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Johnson & Johnson anuncia que deixará de vender talco para bebês nos EUA e Canadá

Multinacional enfrenta mais de 16.000 processos que acusam seus produtos de conterem componentes cancerígenos. Empresa reafirma segurança e diz que comercialização continuará no Brasil

O talco para bebês da Johnson e Johnson em uma prateleira na Farmácia Jack’s em San Anselmo, na Califórnia.
O talco para bebês da Johnson e Johnson em uma prateleira na Farmácia Jack’s em San Anselmo, na Califórnia.JUSTIN SULLIVAN (AFP)
Antonia Laborde

A Johnson & Johnson anunciou nesta terça-feira que deixará de vender seu talco para bebês nos Estados Unidos e Canadá. O gigante dos produtos de higiene e farmácia comunicou que a decisão se baseia na “reavaliação da carteira de produtos de consumo relacionada com a covid-19”. A J&J é ré em mais de 16.000 ações de consumidores que alegam que os talcos da empresa, principalmente o Baby Powder, lhes causaram câncer. A agência Reuters publicou no final de 2018 que a companhia sabia havia 40 anos que seus produtos continham uma pequena quantidade de amianto, uma substância cancerígena, algo que a J&J desmentiu em reiteradas ocasiões.

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O conglomerado informou que o plano é reduzir nos próximos meses as vendas do produto, que representa aproximadamente 0,5% de seu faturamento no setor de saúde nos Estados Unidos, mas que o varejo continuará vendendo o estoque já existente até que se esgote. A decisão de descontinuar a venda do Baby Powder na América do Norte representa um marco para a companhia, que durante mais de um século promoveu a segurança de seu talco com base em “décadas de estudos científicos”, mas assegurou que “continuará defendendo energicamente o produto” nos tribunais.

Milhares de consumidores, em sua maioria mulheres com câncer de ovário, processaram a empresa por não ter advertido sobre os potenciais riscos de seus produtos. Um júri de Saint Louis (Missouri) ordenou em julho de 2018 à companhia que pagasse 4,69 bilhões de dólares (27 bilhões de reais, pelo câmbio atual) a 22 mulheres e a suas famílias, logo depois que estas atribuíram sua doença ao uso do produto para bebês, embora a evidência científica a esse respeito nunca tenha sido conclusiva. Meses antes de o veredicto ser anunciado, a FDA (principal autoridade sanitária dos EUA) fez um estudo com amostras do produto nas quais não detectou presença de amianto.

Krystal Kim, de Filadélfia, quem sobreviveu a dois episódios de câncer de ovário atribuídos ao produto da multinacional, e que foi uma das que ganharam o processo inicial, afirmou nesta terça-feira ao The New York Times que a decisão de retirar o talco do mercado é uma vitória. “Isto significa que não haverá mais meninas que passem pelo que nós passamos”, argumentou. “Isto se interrompe agora. Esse monstro está fora das prateleiras.” No resto do mundo, entretanto, continuará sendo comercializando. Relatórios divulgados durante o litígio mostraram que há meio século a empresa se preocupa com a possibilidade de haver rastros de amianto em seu talco.

Através da assessoria, a Johnson & Johnson garante que o produto seguirá nas prateleiras brasileiras. A empresa diz que a descontinuação da linha nos EUA e Canadá é “parte de uma avaliação mais ampla do portfólio relacionada à priorização durante a pandemia de covid-19. A demanda pelo produto diminuiu na América do Norte, principalmente em razão da mudança nos hábitos dos consumidores, potencializada por informações equivocadas sobre a segurança do produto e constante publicidade em relação aos processos litigiosos”. A J&J segue confiante na segurança do talco para bebês e afirma que “décadas de estudos científicos independentes realizados por médicos especialistas em todo o mundo apoiam sua segurança”.

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