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Michael J. Fox sobre o Parkinson, de que padece há 30 anos: “Não temo a morte”

O ator está há um ano longe dos holofotes para se dedicar integralmente à sua fundação, uma ONG que criou em 2000 com o objetivo principal de buscar a cura para sua doença

Michael J. Fox  parkinson fundacion
Michael J. Fox durante una gala benéfica dedicada a la cura contra el párkinson el 23 de octubre de 2021, en Nueva York.Charles Sykes (GTRES)

Michael J. Fox se considera um homem de sorte, apesar da debilitante doença de Parkinson, da qual padece há três décadas. Ele prefere mostrar integridade e ver a parte positiva do que tem vivido. Apesar de esta doença ter sido um ponto de inflexão no seu estado físico de saúde, Fox diz que para ele não faz diferença não dispor de cura. Em recente entrevista à revista norte-americana AARP, o ator de De volta para o futuro, que completou 60 anos em junho, insistiu em que está “feliz” com a jornada que lhe coube percorrer. “Em minha mente, não existe um único pensamento mórbido. Não tenho medo da morte”, garantiu durante a conversa. O que mais o afeta é ter deixado de lado a profissão dos seus sonhos: o cinema. “Como escrevi em meu último livro, agora estou fora do mercado”, disse ele, após anunciar um ano atrás que estava deixando os holofotes pela segunda vez para publicar suas memórias, No time like the future: an optimist considers mortality (“Não há tempo como o futuro: um otimista considera a mortalidade”).

Foi esse retiro que ajudou o ator a ver sua situação de outra perspectiva. “Procuro ser muito direto com as pessoas que falam sobre o meu tratamento. Quando me perguntam se acho que vão curar meu Parkinson, digo: ‘Já estou com 60 anos e a ciência é difícil. Por isso, não’.” Fox aprendeu a aceitar sua realidade e a premissa de que a doença de Parkinson “não conduz” a sua vida, mas “faz parte dela”.

Ele admite, porém, que nem sempre foi assim. Por um período, mergulhou em uma escuridão da qual só conseguiu sair depois da morte de seu sogro. “Tive uma revelação. Ele sempre expressou gratidão, aceitação e confiança”, declarou, depois de afirmar que conseguiu integrar essa determinação na sua própria experiência. “Identificava coisas pelas quais se sentia agradecido e via como outras pessoas reagiam às dificuldades com essa gratidão. Cheguei à conclusão de que agradecer o que se tem faz com que o otimismo seja sustentável”, explicou, fazendo um chamado a todos os que continuam imersos na tristeza causada pelas dificuldades da vida. “Se você pensa que não tem nada para agradecer, continue procurando. Porque o otimismo não é algo que você simplesmente recebe. Você não pode esperar que as coisas sejam fantásticas. Você tem que se comportar de uma forma que seja isso o que você promova.”

O ator de Caras & caretas e Os fantasmas de Scrooge (A Christmas Carol) revelou que se arrepende de ter recusado alguns papéis por ter em mente a sua doença. “Chegou um ponto em que eu não conseguia confiar em minha capacidade de falar, o que significava que não podia mais continuar atuando tranquilamente. Por isso, no ano passado abandonei a carreira”, confessou. Um dos papéis mais recentes e relevantes para ele surgiu graças à série The good wife, onde interpretou um advogado que sofria de sintomas semelhantes aos do Parkinson e os usava para manipular o júri. “Era absurdo e grosseiro, adorei a ideia quando me ofereceram”, revelou.

O ator agora se dedica totalmente ao trabalho à frente da fundação que leva seu nome, uma ONG que criou em 2000 com o objetivo principal de buscar a cura para a doença. Desde a sua fundação, conseguiram doar 650 milhões de dólares para pesquisas (3,68 bilhões de reais) e participar no aperfeiçoamento de alguns medicamentos. “Quando recebi o diagnóstico, fiquei sete anos guardando segredo, sem contar a ninguém e sem aprender sobre a doença. Depois percebi que outras pessoas estavam isoladas e não tinham uma força central unificadora para atuar em sua defesa”, afirmou sobre o momento em que decidiu criar a organização. “Por isso, agora, além de promover a ciência por meio da fundação, sou um motivador e alguém que busca desmistificar e normalizar o Parkinson, eliminar a vergonha e a sensação de que deve ser escondido”, concluiu.

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