Kevin Spacey perde batalha contra a produtora de ‘House of cards’ e terá que pagar indenização de 31 milhões de dólares

Ator foi acusado de assédio sexual por um dos integrantes da equipe, em 2017

O ator Kevin Spacey chega a uma audiência em um dos processos por assédio sexual, em 2019, em Massachusetts.Brian Snyder (Reuters)

O ator Kevin Spacey deverá pagar 31 milhões de dólares (174 milhões de reais) à produtora MCR, responsável pela série House of cards, como indenização por quebra de contrato e para paliar os prejuízos que causou com seu comportamento durante as gravações. O valor, imposto no ano passado por um tribunal de arbitragem, foi mantido em sigilo até esta segunda-feira, quando a companhia levou a cobrança à Corte Superior de Los Angeles. Spacey foi demitido do elenco da série em 2017, após ser acusado de cometer assédio sexual.

Segundo o jornal The Hollywood Reporter, pertencente à produtora MCR, o tribunal de arbitragem considerou que o comportamento do ator violava os termos do seu contrato, já que foi acusado de assédio sexual por um assistente de produção. A denúncia chegou em meio a uma onda de testemunhos contra Spacey, ganhador de dois Oscars, por Os suspeitos (1995) e Beleza americana (1999), cuja carreira desmoronou em 2017 depois das numerosas acusações de assédio sexual, que ele sempre negou. O caso de Spacey foi um dos casos mais célebres no início do movimento Me Too.

Até o escândalo estourar, Spacey era um dos rostos mais reconhecidos da nova televisão, graças ao seu papel como o maquiavélico Frank Underwood, protagonista de House of cards desde 2013. Em dezembro de 2017, a produtora eliminou o personagem, reescreveu completamente a sexta temporada e reduziu o número de episódios de 13 para 8, a fim de cumprir a data de estreia anunciada pela Netflix. A produtora, responsável também por títulos como Ozark e The shrink nextdoor, alegou durante a arbitragem que o ator não havia prestado seus serviços “de maneira profissional” nem de acordo com suas políticas de comportamento. Seu argumento perante a corte de arbitragem se centrava no prejuízo econômico causado pela demissão, pois foi preciso voltar a rodar uma temporada que já estava terminada e, além disso, eliminar cinco capítulos. Spacey recorreu da sentença arbitral, mas sua petição foi negada neste mês.

O caso teve diversas ramificações nestes três anos em que foram sendo conhecidas outras acusações contra o ator, além de alguns dados sobre seu passado. Em 2019, seu irmão afirmou que ambos tinham sido vítimas dos abusos cometidos por seu pai, e culpava o entorno do ator por tê-lo acobertado durante 40 anos. “Passei grande parte da minha infância tentando proteger meu irmão de que ele fosse estuprado por meu pai, (...) e 40 anos depois fico sabendo que se transformou nele”, declarou Fowler no podcast Drew and Mike Show. “É repulsivo”, acrescentou.

Kevin Spacey e Robin Wright nos papéis de Frank e Claire Underwood em‘House of cards’.

A última aparição do ator foi no filme Billionaire boys club, de 2018, embora no ano que vem volte ao cinema com um pequeno papel no italiano L’uomo che disegn ò Dio (“O homem que desenhou Deus”). Nos últimos anos, Spacey, que permaneceu o tempo todo em liberdade, publicou vários enigmáticos vídeos nas redes sociais interpretando o desumano Frank Underwood, em especial uma pouco habitual felicitação natalina. Também foi visto como turista em Sevilha (Espanha) antes da pandemia.

Duas acusações contra ele chegaram aos tribunais em 2019, mas não progrediram. Na Califórnia, um massagista o denunciou por uma agressão sexual supostamente ocorrida em 2016, mas morreu antes que o Ministério Público apresentasse uma denúncia. Na outra, em Massachusetts, um jovem que o tinha acusado de agressão em 2016 retirou as acusações, informa a Efe.

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