Sem bloqueios de rodovias, greve dos caminhoneiros naufraga em meio a onda de liminares na justiça
Governo federal conseguiu 29 decisões judiciais que previam multa de até 10.000 reais para motoristas autônomos que realizassem bloqueios nas estadas do país
A greve convocada pelos caminhoneiros para esta segunda-feira em todo o país se limitou a alguns protestos localizados, sem bloqueio de rodovias. A expectativa dos fretistas era repetir a grande paralisação de maio de 2018, quando houve desabastecimento em várias cidades como consequência da greve. A mobilização desta semana foi convocado mais uma vez contra a alta no preço dos combustíveis.
Os motoristas exigem do Governo de Jair Bolsonaro uma mudança na política de preços dos combustíveis estabelecida pela Petrobras, responsável por determinar o valor da gasolina e do diesel seguindo oscilações do mercado internacional. No final de outubro foi anunciado o segundo aumento nos preços em um mês, o que irritou a categoria.
Embora simpático às demandas dos caminhoneiros, o presidente —que já interveio anteriormente na estatal petrolífera— nada fez neste momento, limitando-se a criticar a Petrobras (”só me dá dor de cabeça”) e falar sobre privatizá-la, sem dar detalhes. Em fevereiro o mandatário chegou a fazer um aceno aos caminhoneiros, ao trocar o presidente da empresa como forma de coibir os aumentos. A medida derrubou as ações da estatal.
De acordo com nota do Ministério da Infraestrutura, até o meio-dia não havia registro de bloqueios parciais ou totais em nenhuma estrada do país, tampouco em pontos logísticos considerados estratégicos —especialmente de abastecimento de combustíveis.
O aparente fracasso da greve convocada por diversos sindicatos de caminhoneiros é resultado em boa parte das 29 decisões judiciais obtidas pelo Governo contra a interdição das vias. “São 29 liminares na Justiça contra bloqueio de rodovias, refinarias e portos contemplando 20 estados”, informou o Ministério da Infraestrutura.
O Planalto temia que o país voltasse a viver uma situação de desabastecimento como a ocorrida em maio de 2018. Naquele ano a greve dos caminhoneiros também foi motivada pela alta dos combustíveis, e paralisou o Brasil por dias, provocando uma escassez de alimentos, combustíveis e outros produtos de primeira necessidade nas cidades.
As lideranças sindicais da categoria admitiram que a convocatória teve baixa adesão e afirmam ter protocolado —sem sucesso— recursos na Justiça para tentar derrubar as liminares que impediam os bloqueios. Eles ainda não descartaram a convocação de uma nova greve nos próximos dias, ainda sem data definida.
A greve desta segunda-feira contou principalmente com o apoio de caminhoneiros autônomos, e não dos motoristas ligados a empresas de transportes.
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