_
_
_
_

Bolsonaro sinaliza a Macron que fica no Acordo de Paris, e discute com Trump medidas contra Maduro

Encontro com líder francês foi "amistoso", diz porta-voz brasileiro. Macron ameaçou boicotar acordo entre UE e Mercosul caso Bolsonaro abandonasse Acordo do Clima

El País
Mais informações
Políticas ambientais de Bolsonaro põem Brasil sob ataque no G20
Alexandre Frota: “Quando falava da esquerda, era ‘o cara’. Agora, me dizem: ‘Você está louco”
Merkel quer ter “conversa clara” com Bolsonaro sobre desmatamento no G20

O presidente Jair Bolsonaro se reuniu nesta sexta-feira com os presidentes Donald Trump (EUA) e Emmanuel Macron (França), durante o encontro do G20 em Osaka, Japão. A conversa com o líder americano, em uma reunião bilateral, girou em torno da necessidade de “asfixiar” financeiramente aliados do regime de Nicolás Maduro para alcançar uma “solução democrática” para a Venezuela. Dentre as possíveis medidas, os mandatários discutiram a possibilidade de cortar “o apoio econômico” aos países que aportam recursos à Venezuela, afirmou o porta-voz de Bolsonaro, general Otávio Rego Barros. Segundo ele, os dois líderes compartilham do conceito de que “quem oferece algum apoio financeiro para a Venezuela pode eventualmente ser alvo de alguma ação econômica para que cesse este apoio”.

Indagado se Cuba pode ser um dos alvos de uma eventual sanção por seu apoio a Maduro, Barros não quis comentar se o país caribenho foi mencionado pelos líderes. De acordo com o porta-voz, o presidente dos EUA teria dito no início do encontro que é preciso “ter paciência” com relação à crise venezuelana: “este tipo de transição leva tempo”. Cinco meses atrás Trump reconheceu o opositor Juan Guaidó como presidente legítimo da Venezuela. Apesar do endosso norte-americano e de mais algumas dezenas de líderes mundiais, Guaidó não conseguiu tomar o poder de Maduro.

Os presidentes Trump e Bolsonaro, durante encontro na cúpula do G20 nesta sexta.
Os presidentes Trump e Bolsonaro, durante encontro na cúpula do G20 nesta sexta.Susan Walsh (AP)

Por sua vez Bolsonaro declarou apoio à campanha de Trump para a reeleição em 2020, e o presidente americano prometeu visitar o Brasil ainda este ano, sem data definida. Não é a primeira vez que o mandatário brasileiro se posiciona com relação a processos eleitorais de outros países: na Argentina ele defende abertamente a vitória de Mauricio Macri.

Acordo do Clima de Paris

Se a reunião com Trump seguiu o rumo esperado, tendo em vista o alinhamento ideológico entre os dois presidentes, a conversa com Macron era cercada de expectativas. Um clima de animosidade se formou entre ambos durante o primeiro dia do encontro do G20, após declaração do líder francês de que não assinaria nenhum acordo econômico entre a União Europeia e o Mercosul, firmado horas depois, caso Bolsonaro abandone o Acordo de Paris. O capitão da reserva já ameaçou fazê-lo algumas vezes. Para reforçar a pressão sobre as políticas ambientais brasileiras, a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que teria uma conversa “clara e séria” com Bolsonaro sobre o assunto. O presidente brasileiro, por sua vez, respondeu dizendo que a Alemanha "tem muito a aprender com o Brasil".

O clima tenso criado entre o mandatário do Brasil e os líderes europeus cresceu ainda mais nesta sexta-feira. Inicialmente a conversa entre os dois líderes, que constava na agenda de Bolsonaro, chegou a ser cancelada. De acordo com a BBC, representantes da diplomacia francesa anunciaram que não havia reunião bilateral marcada entre eles. Isso fez com que o staff bolsonarista anunciasse o cancelamento do encontro, que acabou se realizando horas depois.

Apesar da tensão inicial, o porta-voz brasileiro disse que o encontro com o líder francês foi “amistoso” e “informal” – sem o status oficial de uma reunião bilateral. O general Barros afirmou que Bolsonaro sinalizou que o país deve continuar no Acordo de Paris.

Bolsonaro também fez questão de agradecer o chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, por ter detido um sargento de sua comitiva presidencial durante escala em Sevilha. O militar levava 39 quilos de cocaína na bagagem.

Macron e Bolsonaro se reuniram nesta sexta, após o Governo brasileiro ter anunciado o cancelamento do encontro,
Macron e Bolsonaro se reuniram nesta sexta, após o Governo brasileiro ter anunciado o cancelamento do encontro,JACQUES WITT (AFP)

Discurso em reunião informal dos Brics

Na manhã desta sexta-feira, o presidente também discursou na reunião informal do Brics, grupo de países que reúne Brasil, Índia, China, Rússia e África do Sul, no Japão. Bolsonaro chamou os outros países do grupo a demonstrarem a capacidade de enfrentar “momentos difíceis e desafiadores” como o que o mundo atravessa atualmente. Segundo ele, desde a crise financeira de 2008, o Brics tem apontado o papel relevante das grandes potências emergentes para a estabilidade e a prosperidade da economia mundial.

Bolsonaro afirmou que, no seu governo, o Brasil reafirmou o apoio ao sistema multilateral de comércio por entender que ele é importante para o desenvolvimento da economia mundial. “A persistência de correntes protecionistas e de práticas econômicas desleais é fonte de tensões comerciais e põe em risco a estabilidade das regras internacionais de comércio", afirmou.

Em seu discurso, o presidente brasileiro destacou ainda o posicionamento do Brasil de continuar colaborando para a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC). Após a reunião, os líderes do Brics divulgaram uma declaração conjunta, na qual se comprometeram, entre outros pontos, com a plena implementação do acordo de Paris, o que ratificou a sinalização de Bolsonaro a Macron de que o Brasil permaneceria no acordo climático.

Com Agências

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_