Somos os (jovens) “idiotas úteis” da Greta pelo movimento climático do Brasil!
Quando falamos de ações para superar a crise climática, não existem limites para atuar. Afinal, é uma situação de emergência que precisamos agir agora ou agora
É inegável que Greta Thunberg dá vida ao movimento climático mundial: ela é uma jovem de 16 anos que move muito mais o rumo de ações efetivas para o clima do que pessoas que já estão no mundo há muito mais tempo que ela. E, assim como ela, nós, jovens, entendemos que, quando falamos de ações para superar a crise climática, não existem limites para atuar. Afinal, é uma situação de emergência que precisamos agir agora ou agora. Não existe outra opção, e queremos compromissos ambiciosos já.
Também compreendemos que sempre haverá críticos e odiadores do que nós jovens fazemos e com a Greta não seria diferente. Não que sejamos contra a pluralidade de visões e opiniões de pessoas que não acompanham ou não compreendem o movimento climático no Brasil e no mundo, muito pelo contrário. Mas é interessante entender que o movimento climático é para além da jovem ativista, porque esse movimento não nasceu e nem se encerra em Greta Thunberg.
Ela, hoje, é vista como símbolo das questões da mudança do clima que nos afetam diretamente, mas é interessante lembrar que desde o século XX essas questões são discutidas por várias pessoas, organizações e movimentos, sendo muito raso referenciar um movimento histórico e global apenas no que ela tem representado. Nós, aqui no Brasil, somos protagonistas dessa história, e vimos nascer, após os esforços da ECO-92, a Convenção Quadro de Mudanças do Clima da ONU. Mas Greta não é um símbolo à toa. Ela incita coragem e demonstra sim o que pode ser feito, com pouco, no dia a dia, por qualquer pessoa. Seu movimento, que começou com ela protestando sozinha em frente ao parlamento sueco, mostra que qualquer pessoa pode fazer a diferença e mobilizar mais gente pela causa em que acredita. Mostra ainda que quando as pessoas se unem por uma causa, resultados são obtidos, e um exemplo disso é o recente resultado das eleições europeias de 2019. O movimento que Greta iniciou e lidera é histórico e contribui com a necessidade de escutarmos uma diversidade de vozes para chegarmos a políticas eficientes para o futuro do planeta.
São recorrentes os discursos de lideranças que depositam em nós a esperança de um futuro melhor. Porém, muitas vezes, quando os jovens se posicionam e ganham visibilidade, levam tapa na cara e continuam não sendo escutados, colocados apenas como figurantes para fazer jus a uma imagem de representatividade intergeracional que não é de fato verdade. E como seria se não somos colocados em espaços de tomadas de decisão coletivas? Ou se, nesses espaços a nossa voz não tem efeito vinculante? Essa não é a primeira, e nem será a última vez, que somos criticados por nos posicionarmos ou nos mobilizarmos em prol daquilo que acreditamos, hoje, especialmente, com os holofotes direcionados a nossa geração.
Esse discurso de que os jovens são o futuro é balela, os efeitos das mudanças do clima já estão acontecendo agora e nós estamos agindo. Estamos agindo para chamar a atenção SIM; estamos nos unindo porque acreditamos na força do coletivo e da colaboração; estamos agindo porque não dá mais para esperar que os nossos líderes façam por nós. Estamos criando com as nossas próprias mãos o mundo que queremos! E estamos abertos a construir juntos.. mas não podemos mais esperar!
A principal reflexão que deve estar no centro do debate, de fato, é sobre a autonomia da juventude em pautarem suas demandas, e não termos que “seguir" ninguém. Isso porque, como temos demonstrado com nossas ações, estamos fazendo e estamos fazendo agora. Ouvimos sempre que nós jovens somos o futuro, a esperança de um mundo melhor, porém quando nos mobilizamos e agimos, somos chamados de 'idiotas úteis', por meio de críticas nada construtivas. Não nos surpreende que uma geração que pariu aberrações negacionistas não consegue compreender as revoluções sistêmicas que estamos passando e que vamos passar de qualquer maneira. Nem nos surpreende que existam críticas ao nosso comportamento vindo de uma geração que falhou —e ainda falha— em promover um mundo equitativo e mais justo para todos e todas nós.
Nós, jovens, defendemos que hajam ações, que os tomadores de decisão saiam do seu estado de inércia e ajam de acordo com a urgência do problema que vivemos. A Greta materializa um chamado coletivo para ação —e assim que tivermos esse tipo de sensibilização disseminada na sociedade, podemos nos propor a discutir o que queremos enquanto solução e co-criar. Greta é a mensageira que mobiliza os jovens e mostra para todos nós como nossas pequenas ações ganham visibilidade e geram resultado. Avaliamos que a principal contribuição desses movimentos é que agora, rapidamente, a crise climática está na boca do povo, em lugares em que o tema antes era inalcançável. A mudança começou e juntos somos aqueles por quem estávamos esperando e não sabíamos.
O Engajamundo é uma organização de lideranças jovens que trabalha atualmente para ter alcance global nos debates sobre a crise climática. O Friday for Future é o movimento criado após os protestos de Greta Thunberg, em 2018. Na época, ela tinha 15 anos e ficou sentada em frente ao Parlamento suíço durante o horário escolar por três semanas para protestar contra a falta de ações para combater a crise no clima. Em setembro do mesmo ano, ela passou a fazer o protesto apenas às sextas-feiras. A hashtag #fridaysforfuture viralizou entre os jovens nas redes sociais.
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