Ibama diz que Força Nacional ignorou alertas sobre “Dia do Fogo” no Pará
Documentos publicados no site Poder 360 mostram troca de informações a partir de alerta do Ministério Público Federal. Órgão ambiental diz não contar com apoio da PM
O Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente) solicitou apoio da Força Nacional para combater um grupo que havia anunciado o plano de promover queimadas no interior do Pará, no autobatizado "Dia do Fogo". O alerta direcionado ao Ministério da Justiça de Sergio Moro, a quem responde o contingente para emergências que forma a Força Nacional, foi feito no começo de agosto, mas não foi atendido. A informação consta de um documento com data de 12 de agosto, emitido pelo próprio órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e publicado pelo site Poder 360 na noite desta segunda-feira.
“Saliento que já foram expedidos ofícios solicitando apoio da Força nacional de Segurança, entretanto até o momento não houve resposta”, afirmou o coordenador-geral de Fiscalização Ambiental do Ibama, Renê Luiz de Oliveira, em um documento exibido pela reportagem. Oliveira se queixava também da falta de acompanhamento da Polícia Militar do Pará para outras operações do Ibama.
A troca de documentos entre as instituições que revela os antecedentes do "dia do fogo" começa com uma comunicação do procurador Paulo de Tarso Moreira Oliveira, que diz ter sabido dos planos de promover um dia especial para queimadas por um jornal da região de Novo Progresso, no Pará. O ofício foi enviado em 7 de agosto, mas só no dia 12, dois dias depois de os grupos levarem a cabo o plano das queimadas, a resposta do Ibama veio. "Pode-se constatar, diante de tal cenário, grave negligência do Estado na proteção da floresta amazônica, o que abre larga margem para ações desenfreadas por infratores contra o meio ambiente", escreveu o procurador em 22 de agosto, em ofício em que cobrou informações a respeito da Força Nacional e da PM do Pará.
No documento, Oliveira cita que, apesar das "ameaças crescentes na região sul do Pará", a base do Ibama em Novo Progresso foi retirada. "As operações programadas para o segundo semestre deste ano, correspondente ao período seco, foram inteiramente canceladas", acrescenta.
Nesta segunda-feira, a força-tarefa do Ministério Público para apurar crimes na Amazônia Legal se reuniu em Brasília e anunciou novas ações para apurar a onda de incêndios na região, a mais intensa em ao menos cinco anos. Só na sexta-feira o Governo decidiu reforçar o combate ao incêndio na região Norte com o emprego de 43.000 militares. Até o momento, sete dos nove Estados da Amazônia Legal requisitaram a ajuda.
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