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Neymar, a nove gols do recorde de Pelé, chora pelo Brasil

O atacante, que admite ter passado “dois anos difíceis”, é destaque na Copa América e está perto de se tornar o maior artilheiro da história da seleção

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Tite dá instruções a Neymar no jogo contra o Peru pela Copa América.Silvia Izquierdo (AP)
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AME6338. RÍO DE JANEIRO (BRASIL), 17/06/2021.- Jugadores de Brasil hablan hoy, previo a un partido por el grupo B de la Copa América disputado en el Estadio Olímpico Nilton Santos, en Río de Janeiro (Brasil). EFE/André Coelho
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“É muito difícil ser Neymar”. Edu Gaspar, ex-coordenador de seleções do Brasil, justificava o principal jogador brasileiro depois da derrota diante da Bélgica nas quartas de final da Copa do Mundo de 2018 na Rússia. Quatro anos antes, no Brasil, quando disputava o trono de Ayrton Senna como o grande ídolo, o camisa 10 ficou fora da Copa do Mundo devido a uma fratura na vértebra lombar. Na Copa América de 2019, não teve revanche: outra lesão, dessa vez no ligamento do tornozelo direito. Sempre que vestia a camisa da seleção principal, as coisas não davam certo. No caminho do camisa 10, apareceu agora uma nova Copa América em casa. Ele não a esperava, nem a queria, mas está tentando de novo. E, fiel à sua categoria, fez um gol na estreia diante da Venezuela, e outro no jogo contra o Peru. Já soma 68 gols pela seleção brasileira e está a nove do recorde de Pelé.

“Meu sonho sempre foi vestir esta camisa. Nunca imaginei chegar a esses números”, disse Neymar à beira do campo ao fim da partida contra o Peru. No entanto, sua voz estava embargada. Ele não pôde conter as lágrimas. Uma imagem surpreendente diante de suas habituais gargalhadas, que nunca se sabe se são de riso ou zombaria. “Para mim, é até emocionante, porque passei por muita coisa nesses dois anos. Coisas bem difíceis e complicadas”, acrescentou. No Brasil, as palavras de Edu Gaspar voltaram a ecoar. Em 2019, Neymar foi acusado de estupro pela modelo Najila Trindade. O caso foi arquivado por falta de provas. Neste ano, a Nike confirmou que encerrou seu contrato de patrocínio com Neymar porque o jogador “se recusou a cooperar em uma investigação de boa-fé sobre alegações críveis de má conduta apresentadas por uma funcionária”, segundo a empresa americana.

Neymar se defendeu nas redes sociais. “Nunca tive nenhum relacionamento [com a funcionária]. Não tive sequer oportunidade de conversar, saber os reais motivos da sua dor”, escreveu o atacante do PSG. Hoje, Neymar tem contrato com a Puma. Ele nunca perdeu o apoio do clube parisiense —que renovou seu contrato até 2025— nem da seleção brasileira. Tite está devotado a Neymar. Protege-o dentro e fora do campo. “Não sei até onde Neymar pode chegar... Torço muito para que ele tenha sempre saúde, não se machuque e tenha maturidade”, enfatizou o treinador.

A torcida de Tite não é um pequeno detalhe. As lesões têm prejudicado o rendimento do atacante. Nas últimas quatro temporadas, ele sofreu 16 e deixou de disputar 78 jogos. O PSG, de qualquer forma, não duvida dele. Voltou a lhe dar a chave do time. Não só renovou seu contrato, como também o apoia no vestiário. “Ney tem de ter um objetivo”, dizem no entorno do jogador. As mesmas fontes citam como exemplo a campanha de 2019-2020, quando Neymar levou o PSG à final da Champions League pela primeira vez em sua história. “Quando a competição foi interrompida pela pandemia, Neymar viajou para sua casa no Rio. Lá, continuou com um plano de treinamento muito estrito. Estava motivado com a Champions”, destaca uma delas.

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A temporada de 2020-2021 foi incômoda para Neymar. Foi prejudicada por suas lesões, quatro (19 jogos fora), e pelo baixo rendimento do time, o que deixou o PSG sem Ligue 1, sem Copa da França e também sem Champions. Depois de tudo isso, o camisa 10 queria descansar. Ou, pelo menos, não levar muito a sério a Copa América. Mas, quando ele menos esperava (desejava), Jair Bolsonaro e a Conmebol trouxeram o torneio para o Brasil. E mais responsabilidade para Neymar. “Não sabíamos se ia ter Copa América. Desde o começo respeitamos muito nossas hierarquias. Nunca vamos dizer não à camisa da seleção”, assinalou Neymar. Sobre seus 68 gols pela seleção, assinalou: “Esses números não são nada perto da felicidade que tenho de jogar pelo Brasil, representar meu país e minha família. A gente está vivendo um momento muito atípico no mundo inteiro, não só aqui, e ser espelho para alguém é uma alegria enorme. Espero que todos que gostam do futebol estejam orgulhosos”.

Ele não é o único a sorrir. “Eu, como todos os brasileiros, sempre fico feliz quando o vejo jogando futebol. Hoje ele deu mais um passo rumo ao meu recorde de gols pela seleção. E torço para que ele chegue lá, com a mesma alegria que tive desde que o vi jogar pela primeira vez”, escreveu Pelé.

Neymar persegue Pelé. No caminho, no entanto, tem de afugentar seus fantasmas.

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