Sri Lanka aponta grupo jihadista nacional como responsável pelos ataques do Domingo de Páscoa
Cerca de 290 pessoas morreram e 500 ficaram feridas na série de atentados terroristas. Nesta segunda-feira, uma van explodiu perto de uma das igrejas atacadas. 24 suspeitos estão presos

O Governo do Sri Lanka aponta o grupo jihadista local National Thowheeth Jama’ath (NTJ) de estar por trás da série de atentados que aconteceram na principal cidade do país, Colombo, e em outras localidades e que deixaram 290 mortos e 500 feridos. O porta-voz do Executivo, Rajitha Senaratne, disse em entrevista coletiva que os ataques foram realizados com a ajuda de uma rede internacional de terroristas. “Não acreditamos que esses ataques tenham sido levados a cabo por um grupo de pessoas deste país”, afirmou.
Nesta segunda-feira, uma van explodiu perto de uma das igrejas atacadas em Colombo quando o esquadrão antibombas tentava desativá-la. O estado de alerta máximo está mantido nesta ilha no Oceano Índico um dia depois das explosões ocorridas na capital, Colombo, durante o Domingo de Páscoa em três hotéis de luxo, um albergue e três igrejas cristãs. As autoridades encontraram 87 detonadores de bombas na principal estação de ônibus de Colombo. Uma também foi desativada nesta segunda-feira no aeroporto da cidade.
This video is reportedly of the latest blast in #SriLanka near St Anthony’s church in #Colombo which went off while a bomb squad was trying to defuse the devices. #SriLanka pic.twitter.com/3OWnrpMRgl
— Abhishek Dwivedi (@dwivedi344) April 22, 2019
Como medida de precaução, o Conselho de Segurança Nacional determinou um segundo toque de recolher noturno em Colombo, que estará ativo das 20h desta segunda-feira (hora local) às quatro da manhã de terça-feira. Outra medida é o bloqueio do acesso às redes sociais para evitar a disseminação de notícias falsas e mensagens de ódio.
A polícia do Sri Lanka já prendeu 24 pessoas, mas ainda ninguém reivindicou a autoria dos atentados. Médicos legistas identificaram os corpos de sete terroristas suicidas. O Departamento de Estado dos Estados Unidos alertou que grupos terroristas poderiam estar planejando novos ataques.
O primeiro-ministro do Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe, disse no domingo em um discurso à nação que as autoridades tinham recebido avisos de possíveis ataques, mas reconheceu que “não lhes foi dada a devida atenção”. Wickremesinghe também alertou que os serviços de segurança do país não descartam a possibilidade de novos atentados.
Enquanto isso, dezenas de famílias se aglomeram no principal necrotério de Colombo à espera da identificação dos corpos. A grande maioria dos mortos é composta por cidadãos do Sri Lanka, incluindo dezenas de cristãos que estavam nas três igrejas cristãs – duas católicas e uma evangélica – onde as bombas explodiram. Segundo o Ministério das Relações Exteriores do país, 36 mortos são estrangeiros.
O ataque foi o mais devastador sofrido pelo Sri Lanka desde 2009, quando terminou uma guerra civil de quase 30 anos entre a maioria budista e a minoria hindu tamil – segunda etnia do país, concentrada no norte e no nordeste –, que deixou 100.000 mortos.

Com uma população próxima dos 21 milhões de habitantes, o Sri Lanka é majoritariamente budista. Representam 70% da população do país, que tem ainda 12% de hindus, 10% de muçulmanos e 7% de cristãos. A matança terrorista golpeia um país marcado pela tensão étnico-religiosa e por uma guerra civil que durou quase três décadas e dificultou seu desenvolvimento.