Três anos e uma eleição após delação da Odebrecht, PF indicia Alckmin por suspeita de corrupção
Ex-governador de São Paulo foi implicado a partir de delações de executivos da construtora, que também embasaram a denúncia do MPF contra seu colega de PSDB por lavagem de dinheiro
O senador José Serra e seu colega de PSDB Geraldo Alckmin têm mais em comum a partir desta quinta-feira do que o passado como governadores de São Paulo. Ambos estão implicados com a Justiça a partir de delações premiadas de executivos do Grupo Odebrecht, anos depois de elas terem vindo à tona no âmbito da Operação Lava Jato. Após Serra ter sido denunciado no início deste mês por lavagem de dinheiro ―o Ministério Público Federal o acusa de ter recebido quase 30 milhões de reais em pagamentos da Odebrecht em contas no exterior―, Alckmin foi indiciado pela Polícia Federal a partir das mesmas colaborações com a Justiça que executivos da empresa fizeram durante as investigações. No caso do último, contudo, falta o Ministério Público de São Paulo decidir se oferece ou não denúncia, quando se formaliza o status de acusado, que pode se tornar réu.
De acordo com a Polícia Federal (PF), Alckmin, que concorreu à presidência da República na última eleição, recebeu 10 milhões de reais da Odebrecht via caixa dois nas eleições de 2010 e 2014 para financiar sua campanha. O pagamento teria sido feito por meio de seu cunhado, o empresário Adhemar César Ribeiro. Tanto no caso de Serra como no de Alckmin, o ritmo das investigações acabou sendo decisivo —e positivo— para os tucanos. O caso contra Alckmin começou em novembro de 2017, quando explodiu a delação da Odebrecht, e foi tocada no Superior Tribunal de Justiça (STJ), antes de o governador deixar o Governo de São Paulo para se candidatar a presidente em 2018. Foi encaminhada à primeira instância em abril de 2018 após o tucano perder o foro privilegiado, já fora do Palácio dos Bandeirantes. A partir de então, passou a ser tocada pela Justiça Eleitoral de São Paulo, contrariando o pedido da época da Lava Jato paulista. Desde então, não havia tido nenhum tipo de andamento.
A contrapartida das doações ocultadas teria vindo nas obras do Metrô de São Paulo e do Rodoanel. Em entrevista à CNN Brasil, Alckmin disse que suas campanhas ocorreram “rigorosamente da lei” e destacou que seu patrimônio não aumentou ao longo dos últimos anos. Segundo ele, “quem está na vida pública tem por dever prestar contas cotidianamente”. O ex-tesoureiro do PSDB Marcos Monteiro e o advogado Sebastião Eduardo Alves de Castro também foram indiciados junto com o ex-governador. Nas contas da PF, os três poderiam pegar de três a 12 anos de prisão pelos crimes de corrupção passiva, caixa dois e lavagem de dinheiro.
José Serra
No caso de José Serra, a denúncia a partir das delações dos executivos da Odebrecht já foi apresentada e repete o enredo apresentado pela PF em relação a Alckmin. Em troca de dinheiro, o hoje senador tucano teria permitido que a empreiteira operasse um cartel nas obras da construção do Rodoanel. “No caso da Odebrecht, essa atuação servia para se atingir a meta de lucro real estabelecida para sua participação nas obras do Rodoanel Sul, pelo superintendente Benedicto Júnior, de 12% sobre o valor do contrato, o qual só foi possível de atingir diante da inexistência de competição no certame licitatório, em razão da formação prévia de um cartel”, dizem os procuradores na denúncia, que também envolve a filha de Serra, Verônica ―ela teria ajudado na movimentação do dinheiro no exterior, para dificultar o rastreamento.
Na ocasião da apresentação da denúncia, o senador tucano disse que os fatos que a basearamsão “antigos e prescritos” ―além disse, criticou o fato de terem sido conduzidas operações de busca e apreensão após a apresentação da denúncia. Serra apontou “movimento ilegal que busca constranger e expor um senador da República” e disse que “mantém sua confiança na Justiça brasileira, esperando que os fatos sejam esclarecidos e as arbitrariedades cometidas devidamente apuradas”.
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