_
_
_
_

Começa o julgamento do impeachment de Trump no Senado dos EUA

Início formal do processo coincide com um relatório oficial que revela que a Casa Branca violou a lei ao reter recursos destinados à Ucrânia

Amanda Mars

O julgamento político do presidente Donald Trump começou nesta quinta-feira no Senado dos Estados Unidos com novas provas contra o presidente. O organismo de controle do Governo, uma agência independente dentro da Administração, apresentou um relatório segundo o qual o gabinete orçamentário da Casa Branca violou a lei ao reter recursos destinados a reforçar a segurança na Ucrânia. Essa verba está no centro do processo de impeachment contra Trump por abuso de poder, ao condicionar a liberação da ajuda militar a uma investigação de Kiev sobre as atividades do potencial candidato democrata à presidência, Joe Biden, e do seu filho naquele país.

A presidenta da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, assina os documentos do julgamento político nesta quarta-feira.
A presidenta da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, assina os documentos do julgamento político nesta quarta-feira.Foto I Video: Reutres

O gabinete, subordinado ao Congresso, diz que a decisão de reter os recursos teve caráter político, não técnico. "O cumprimento da lei com boa-fé não permite ao presidente assumir suas prioridades políticas no lugar daquelas que o Congresso tenha transformado em lei", afirma o texto, divulgado no mesmo dia em que a Câmara Alta virou formalmente um tribunal. O presidente da Suprema Corte, John Roberts, tomaria durante a tarde o juramento dos 100 senadores que atuam como membros do júri.

Mais informações
Os detalhes da trama ucraniana que podem culminar no impeachment de Trump nos EUA
Johnson em 1868 e Clinton em 1998: os processos de impeachment nos EUA

Donald J. Trump é acusado de abuso de poder por causa das supostas pressões à Ucrânia para que investigasse seu rival político Joe Biden, e de obstrução ao Congresso por boicotar as investigações parlamentares sobre o escândalo. Este impeachment, o terceiro na história do país, coincide com o terceiro aniversário de um mandato presidencial em eterna tormenta, com a sociedade norte-americana dividida pela metade.

A equipe de promotores nomeada na quarta-feira pela Câmara de Representantes (deputados), composta por sete congressistas democratas, apresentou-se no Senado por volta de 12h (14h em Brasília) para ler em voz alta formalmente a acusação contra Trump, os chamados “artigos do impeachment”. Por volta de 14h entraria em cena Roberts, tomando o juramento dos senadores para que administrem uma “justiça imparcial”.

Mas isso é possível? O líder dos republicanos na Câmara Alta, Mitch McConnell, já advertiu há semanas que estava coordenando os detalhes do processo com a própria Casa Branca. E nesta quinta-feira um filho de Trump, Eric, pedia nas redes sociais que qualquer senador democrata que estiver pleiteando a candidatura presidencial de seu partido em 2020 — há quatro nesta situação — deveria se recusar a participar do julgamento por ter um “incrível conflito de interesses”.

Este será o primeiro impeachment da era do Twitter, também o primeiro a julgar um presidente que busca a reeleição, e que bloqueará durante semanas quatro senadores que disputam as primárias democratas. Também é o mais partidário dos processos de destituição já praticados. O primeiro presidente a passar por um julgamento no Senado, Andrew Johnson, em 1868, acabou sendo absolvido por um só voto, e no caso de Bill Clinton (concluído em 1999), embora o partidarismo já fosse maior, os votos dos legisladores em ambas as fases do julgamento (a da Câmara de Representantes e a do Senado) não se ajustaram tão milimetricamente como agora à linha partidária. As regras do jogo sobre como desenvolver o processo, por exemplo, foram acatadas por unanimidade. Este é o primeiro passo que o julgamento no Senado enfrentará.

O advogado da Casa Branca, Pat Cipollone, encabeçará a defesa do presidente no julgamento, embora a equipe completa não tenha sido anunciada. Trump se diz vítima de uma “caça às bruxas” e de “uma fraude” dos democratas, e argumenta que seus pedidos ao presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, para que anunciasse investigações contrárias aos democratas “não tinham nada de mau”, pois visavam apenas a combater a corrupção.

O papel de seu advogado pessoal, Rudy Giuliani, manobrando com Kiev e usando um convite à Casa Branca como mecanismo de pressão, põem em xeque a versão do mandatário. Além disso, o embaixador norte-americano na União Europeia, Gordon Sondland, que também se viu comprometido nas gestões com a Ucrânia, declarou na fase prévia na Câmara de Representantes que ele mesmo considerou as ajudas militares sujeitas ao anúncio dessa investigação.

O processo de impeachment entra em sua fase final depois de aparecerem novas provas oferecidas por Lev Parnas, um sócio de Giuliani que foi imputado no caso. Nesta quinta-feira, em uma entrevista ao The New York Times, Parnas afirmou que o presidente conhecia as pressões de Giuliani. "Aposto toda a minha vida que Trump sabia exatamente tudo o que estava acontecendo a respeito do que Rudy Giuliani estava fazendo na Ucrânia", disse Parnas.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_