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Ultradireita alemã expulsa dirigente por ligação com grupo neonazista

Andreas Kalbitz é figura-chave da ala mais radical da Alternativa para a Alemanha

O político da Alternativa para a Alemanha (AfD) Andreas Kalbitz durante um congresso do partido em dezembro em Braunschweig.
O político da Alternativa para a Alemanha (AfD) Andreas Kalbitz durante um congresso do partido em dezembro em Braunschweig.RONNY HARTMANN (AFP)

Não há trégua na guerra que está sendo travada dentro da ultradireita alemã. A direção do partido Alternativa para a Alemanha (AfD) decidiu expulsar da sigla Andreas Kalbitz, um destacado representante de sua ala mais radical. O passado de Kalbitz, supostamente vinculado a uma organização ilegal de extrema direita, foi o detonador de uma decisão que surpreendeu os próprios membros do partido por seu caráter fulminante. A expulsão representa um novo episódio na batalha pela identidade de um partido de protesto no qual convivem correntes ultradireitistas e abertamente xenófobas com outras um pouco mais moderadas.

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A AfD é a terceira força mais votada do Parlamento alemão e a primeira da oposição à coalizão de Governo. O partido entrou pela primeira vez no Bundestag após as eleições de setembro de 2017, com 12,6% dos votos. Nos últimos meses, as pesquisas não têm sido muito favoráveis à sigla, enquanto os partidos no Governo estão recebendo um forte apoio da população por sua gestão da pandemia. A AfD participa ativamente dos protestos —que são bastante minoritários, mas se multiplicam pela Alemanha— contra as medidas para conter a pandemia.

Até agora, Kalbitz era o representante da AfD em Brandemburgo, onde o partido obteve um excelente resultado —o segundo lugar, com 23,5% dos votos. Mas era, principalmente, o grande maquinador do Der Flügel, a ala mais radical da AfD, cuja liderança ele dividia com Bjorn Höcke, outro dirigente muito polêmico por sua tendência extremista. Em março, a direção partidária ordenou a dissolução formal do Der Flügel, depois que o Departamento Federal para a Proteção da Constituição o declarou extremista e o colocou sob vigilância. Era evidente, no entanto, que enquanto seus principais dirigentes continuassem dentro do AfD, seria difícil que sua influência diminuísse.

Dano ao partido

“[Kalbitz] prejudica a imagem do partido por seu extremismo, principalmente no oeste, onde é mais difícil que as pessoas se identifiquem com essa corrente tão radical”, assinalou uma fonte partidária. Segundo um relatório do serviço secreto alemão que foi citado pela imprensa e circula pelo AfD, Kalbitz foi membro da organização neonazista Heimattreue Deutsche Jugend (HDJ), proibida desde 2009. Ele alegava até agora que seu vínculo com essa organização no passado tinha sido momentâneo.

A decisão de sexta-feira foi aprovada por estreita maioria. Sete dirigentes votaram a favor da expulsão, cinco contra e um se absteve, segundo fontes do partido. Alguns dos que votaram contra temem que não haja evidências suficientes de que Kalbitz tenha pertencido à HDJ e que ele recorra da decisão e consiga se reincorporar ao partido. O próprio Kalbitz se apressou em anunciar que lutará para voltar.

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