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Filipe Sabará: “Os candidatos que prometem renda mínima estão mentindo. Não há dinheiro para isso”

Em entrevista ao EL PAÍS, postulante à prefeitura de São Paulo pelo partido Novo promete impulsionar as privatizações e afirma que hoje há um muro entre o setor privado e a Prefeitura

Filipe Sabará, candidato do Partido Novo à Prefeitura de São Paulo, se define como um postulante da direita raiz, baseada na liberdade. “Eu defendo a liberdade de tomar ou não a vacina, ainda mais essa vacina que teve pouco tempo para ser testada”, afirmou em entrevista ao EL PAÍS nesta teça-feira parte de uma série do jornal com os postulantes ao comando da maior cidade do país. Sabará defende o liberalismo econômico, ao mesmo tempo que se define como um “conservador” e defensor dos valores “da família”. Em relação a Jair Bolsonaro, Sabará diz se alinhar apenas com as pautas liberais do presidente, como o enxugamento da máquina estatal e o foco em serviços essenciais especialmente para as pessoas mais vulneráveis. Veja a entrevista na íntegra acima.

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Entre as principais promessas do candidato do Novo estão três pilares: fomentar o acesso a crédito por micro e pequenos empreendedores das regiões periféricas, promover uma reforma administrativa na gestão da cidade e impulsionar privatizações. “O ambiente econômico de São Paulo pode ser melhorado com a desburocratização. E a prefeitura pode começar a chamar a atenção também para as empresas, para que elas levem seus negócios para a periferia também. É preciso conversar mais com esses setores. Hoje há um muro entre o setor privado e a Prefeitura”.

Sobre a proposta de um renda mínima municipal, formulada por outros candidatos, Sabará afirma que não há verba disponível para um projeto dessa magnitude. “Os candidatos que estão dizendo que vão fazer uma renda mínima estão enganado as pessoas. Não há dinheiro. Estão criando uma solução fictícia para ganhar votos”, diz. O postulante do Novo afirma ser favorável, no entanto, a uma renda básica para uma determinada camada da população que está sofrendo devido à crise gerada pela pandemia do coronavírus. Ele preferiu não colocar a proposta em seu plano de Governo, porque diz não ter a real noção de como estão as contas da prefeitura. “Só se saberá de fato como estará o caixa no ano que vem.”

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Em relação à possibilidade de uma segunda onda de aumento de casos de covid-19, como já aconteceu em cidades da Europa, Sabará diz que a ideia seria focar em vagas de Unidades de Terapia Intensiva (UTI). “Se tiver tratamento para todo mundo, as pessoas podem até se contaminar. Mas ela terá a garantia de tratamento”. Ele defende também que em um quadro de piora de contágios na cidade, seja adotado um isolamento social vertical, modalidade na qual só grupos de risco são isolados, o que é questionado por especialistas, e não horizontal. Sobre a volta às aulas durante a pandemia, o candidato do novo apoia a liberdade dos pais de decidirem se querem ou não os filhos na escola. “Estamos pagando o mesmo imposto para a escola que está fechada e a creche também. Se estamos pagando por um serviço e as pessoas querem usar, claro que com todos os protocolos, as escolas deveriam estar abertas”.

Formado em em marketing pela Faculdade de São Paulo, o candidato, de 37 anos, foi secretário de Assistência e Desenvolvimento Social quando João Doria esteve à frente da prefeitura, em 2017. Agora, ele não poupa críticas do atual governador, a quem critica pela relação “não cordial” com Bolsonaro. A campanha do candidato, que também é empresário do setor de cosméticos, tem sido conturbada. Hoje, ele concorre graças a uma liminar no Tribunal Superior Eleitoral, já que teve sua filiação no Novo suspensa após denúncia de irregularidades em seu currículo —ele dizia que havia se formado em relações internacionais na Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), o que não é verdadeiro de acordo com a instituição. Sabará também teve problemas com a declaração de imposto de renda apresentada, que precisou ser corrigida. Sabará é o candidato mais rico da disputa das eleições municipais. De acordo com o documento entregue ao Tribunal Superior Eleitoral ( TSE), ele é dono de 5,1 milhões de reais, advindos de sua participação em uma empresa do Grupo Sabará, um conglomerado da indústria química do mercado de cosméticos.

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