Coronavírus na América Latina: poucos casos e muita preocupação
Embora a região tenha menos de 10 infecções confirmadas, houve compras de máscaras em pânico no México e repatriação em massa de colombianos
Desde que o Brasil detectou o primeiro caso de infecção por coronavírus na América Latina (na última terça-feira) até os quatro casos confirmados neste sábado no México, a região tem seguido com mais cautela que recursos a evolução de um vírus que, até o momento, afeta menos de 10 pessoas, mas que se move num contexto de escassa salubridade e poucos hospitais preparados.
Na Colômbia, o Governo de Iván Duque concluiu na última sexta-feira a repatriação de 15 colombianos na cidade chinesa de Wuhan, considerada a “zona zero” do vírus. Todos eles estão sob observação na Vila Olímpica de Bogotá. Mas, apesar do autoproclamado sucesso oficial da operação, a missão está longe de ser exemplar. Desde que se conheceram os primeiros casos de coronavírus em Wuhan, os colombianos que residem lá começaram a ver como seus vizinhos e companheiros de apartamento (no caso dos universitários) eram repatriados por seus respectivos Governos. Ao não terem resposta do Executivo de Duque, entraram em contato com os meios de comunicação e denunciaram que se sentiam presos na China. “Que sejamos evacuados, como estão fazendo outros países. Ou, se não pudermos ser evacuados por enquanto, que nos tragam ajuda econômica ou alimentos, pois serão necessários”, pedia um deles através de vídeos. “Nos sentimos abandonados por nosso Governo”, denunciavam.
Enquanto isso, no México, as autoridades confirmaram um quarto caso na cidade de Torreón (Coahuila), que se soma a outros dois na Cidade do México e um em Sinaloa. O governador de Coahuila, Miguel Riquelme, confirmou que se trata de uma estudante recém-chegada da Itália. “É uma mulher de 20 anos que esteve em Milão entre janeiro e fevereiro. Chegou na terça-feira 25 de fevereiro e, após dois dias, começou a ter sintomas. Vinha com outras duas jovens, que estamos procurando junto com o Governo federal para que possamos realizar os exames necessários”, afirmou o governador. Os médicos confirmaram que a paciente foi isolada e está em sua casa recebendo os cuidados necessários, além dos medicamentos recomendados para atenuar a permanência do vírus.
No Cone Sul, o Equador somou-se à lista de países afetados pela infecção. A ministra da Saúde, Catalina Andramuño, confirmou neste sábado o caso de uma mulher de 71 anos que chegou à cidade de Guayaquil, em 14 de fevereiro, num voo direto proveniente de Madri. Segundo a informação oficial, ela não apresentava sintomas, mas após alguns dias procurou um centro de saúde sentindo mal-estar geral e febre. A mulher procede de Torrejón de Ardoz (Espanha), onde há três casos locais.
“Assim como já aconteceu em 54 países, as medidas adotadas não impediram que o vírus ingressasse, e hoje temos o primeiro paciente no Equador. Trata-se de um caso importado: uma cidadã equatoriana que reside na Espanha”, declarou a ministra. No momento, o país realiza controles aos viajantes que chegam da Itália, Irã, Coreia do Sul e China. Mas não aos do México, Brasil e Espanha, pois, segundo as autoridades, esses países têm casos importados, não autóctones.
O Brasil confirmou o segundo contágio, que se soma ao do homem de 61 anos atendido em São Paulo e que é considerado o primeiro caso no continente.
As autoridades de saúde da Argentina informaram que três pessoas estão em observação. Outras quatro fizeram exames em suas casas porque estiveram no cruzeiro Westerdam, que semanas atrás foi recusado por cinco países asiáticos devido ao medo da propagação do coronavírus.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), há 85.403 pessoas afetadas no mundo inteiro. Delas, 79.394 se encontram na China e 6.009 são de outras nacionalidades, incluindo sete latino-americanas. O coronavírus de Wuhan chegou à América Latina um mês depois dos primeiros casos detectados na China e quando a infecção já se propagava por 44 países.
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