Medo do coronavírus ameaça a terceira eleição convocada em menos de um ano em Israel
Eleitores submetidos a isolamento deverão votar com máscara e luvas em tendas de campanha
O aumento da abstenção pelo medo ao coronavírus ameaça condicionar as eleições legislativas desta segunda-feira em Israel. De acordo com as últimas pesquisas, as terceiras eleições convocadas em menos de um ano deverão reeditar o bloqueio político, com uma taxa de participação de 70% do censo, da mesma forma que as eleições anteriores. 7% dos eleitores, entretanto, pensam em não ir às urnas para se proteger do contágio, segundo uma pesquisa eleitoral.
A pesquisa divulgada no sábado pela Canal 12 de televisão e outro estudo publicado na quinta-feira pelo The Jerusalem Post mostram que o medo dos eleitores de contrair o coronavírus pode provocar uma queda na participação de até 10% em Israel, onde as autoridades declararam 10 casos da doença até agora. Mais de 5.600 pessoas, entretanto, foram colocadas em isolamento pelo Estado judeu por permanecer em contato com doentes. No sistema eleitoral israelense não existe o voto por correio e a delegação do sufrágio.
Diante dessa situação inesperada, o Comitê Eleitoral Central criou centros especiais de votação aos eleitores que estão em quarentena e isolamento, informaram os responsáveis do órgão eleitoral ao Kneset, o Parlamento israelense.
Os colégios eleitorais específicos serão instalando em tendas de campanha em vários pontos do país, segundo o The Jerusalem Post. Os eleitores submetidos a isolamento deverão votar protegidos por máscaras e luvas. As cédulas desses locais serão colocadas em um segundo envelope esterilizado e serão apuradas separadamente.
A votação será supervisionada em cabines isoladas por lâminas de plástico transparente por funcionários de saúde da Estrela de Davi Vermelha, equivalente à Cruz Vermelha, já que os funcionários israelenses que habitualmente estão à frente das mesas eleitorais se negaram a comparecer aos colégios especiais para eleitores em quarentena por medo do contágio.
Nesse clima de preparativos, a aliança conservadora que apoia o primeiro-ministro conservador Benjamin Netanyahu e o bloco de centro-esquerda que respalda seu rival, o centrista Benny Gantz, não têm maioria suficiente para romper o bloqueio. A média das últimas pesquisas de intenção de voto dá ao governista Likud 34 das 120 cadeiras do Kneset, as mesmas da aliança progressista Azul e Branco de Gantz, ex-chefe das Forças Armadas.
Além da apatia reinante entre os eleitores, que vislumbram como uma possibilidade cada vez mais próxima outra repetição eleitoral no verão, o temor pelo contágio por coronavírus pode contribuir à queda da ida às urnas, geralmente alta em Israel.
Apatia e notícias falsas
Os dois partidos também temem a difusão de notícias falsas sobre casos de coronavírus, como a que circulou no domingo no shopping da área metropolitana de Tel Aviv, em que o voto de centro-esquerda costuma favorecer Gantz. Os eleitores com menor nível de renda, em sua maioria partidária do Likud, são, entretanto, mais propensos à abstenção pelo risco de contágio, de acordo com um relatório do jornal Haaretz.
O ministro da Segurança Interior, Gilad Erdan, ordenou à polícia que atue contra todos os que divulgarem rumores sobre a expansão da doença. Israel fechou suas fronteiras aos viajantes de países como a China, Coreia do Sul e Itália, responsáveis pelo maior número de casos, e recomendou à sua população que não viaje ao exterior. A empresa aérea israelense El-Al anunciou a demissão de mil empregados após a queda da venda de passagens para voos.
O primeiro-ministro se comprometeu no mesmo domingo – em Israel não existe silêncio eleitoral – a acelerar a anexação dos assentamentos judeus e do vale do Jordão, localizados no território palestino ocupado da Cisjordânia, para atrair o voto dos colonos. Apesar do aumento eleitoral obtido por Netanyahu na reta final da campanha, as pesquisas não preveem maioria de pelo menos 61 cadeiras para a atual coalizão conservadora no poder.
A chave da governabilidade continuará em poder do ex-ministro de Defensa Avigdor Lieberman, cujo partido conservador laico Israel Nossa Casa é o único capaz de romper o empate.
Um eventual aumento da abstenção em pleno avanço global da epidemia por coronavírus, vista por muitos como uma praga bíblica, ameaça alterar o equilíbrio de forças que mantém bloqueada a governabilidade em Israel e provocar um resultado imprevisível nas urnas.
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