Manifestantes fazem nova greve global pelo clima nesta sexta

170.000 pessoas protestam na Nova Zelândia pela falta de ação contra a mudança climática. Cerca de 100.000 também se concentraram em Roma, na Itália

Marcha de estudantes em Wellington (Nova Zelândia), nesta sexta-feira.Marty MELVILLE (afp)
Madri -

A segunda greve mundial pelo clima, convocada para esta sexta-feira, já começou na Ásia e Oceania. Dezenas de milhares de estudantes saíram às ruas, sobretudo na Nova Zelândia, nesta convocatória de uma nova "sexta-feira pelo futuro" (Fridays for Future) que encerra sete dias de mobilizações, lideradas por diversas plataformas juvenis, contra a falta de ação frente à mudança climática. Os protestos começaram no dia 20 de setembro com uma grande manifestação em Nova York encabeçada pela jovem ativista Greta Thunberg, que inspirou este movimento estudantil. Mas esta sexta-feira se espera que os protestos transcendam o âmbito dos jovens e ganhem a participação de muitos outros coletivos. Não há previsão de atos no Brasil para esta sexta. Contudo, o país se juntou ao movimento global pelo clima na última sexta, quando protestos aconteceram em ao menos cinco Estados e no Distrito Federal.

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Já na Espanha, por exemplo, 500 organizações e entidades aderiram ao movimento deste 27 de setembro. Estão previstas uma centena de atividades nesta sexta-feira, que incluem manifestações esta tarde em Madri, Barcelona e outras cidades. Na Itália, pouco propensa a grandes manifestações, os centros das grandes cidades amanheceram com protestos lotados de pessoas. Em Roma, por exemplo, cerca de 100.000 pessoas se reuniram na praça da República. Não havia políticos nem símbolos partidários. Apenas estudantes com bandeiras coloridas e lemas contra o aquecimento global, informa Daniel Verdú.

A Nova Zelândia foi cenário de alguns dos protestos mais numerosos até agora. Segundo organizadores, 170.000 pessoas participaram das convocatórias distribuídas por mais de 40 cidades do país. Os estudantes neozelandeses tiveram sua desforra depois de não poderem participar dos protestos da sexta-feira passada, que coincidiu com a data de exames oficiais.

Representantes da mobilização neozelandesa entregaram, além disso, uma carta aberta ao Parlamento, assinada por 11.000 cidadãos, em que se pede ao Governo a declaração de estado de emergência climática. "Nossos representantes têm que adotar medidas significativas e imediatas para proteger o futuro deste planeta", afirmou o coordenador nacional da plataforma School Strike 4 Climate, citado pelo jornal The Guardian.

Na Coreia do Sul, enquanto isso, milhares de estudantes universitários e secundaristas se concentraram no centro da cidade, em frente ao Palácio do Gyeongbokgung. As greves continuarão ao longo da tarde, com mobilizações programadas em Hong Kong e Singapura e várias cidades da Tailândia, Filipinas, Indonésia e Mongólia.

Semana decisiva para o clima

Esta semana se apresentou como decisiva na luta contra a crise climática. No âmbito mais político e institucional, Nova York acolheu na segunda-feira passada uma cúpula climática convocada pela ONU em que se pedia aos Estados que se comprometessem a apresentar em 2020 planos mais fortes para as reduções de emissões. A proposta foi aceita por 70 países, encabeçados pelos europeus. Entretanto, esses esforços sozinhos são insuficientes, porque não houve um compromisso nesse sentido por parte dos principais emissores de gases de efeito estufa: China, Estados Unidos e Índia.

A sede de Nações Unidas em Nova York também recebeu no domingo um encontro de jovens ativistas que estão liderando estas mobilizações mundiais lado a lado com a ciência. Na quarta-feira, o IPCC, o grupo internacional de cientistas que assessoram a ONU na questão climática apresentou seu relatório especial sobre os efeitos da mudança climática sobre os oceanos. As conclusões não são positivas: a elevação do nível do mar (associada a uma maior frequência de eventos climáticos extremos, como ciclones e inundações) se acelerou e já é irreversível. O IPCC pediu que uma redução das emissões de gases de efeito estufa que estão vinculadas, principalmente, aos combustíveis fósseis. Reduzir essas emissões que superaquecem o planeta está no centro das reivindicações dos protestos desta sexta-feira.

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