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Edmilson Rodrigues vence em Belém e assegura uma capital para PSOL

Professor universitário, que governou a cidade pelo PT até 2004, derrotou Everaldo Eguchi (Patriota) é ex-delegado da PF e faz discurso anticorrupção na capital do Pará

Eleições municipais em Belém do Pará
Edmilson Rodrigues, eleito prefeito de Belém.TARSO SARRAF
Felipe Betim

Edmilson Rodrigues (PSOL) será o novo prefeito de Belém, no Pará. Com 98,56% das seções apuradas, Rodrigues contabiliza 51,76% dos votos válidos e está matematicamente eleito. O candidato do PSOL venceu Everaldo Eguchi (Patriota), um ex-delegado da PF que faz discurso anticorrupção na capital do Pará. A disputa começou acirrada, mas pesquisas recentes já mostravam Edmilson Rodrigues, que governou a cidade pelo PT entre 1997 e 2004, à frente. Com a vitória, Edimilson Rodrigues assegura uma capital para o PSOL, o partido de esquerda que se impôs também no segundo em São Paulo, com Guilherme Boulos.

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O efeito das eleições na (re)organização das forças políticas e em 2022

Arquiteto e geógrafo, além de professor da Universidade Federal Rural da Amazônia, Rodrigues deixou o PT após o mandatos em Belém para fundar o PSOL no Pará em 2005. Seu futuro Governo será um laboratório importante para o PSOL, um partido com mais experiência no Legislativo do que no Executivo. O futuro prefeito da capital paraense promete olhar para frente. Na campanha utilizou como lema “Belém de novas ideias”. Com o país se encaminhando para mais um período de extrema pressão na saúde e na economia por causa da covid-19, o discurso do psolista que promete “inversão de prioridades” em sua gestão será posto à prova.

Um dos desafios da nova gestão será a batalha contra a pobreza, em uma cidade dependente de serviços, com desemprego que atinge mais de 100.000 pessoas —20% a mais do que no ano passado— e um nível alto de informalidade no trabalho. Apesar das restrições orçamentárias, Rodrigues prometeu um programa de renda mínima municipal para a população mais vulnerável e que vá além do Bolsa Família. Seu foco é nas mães solo, nos jovens desempregados ou com trabalho precário e na população negra e indígena. “Queremos fazer a complementação de quem já ganha o Bolsa Família e também chegar naquelas famílias que estão zeradas e não ganham nem isso, através de uma busca ativa dentro dos bairros”, explicou ele ao EL PAÍS na reta final da campanha do segundo turno. “Quando falamos em banco do povo e em conceder crédito, os empreendimentos não são de mesma natureza de 16 anos atrás. Pode ser que uma costureira ainda hoje esteja precisando comprar uma máquina de costuras, mas também que jovens desempregados talentosos precisem pensar em uma startup e precisem de investimentos”, disse.

Derrota do discurso lavajatista

A disputa entre Rodrigues e o delegado Eguchi se apresentara acirrada no princípio. No dia 21 de novembro, uma semana antes do segundo turno, os dois apareceram empatados na pesquisa Ibope, com o candidato do PSOL marcando 45% dos votos válidos contra 43% de seu rival do Patriota. Eguchi tentou repetir o caminho feito pelo ex-juiz Wilson Witzel em 2018, quando se elegeu governador do Rio de Janeiro. O delegado da Polícia Federal começou a disputa sem ser conhecido pela maior parte do eleitorado de Belém. Ele era filiado ao PSL e tentou sem êxito se eleger deputado federal em 2018. Hoje filiado ao Patriota, buscou se diferenciar de seus rivais a partir do discurso do “novo” na política, sempre ressaltando não pertencer a nenhuma família de políticos do Pará. Explorou um forte discurso anticorrupção e punitivista, o que acabou deixando suas propostas para a cidade em segundo plano, que acabou não prevalecendo.


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