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Crítica | Cruella
Crítica
Género de opinião que descreve, elogia ou censura, totalmente ou em parte, uma obra cultural ou de entretenimento. Deve sempre ser escrita por um expert na matéria

‘Cruella’: a anti-heroína funciona vestida de Vivienne Westwood

Emma Stone protagoniza um filme bastante divertido que leva a personagem da Disney a um mundo onde Dickens desfila numa passarela

Emma Stone, em 'Cruella'.
Emma Stone, em 'Cruella'.
Elsa Fernández-Santos

Quando a escritora britânica Dodie Smith inventou a personagem da Cruella de Vil, ainda faltavam duas décadas para o punk nascer. O famoso animador Marc Fraser Davis, da Disney, criador de personagens como Sininho e Malévola, foi quem, na adaptação de 1961 do clássico infantil (Os 101 dálmatas), transformou a vilã em uma mulher magra, sofisticada e insuportável. Davis havia partido das ilustrações do livro de Smith, mas levou muito mais longe essa extravagante louca amante das peles, que aterrorizou e fascinou crianças de várias épocas e, já no final do século passado, inspirou dois bem-sucedidos filmes protagonizados por Glenn Close.

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MILAN, ITALY - FEBRUARY 21: Anna Wintour wears sunglasses, a bejeweled necklace, a black and white checkered long trench coat, a floral print dress, outside Marni, during Milan Fashion Week Fall/Winter 2020-2021 on February 21, 2020 in Milan, Italy. (Photo by Edward Berthelot/Getty Images)
A lição de Anna Wintour

Rejuvenescida na pele de uma magnética Emma Stone, Cruella reivindica seu lugar próprio na genealogia da personagem, e para isso viaja às suas raízes de fashion victim na Londres dos anos oitenta. Com a própria Glenn Close entre seus produtores, o filme de Craig Gillespie oferece uma aventura bastante divertida que leva a personagem da Disney a um mundo onde Dickens desfila numa passarela de moda. Mais próxima, isso sim, do correto O diabo veste Prada que do genial Zoolander. Trata-se de um coquetel que, sem oferecer nada de muito novo, está bem pensado e funciona, embora sua insistente sequência de piruetas digitais e grandes hits musicais possam ficar chatos em alguns momentos.

Definitivamente Cruella é uma história de mães e filhas, da busca por identidade de uma menina que gosta de se destacar e causar, até que por um azar, que não convém revelar, fica órfã e se vê obrigada a sobreviver nas ruas de Londres, roubando carteiras na companhia de dois malandros interpretados pelo Paul Walter Hauser e Joel Fry. A pequena Cruella, que sempre foi uma amante da moda, encontrará na cena londrina dos anos de eclosão do punk―e no duelo com a desenhista megalomaníaca interpretada por Emma Thompson― o caldo de cultivo perfeito para sua imaginação. E assim, fazendo equilíbrios com sua famosa paixão pelas peles de dálmatas, a personagem se veste de Vivienne Westwood para oferecer uma cara nova e bem maquiada.

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CRUELLA

Direção: Craig Gillespie.

Elenco: Emma Stone, Emma Thompson, Paul Walter Hauser, Joel Fry, Emily Beecham, Gianni Calchetti, Kirby Howell-Baptiste.

Gênero: comédia. Estados Unidos, 2021.

Duração: 134 minutos.

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