e em uma boa fonte de confusão para seus cidadãos em plena crise do coronavírus. O presidente Donald Trump não deixa de pedir rapidez na volta à normalidade, enquanto os especialistas e as diretrizes aprovadas por ele mesmo para frear os contágios recomendam o contrário. Nesta segunda-feira, Trump foi além e acusou os democratas de se empenharem em atrasar a reativação da economia com o propósito de prejudicá-lo nas eleições de novembro, quando busca renovar seu mandato.
As restrições foram impostas e precisam ser revogadas pelos governadores, através de ordens executivas (decretos), mas a Administração federal também influencia e deve ser levada em conta, no mínimo porque distribui os recursos de emergência. Trump lançou a acusação a partir da situação da Pensilvânia. “O grande povo da Pensilvânia quer sua liberdade agora e está perfeitamente consciente do que isso acarreta. Os democratas estão se mexendo devagar, nos Estados Unidos inteiro, por motivos políticos. Se dependesse deles, esperariam até 3 de novembro. Não façam jogo político. Ajam com segurança, mas mexam-se com rapidez!", escreveu o presidente na sua conta do Twitter.
Vários dos Estados mais castigados pela pandemia são justamente governados por políticos democratas, como Nova York, Michigan e a Pensilvânia. Todos eles foram alvo de críticas de Trump nas últimas semanas. O aludido desta segunda-feira, o governador da Pensilvânia, Tom Wolf, respondeu que os políticos que estimulam a “abandonar” a luta contra a covid-19 “estão agindo do modo mais covarde possível”.
The great people of Pennsylvania want their freedom now, and they are fully aware of what that entails. The Democrats are moving slowly, all over the USA, for political purposes. They would wait until November 3rd if it were up to them. Don’t play politics. Be safe, move quickly!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) May 11, 2020
Os Estados Unidos enfrentam sua pior crise desde a Grande Depressão, com mais de 20 milhões de postos de trabalho destruídos só em abril, e as autoridades sentem a pressão para permitir a reabertura dos negócios, em que embora o ritmo de contágios e mortes ― a famosa curva ― só esteja caindo em Nova York. Dos 30 Estados que começaram a suavizar suas restrições ou o farão a partir desta semana, a maioria descumpre o itinerário traçado pela própria Casa Branca. Um dos requisitos principais é que os territórios tenham registrado uma trajetória descendente dos casos durante pelo menos 14 dias.
O governador de Nova York, o democrata Andrew Cuomo, anunciou que algumas regiões do seu Estado poderão começar a retomar parte da atividade econômica nesta sexta-feira, desde que cumpram os critérios estabelecidos do plano de reabertura que apresentou na semana passada, em coordenação com os Centros para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Das 10 regiões do Estado, pelo menos três da zona norte estão em condições de iniciar o processo, segundo o governador, e outras duas estão perto. Apesar dos progressos, a cidade de Nova York, que concentra a maioria dos casos confirmados e mortes pela covid-19, cumpre apenas quatro dos sete critérios necessários, segundo Cuomo. Antes da fala do governador, o prefeito Bill de Blasio advertiu que o fechamento de negócios não essenciais e a proibição de reuniões com mais de 10 pessoas provavelmente continuarão pelo menos até junho.
O início da reabertura ocorre dois meses e meio depois de Nova York registrar seu primeiro caso de contágio pelo novo coronavírus, que provocou mais de 26.000 mortes no Estado. “Este é o seguinte grande passo nesta travessia histórica”, declarou Cuomo. “Estamos agora no outro lado da montanha, recordemos de onde viemos antes de dar este passo adiante”, disse Cuomo, segundo relata o correspondente do EL PAÍS Pablo Guimón.
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