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Um morto e seis feridos em ataque a tiros contra uma sinagoga na Califórnia

Um suspeito foi preso no local. A polícia investiga um manifesto na Internet em que ele proclamava seu ódio contra judeus e muçulmanos

Mulheres se abraçam no exterior da sinagoga Chabad, em Poway, Califórnia.
Mulheres se abraçam no exterior da sinagoga Chabad, em Poway, Califórnia.Denis Poroy (AP)

Um homem branco de 19 anos de idade entrou na manhã deste sábado em uma sinagoga em San Diego, Califórnia, e começou a atirar nas pessoas presentes na celebração do último dia da Páscoa judaica. Uma mulher de 60 anos morreu e outras três pessoas ficaram feridas. O suspeito, que a polícia diz ter agido sozinho, foi identificado como John T. Earnest, um morador da área e cujas ações redes sociais parecem indicar um fascínio pelos recentes tiroteios contra mesquitas na Nova Zelândia. Investigadores e toda a classe política consideram se tratar de um novo crime de ódio, que está aumentando nos Estados Unidos.

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O xerife do condado de San Diego, Bill Gore, informou ao meio-dia em sua conta no Twitter sobre um tiroteio em uma sinagoga na cidade de Poway, um subúrbio abastado ao norte de San Diego. De acordo com o relato do xerife nas redes sociais, havia vários feridos que foram transferidos para Palomar, um hospital próximo. Pouco depois, o prefeito de Poway, Steve Vaus, confirmou que uma das vítimas, uma mulher, havia morrido. Os outros feridos são dois homens adultos e uma jovem, que estão em condição estável.

O atirador, John T. Earnest, foi preso no local, sem impor resistência. O xerife Gore relatou que ele usou um fuzil de assalto tipo AR no ataque. Ele não tinha ficha criminal.

A polícia informou que estava examinando uma "carta aberta" que o suspeito postou na Internet. No site Pastebin há uma cópia de uma mensagem supostamente publicada na rede 8chan, atribuída a um certo John Earnest, que se define como "um homem de ascendência europeia". A carta é um longo texto disperso e desconexo em que o autor justifica ataques a judeus e muçulmanos e também parece declarar-se o responsável pelo incêndio de uma mesquita em Escondido, também em San Diego, em 24 de março. Naquela ocasião não houve vítimas. Em uma passagem, faz uma espécie de autoentrevista em que se pergunta: "Você é um defensor de Trump?". E responde: "Você quer dizer esse sionista, amante dos judeus, antibrancos, filho da puta, traidor? Não me faça rir".

Na carta também elogia "o sacrifício" de Brenton Tarrant, o supremacista branco que matou 50 pessoas a sangue frio e feriu pelo menos outras 30 em duas mesquitas em Christchurch, Nova Zelândia, em 15 de março. Tarrant retransmitiu o primeiro ataque ao vivo no Facebook. As autoridades de San Diego não confirmaram no sábado à tarde se John Earnest tinha uma conta no Facebook nem se era o autor do manifesto supremacista.

Algumas testemunhas disseram à CNN que ouviram seis ou sete tiros, um silêncio e logo depois outra rajada semelhante. A rede informou que um dos feridos é um rabino, Yisroel Goldstein. Uma testemunha, Minoo Anvari, confirmou que um dos feridos era o rabino e disse ao San Diego Union-Tribune que o assassino estava "atirando em todos e xingando". Testemunhas relataram que o rabino Goldstein tentou conversar e acalmar o assassino, mesmo depois de ser atingido em uma mão.

O suspeito tentou fugir de carro do local, mas foi interceptado por um agente da polícia de fronteira que não estava em serviço. O policial atirou no veículo e Earnest parou e saiu com as mãos para o alto, de acordo com o relato das autoridades. Dois policiais locais de Poway procederam à prisão.

O chamado às forças de segurança ocorreu às 11h23 da manhã (horário local). A sinagoga atacada é a comunidade Chabad. A congregação celebrava o fim da Páscoa judaica e o serviço religioso estava marcado para as 11 da manhã.

O prefeito Steve Vaus disse em uma entrevista coletiva que as testemunhas contaram a ele como alguns membros da sinagoga enfrentaram o assassino e isso impediu que o ataque fosse ainda pior. O prefeito disse que o atirador era "alguém com ódio em seu coração".

Por volta de duas e meia da tarde, o presidente Donald Trump se dirigiu à mídia no jardim da Casa Branca para expressar sua "mais profunda solidariedade com os afetados". "Estamos investigando. Neste momento parece ser um crime de ódio", disse Trump. O presidente estava indo para um ato político na noite de sábado em Wisconsin.

O evento ocorre exatamente seis meses após o pior atentado antissemita da história dos Estados Unidos. Em 27 de outubro, também durante a cerimônia do sábado de manhã, um homem matou a tiros 11 pessoas na sinagoga Tree of Life, em Pittsburgh, Pensilvânia. Sete outras ficaram feridos.

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