Um coquetel de racismo e teorias conspiratórias criou o terrorista de Hanau
Tobias R., o suposto autor do ataque que deixou nove mortos, escreveu um longo manifesto e gravou um vídeo em que propagava seus ódios
Tobias R. tinha 43 anos, cabelos escuros e nacionalidade alemã. Nasceu perto de Frankfurt, em Hanau, onde na noite de quarta-feira matou, segundo as informações policiais, pelo menos nove pessoas, para depois ser achado morto junto ao cadáver de sua mãe. Era também um racista de manual. Escreveu um longo panfleto de 24 páginas e gravou um vídeo em que difunde seus ódios. Pede abertamente a aniquilação de povos inteiros e considera que os alemães são cidadãos superiores, que devem ser protegidos dos estrangeiros.
De resto, suas mensagens são uma mistura de delírios e manias persecutórias temperadas com lembranças pessoais e da sua infância. Na sexta-feira passada, ele publicou um vídeo no YouTube, já retirado, no qual, em inglês fluente, fala de supostas bases militares subterrâneas nos Estados Unidos, onde crianças estariam sendo torturadas. E no manifesto afirma ouvir vozes e acredita haver agentes secretos capazes de ler sua mente. Também se descreve como uma pessoa “com padrões muito elevados”, e que por essa razão nunca encontrou uma parceira. Os serviços secretos dizem que esse era o seu “calcanhar de Aquiles”.
Tobias R. vivia com sua mãe, estudou Administração de empresas em Bayreuth até 2007 e estagiou num banco. A esse período se refere em seu manifesto quando fala de uma conversa xenófoba que manteve com um colega de trabalho do banco. Não estava fichado nem pela polícia nem pelos serviços secretos internos alemães, o Escritório para a Proteção da Constituição.
O suposto assassino de Hanau propagava o ódio e as teorias conspiratórias em seu próprio site e no YouTube. David Begrich, sociólogo especialista em ultradireita, explica que as teorias conspiratórias estão muito difundidas nos entornos extremistas. “As teorias conspiratórias estão muito presentes na Internet, não só o racismo”, afirma Begrich. “Há um clima de conjeturas e suspeitas, e, como neste caso, eles dizem que todos estão sendo manipulados, mas que eles conhecem a verdade”. E acrescenta: “Há algum tempo observamos uma radicalização nesses ambientes, de indivíduos que propagam sua ideologia através de ações criminais”.
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