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Ok, ‘boomers’, explicamos a Comic Con Experience, a festa ‘geek’ milionária que arrebata São Paulo

Cidade recebe até domingo a maior feira dedicada ao pop e aos quadrinhos do mundo, com mais de 280 mil pessoas

Jovem faz cosplay de Coringa na CCXP 2019.
Jovem faz cosplay de Coringa na CCXP 2019.I Hate Flash/Divulgação

Se você é um baby boomer, ou seja, daquela geração nascida entre 1945 e 1964 —ou qualquer pessoa mais velha com um discurso desdenhoso sobre os jovens e suas ideias—, provavelmente acha inimaginável passar até 40 horas em uma fila para garantir um lugar em um auditório para mais de 3.300 pessoas. Mas se você é fã de quadrinhos, séries e super-heróis, e se o auditório em questão é o do maior evento de cultura geek e nerd do mundo, que reúne seus quadrinistas, personagens, diretores e atores favoritos, a coisa muda de figura. Essa é a proposta da Comic Con Experience (CCXP), que começou na quinta-feira (05/12) em São Paulo e vai até domingo (08/12), atraindo um público de 280.000 pessoas. Nesse universo, cabem seis Maracanãs lotados com 160 horas de cultura pop, entre painéis, exibições de filmes, experiências sensoriais, sessões de fotos e autógrafos, performances e campeonatos de videogames.

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Tudo começou no verão norte-americano de 1970. Ainda que o Flower Power já estivesse consolidado, o Brasil erguesse a taça de tricampeão do mundo na Copa do México e os Beatles confirmassem o fim definitivo do grupo, eram as Histórias em Quadrinhos que faziam o coração de três jovens de San Diego, na Califórnia, bater mais forte. O trio formado pelo desenhista Shel Dorf, o dono de uma loja de quadrinhos Richard Alf, e o publisher Ken Krueger resolveu criar, na sua cidade natal, um evento que deixasse os autores das HQs e os aficionados pela nona arte cara a cara. Surgiu assim a primeira Comic Con da história. O evento, por mais que não se trate de uma franquia, tornou-se um fenômeno de escala mundial, com edições na Itália, em Londres, Nova York e Argentina. Além dos comics que dão nome à festa, é lá que os fãs de cultura pop conseguem encontrar exibições de teasers (como os modernos chamam hoje trailers mais curtinhos) exclusivos de séries e filmes, vendas de artigos de merchandising e instalações imersivas dessas produções.

Foi justamente seu potencial mercadológico que fez o evento crescer e tornar-se tão importante no Brasil: este ano, 70% do público vem de fora de São Paulo. E a previsão é de que toda essa gente deve movimente R$ 265 milhões na cidade, de acordo com os organizadores. 80 marcas estão presentes no espaço, que receberá mais de 40 delegações de Hollywood para promover seus próximos lançamentos. Só os ingressos, esgotados todos os dias em 2019, dão uma dimensão do potencial econômico da nerdlândia: o passe para quatro dias custava 960 reais no primeiro lote e chegaram a 1.180 reais no terceiro e último lote, com opções premium na casa dos 8.000 mil.

Público faz longa fila de espera para entrar na CCXP.
Público faz longa fila de espera para entrar na CCXP.I Hate Flash/Divulgação

Apesar de abrigar “mini Comic Cons” ao longo dos anos, foi em 2014 que o evento chegou com toda a força nas terras tupiniquins, pela mão do conglomerado de cultura pop Omelete Company. HBO, Netflix, Amazon Prime, Warner, Dinsey (que exibirá com exclusividade Frozen 2) e outras produtoras brindam os fãs com stands interativos onde eles podem “mergulhar” nos filmes com realidade virtual ou fazer fotos em um cenário de sua série favorita —como o café Central Perk, de Friends, ou o Starcourt Mall, shopping da terceira temporada de Stranger Things (este último considerado pela reportagem o melhor da CCXP). Mas a indústria nacional também está representada: o espaço da Globoplay é um dos maiores do evento, contanto até com uma arena onde atores, atrizes e influencers fazem rodas de conversas transmitidas ao vivo pela internet, e até a roleta do Silvio Santos tem um cantinho no stand do SBT. É como se você não existisse se não está na CCXP, o evento do ano para a cultura pop.

Entre os corredores da São Paulo Expo, circulam a cada dia milhares de geeks, desde os mais cosplayers —aqueles que se fantasiam e incorporam seus personagens favoritos— até os nerds mais “disfarçados”, que vão em trajes “de civil”, mas não deixam de conferir todas as novidades e, se possível, pagar até milhares de reais em um bonequinho exclusivo da história que marca sua vida. Entre as fantasias, uma das mais comuns nesta sexta edição é a dela, a dona do pedaço e do Universo, a Mulher-Maravilha. A atriz que lhe dá vida, Gal Gadot, e a diretora do filme, Patty Jenkins, são os grandes nomes desta edição, com um painel no domingo que irá adiantar aos fãs as novidades da continuação do filme.

Os geeks mais famosos fora do meio geek, no entanto, não perderam seu espaço. É o caso dos Jedis, os guerreiros do lado bom da força em Star Wars —ou Guerra nas Estrelas, em linguagem boomer—, que, este ano, podem até participar de um treinamento de batalha com duração de sete minutos, com direito a sabre de luz e certificado de formação Padawan (como são chamadas as criancinhas que treinam para se tornar Jedi). Outro grande nome deste ano é precisamente o de J.J. Abrams , diretor de A Ascensão Skywalker, último capítulo da saga. Ele participará de um painel neste sábado.

Apesar de ter crescido exponencialmente —em 2014, o público foi de 97.000 pessoas— e hoje atrair os principais nomes da indústria do audiovisual, a CCXP não perdeu seu ADN voltado para os quadrinhos: o Artist’s Alley, espaço dedicado às HQs, conta com 542 artistas divididos em 352 mesas, além das principais editoras do setor, que trazem desde quadrinistas consagrados a novos talentos, do país e de fora. Tem cultura pop para todos os gostos, é só pagar. E que a força esteja com você.

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