Presidente peruano troca mais da metade de seu gabinete em meio à pandemia
Martín Vizcarra nomeia 11 novos ministros, incluindo o da Saúde, à procura de um choque de gestão diante da crise imposta pelo coronavírus
O presidente peruano, Martín Vizcarra, revolucionou seu Governo nesta quarta-feira em busca de um choque de gestão pela emergência sanitária que foge do controle das autoridades. O mandatário substituiu 11 ministros dos 19 que formam seu gabinete. Entre eles, designou um novo presidente do Conselho de Ministros, Pedro Cateriano, e nomeou a neurologista Pilar Mazzetti à frente do Ministério da Saúde enquanto a propagação da covid-19 não para. O Executivo pretende recuperar a economia ―mais de 2,3 milhões de pessoas perderam o emprego em Lima durante a quarentena― e melhorar a gestão dos serviços públicos. Dezenas de milhares de pessoas se expõem ao contágio no transporte público e os hospitais, incluindo os privados, já não têm leitos de UTI disponíveis.
O Peru é o segundo país mais afetado pelo coronavírus na América do Sul, depois do Brasil, com mais de 12.200 mortos pela doença e 333.867 infectados. É, além disso, o país com maior aumento no número de mortes no mundo, se for comparada a quantidade de falecimentos de maio, junho e julho deste ano com o mesmo período de 2019. Os peruanos ficaram 107 dias em quarentena e em meados de junho o Instituto Nacional de Estatística e Informática calculou que o PIB havia caído 40% em abril, quando as medidas de confinamento incluíam o confinamento obrigatório e o toque de recolher. Desde 1º de julho, seis das 24 regiões mantêm o isolamento e das 22h às 4h não se pode sair às ruas em todo o país.
Vizcarra, entretanto, manteve no cargo a ministra da Economia, María Antonieta Alva; e os ministros da Educação, Defesa, Mulher e Populações Vulneráveis, Cultura e Agricultura. Além disso, enviou os ex-ministros da Produção e dos Transportes a outras pastas: Comércio Exterior e Moradia, respectivamente.
O chefe de Estado também nomeou uma nova ministra de Inclusão e Desenvolvimento Social, um cargo crucial na quarentena e nos próximos meses, pelas deficiências na entrega de subsídios aos setores vulneráveis e rurais durante os meses de confinamento. As autoridades reconheceram que não haviam identificado com certeza todas as pessoas, não chegaram a todos os que necessitavam e pagaram erroneamente a quem não requisitou a ajuda. O pagamento de subsídios também contribuiu para multiplicar os contágios de indígenas na região amazônica porque os funcionários das empresas de transporte não aplicaram medidas sanitárias na entrega do dinheiro.
O impacto da pandemia no Peru se refletiu na cerimônia de posse no Palácio do Governo. A nova ministra do Turismo prestou juramento de sua casa, onde está finalizando a quarentena pois se infectou com o coronavírus, e o presidente se comunicou com ela através de um tablet colocado perto do crucifixo e da bíblia usada no protocolo. Vizcarra agradeceu aos funcionários que deixaram o cargo e disse que manterá esse gabinete até entregar o mandato ao próximo Governo em julho de 2021. Também disse que continuará com “a luta contra a pandemia, com o maior esforço e energias renovadas”, e mencionou que o outro desafio será “aprofundar medidas à reativação econômica cuidando ao mesmo tempo da saúde dos peruanos”.
O mandatário mencionou como terceira prioridade para o último ano a melhora da qualidade institucional e o fortalecimento da democracia “visando as eleições” de abril. O Congresso evitou proibir que sejam candidatos os condenados por crimes em primeira instância e aprovou medidas populistas desde o início das funções em março. Vizcarra não possui representação política no Legislativo e a presença de Cateriano no gabinete pode se dever a esse fator, por se tratar de um ex-primeiro-ministro experiente no debate político com a oposição, especialmente contra o fujimorismo e setores conservadores. A nova equipe de Governo também se caracteriza por uma orientação favorável aos setores empresariais.
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