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Erros de desenho do maior projeto energético da Colômbia ameaçaram 100.000 pessoas

Prefeito de Medellín denuncia que foi ocultado um relatório que mostrava que a barragem de Hidroituango tinha erros de construção

Hidroituango é formado por uma barragem de 225 metros de altura e 20 milhões de metros cúbicos de volume.
Hidroituango é formado por uma barragem de 225 metros de altura e 20 milhões de metros cúbicos de volume.EPM (EPM)
Catalina Oquendo

Um novo escândalo explodiu em Medellín em torno do megaprojeto energético de Hidroituango, que promete gerar 17% da energia da Colômbia. O prefeito da cidade, Daniel Quintero, acusou a administração local anterior de esconder um relatório que mostrava que a obra tinha erros de construção e projeto, que teriam sido a causa de um desabamento que quase provocou uma tragédia em 2018.

“O documento foi escondido por interessados em não processar as empreiteiras”, informou Quintero por meio de várias mensagens no Twitter, enquanto a La W radio revelava detalhes do relatório feito pela resseguradora do projeto. “Ex-diretores da Empresas Públicas de Medellín (EPM), na gestão de Federico Gutiérrez, acordaram que o relatório da resseguradora não fosse integrado ao processo como é de praxe, para evitar ações contra as construtoras e não alimentar processos nos órgãos de controle”, continuou Quintero, que há um mês provocou um abalo institucional na EPM, empresa emblemática para os habitantes de Medellín.

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Hidroituango é um megaprojeto que inclui uma barragem de 225 metros de altura e começou a ser construído em 2014 no noroeste de Antioquia, a 170 quilômetros de Medellín. Mas, entre 28 de abril e 7 de maio de 2018, ocorreram desabamentos em um dos túneis construídos para canalizar as águas do Rio Cauca, o segundo mais importante do país, cujo leito foi desviado no início das obras. A obstrução ameaçava fazer a barragem transbordar e colocou em risco cinco municípios com cem mil habitantes. Foi necessário evacuar 9.000 pessoas. A solução do momento para evitar uma tragédia foi inundar a sala das turbinas, o que causou prejuízos milionários bem como o atraso do megaprojeto. A decisão foi tomada pela EPM, parceira da obra, em conjunto com o Governo de Antioquia.

Há três semanas, o prefeito Daniel Quintero surpreendeu a diretoria da EPM, da qual é presidente, ao anunciar que processaria o Consórcio Generación Ituango, formado por três construtoras, em cerca de 2,6 bilhões de dólares (aproximadamente 13,9 bilhões de reais). “Os culpados pelo custo excedente devem assumi-lo e não os cidadãos por meio dos serviços públicos”, disse Quintero. A diretoria, formada por empresários da cidade, afirmou que não foi informada da ação judicial, renunciou integralmente e o prefeito a renovou.

Até agora se acreditava que a emergência se deveu a uma “imprevisibilidade e força maior” e, com base nisso, uma das seguradoras vinha efetuando pagamentos; mas na segunda-feira soube-se da existência de um relatório que revela que se tratava de um problema de “desenho, supervisão e construção” que inclui mais responsáveis. Entre os problemas, um dos túneis de desvio teria sido mal projetado ou a colocação de 25% de parafusos a menos na seção do túnel afetado.

O gerente da EPM, Álvaro Rendón, disse que só tomaram conhecimento do documento no dia 17 de agosto e que este “teria sido um insumo muito importante para a investigação judicial que se fez se tivéssemos ficado sabendo a tempo, e que conseguiu levar a organização a propor uma conciliação com todas as partes envolvidas em 10 de agosto”. Tanto o ex-gerente da EPM quanto o prefeito Federico Gutiérrez disseram não ter conhecimento do relatório.

Rendón havia dito a este jornal em uma entrevista na última sexta-feira que o megaprojeto está 80% concluído e estaria em funcionamento em 2022. Ainda estão por ver os efeitos da nova revelação que está provocando confrontos entre os políticos de Medellín e da informação sobre quem tinha o relatório e por que não foi divulgado antes.

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