Milhares de manifestantes bloqueiam o aeroporto de Hong Kong
Todos os voos desta segunda foram cancelados, e especula-se possibilidade de uma intervenção policial
A repressão policial aos protestos antigovernamentais em Hong Kong neste domingo, que terminaram com 45 feridos, sendo 2 em estado grave, causou uma profunda indignação popular. Milhares de manifestantes se dirigiram na tarde desta segunda-feira (hora local) ao aeroporto do território autônomo chinês para expressar seu rechaço à violência das forças de segurança, fazendo especial referência à jovem que recebeu no rosto o impacto de uma bala de borracha – as quais foram disparadas a curta distância e mirando na cabeça, práticas proibidas por convenções internacionais. Por causa disso, ela perdeu a visão de um olho, e seu prognóstico médico permanece reservado.
Em resposta à ocupação dos manifestantes, a autoridade do Aeroporto Internacional de Hong Kong, um dos mais movimentados do mundo, decidiu cancelar todos os voos a partir das 16h desta segunda-feira (5h em Brasília). “O check-in dos voos foi suspenso. À exceção dos voos que já completaram o check-in e das chegadas que já estão a caminho de Hong Kong, todos os outros foram cancelados por hoje”, disseram as autoridades aeroportuárias em nota.
Os protestos continuam no interior do aeroporto pelo quarto dia consecutivo, depois que os manifestantes se apresentaram ali pela primeira vez na sexta-feira. A decisão das autoridades de bloquear a passagem de qualquer transeunte que não apresentasse uma passagem aérea foi infrutífera, e a concentração continuou. A polícia ainda não interveio, embora imagens compartilhadas nas redes sociais mostrem que uma intervenção poderia ocorrer nas próximas horas.
O aeroporto de Hong Kong é um entroncamento crucial no tráfego aéreo mundial, tanto de passageiros como de produtos. Em 2017, transportou quase 73 milhões de pessoas, o que faz dele o oitavo aeroporto mais transitado do mundo e o terceiro da Ásia, atrás apenas dos de Pequim e Tóquio. Seu papel é mais importante no fluxo de mercadorias: desde 2010, é o maior do mundo em tráfego de cargas. O aeroporto internacional de Hong Kong, inaugurado em 1998, fica num aterro conquistado do mar, adjacente à ilha de Lantau, e foi desenhado pelo arquiteto britânico Norman Foster.
Enquanto isso, em Pequim, o Escritório para Assuntos de Hong Kong e Macau, um órgão do Conselho de Estado, principal instituição política chinesa para a gestão de assuntos relativos à ex-colônia britânica, ofereceu sua terceira entrevista coletiva em duas semanas, seguindo a tendência de deixar o Governo local de lado e assumir o protagonismo na gestão da crise, já na sua 11ª semana consecutiva. Se na semana passada o porta-voz Yang Guang reafirmou sua total confiança na polícia e a estimulou a enfrentar os protestos com mais dureza – declarações que foram interpretadas como incentivo para o ocorrido no domingo –, nesta segunda ele se referiu aos manifestantes como “terroristas”, o que prenuncia ainda mais violência.
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