Em golpe contra a China, Trump anuncia fim do tratamento especial a Hong Kong

Presidente norte-americano age depois de Pequim punir a empresa por vendas a Taiwan. Território autônomo ficará “sem privilégios especiais nem exportação de tecnologia estratégica"

Na foto, o presidente norte-americano, Donald Trump, em uma entrevista coletiva nos jardins da Casa Branca.JONATHAN ERNST (Reuters)

Donald Trump respondeu nesta terça-feira em dose dupla à decisão chinesa, anunciada horas antes, de impor sanções à empresa armamentista Lockheed Martin por sua participação na recente venda de armas negociada entre Washington e Taiwan. O presidente norte-americano assinou uma ordem executiva (medida provisória) que “responsabiliza a China por suas ações opressoras contra o povo de Hong Kong”. O republicano também informou que havia oficialmente retirado o tratamento preferencial dispensado à ex-colônia britânica, como já havia antecipado ser sua intenção no fim de maio. A partir de agora, os EUA tratarão o território autônomo “sem privilégios especiais nem exportação de tecnologia estratégica”, o que representará um golpe para esse polo financeiro internacional e para a China propriamente dita.

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O Congresso dos EUA aprovou de forma unânime uma moção de apoio aos manifestantes de Hong Kong que desde o ano passado participam de gigantescos protestos contra o regime de Pequim. Antes, os legisladores já haviam imposto sanções às autoridades chinesas por não respeitarem os direitos humanos. Para Washington, Hong Kong não é mais um território autônomo e, portanto, não pode ter os direitos de uma economia aberta.

Trump não planeja conversar com o presidente Xi Jinping, segundo declarou numa entrevista coletiva que foi interpretada mais como comício eleitoral, já que dedicou quase uma hora a atacar seu rival democrata nas eleições presidenciais de novembro, Joe Biden. Horas antes, o mandatário havia dito numa entrevista à CBS que não tinha nenhum interesse em falar com a China sobre outro acordo. “Fizemos um grande acordo comercial. Mas, assim que foi fechado, a tinta nem secou, e nos golpearam com a praga”, afirmou o mandatário, referindo-se ao coronavírus.

Até agora, Pequim não esclareceu quais punições imporá ao gigante aeronáutico Lockheed Martin. Da mesma forma, os EUA tampouco deram detalhes das retaliações às medidas opressoras contra o povo Hong Kong. Além destas punições, que voltam a elevar a tensão com o gigante asiático, Trump responsabilizou Pequim de ocultar o coronavírus no começo da epidemia, agora global, e “espalhá-lo pelo mundo”. “Poderiam tê-lo detido”, afirmou o mandatário, “deveriam tê-lo detido”, acrescentou. O número de contágios pelo coronavírus nos EUA já beira os 3,5 milhões, com mais de 138.000 mortes.

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