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O diário de Bolsonaro no hospital em alguns tuítes

Internado desde o dia 27, presidente tentou manter rotina de trabalho ao mesmo tempo que se recupera cirurgia. Como de costume, deixou toda sua rotina registrada nas redes

Felipe Betim
Bolsonaro, em foto publicada por ele nas redes sociais no dia 8 de fevereiro.
Bolsonaro, em foto publicada por ele nas redes sociais no dia 8 de fevereiro.

As redes sociais explicam, ao menos em parte, o fenômeno Jair Bolsonaro. Mesmo após sua posse, o ultraconservador presidente do Brasil vem mantendo uma relação próxima e direta com seus simpatizantes por meio  da Internet, mantendo-os sempre engajados. Sua ferramenta preferida é o Twitter, a mesma rede frequentemente usada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para os mesmos fins. Bolsonaro não deixou seu telefone de lado nem quando regressou ao hospital no dia 27 de janeiro para ser submetido a uma cirurgia para restabelecer o trânsito intestinal, a terceira operação desde que sofreu um ataque em plena campanha eleitoral, no dia 6 de setembro do ano passado. "Um forte abraço a todos e até breve! Deus no comando!", publicou poucas horas depois de dar entrada no hospital privado Albert Einstein, em São Paulo. No mesmo tuíte, um Bolsonaro já com o pijama do centro médico falava em um vídeo de um minuto e meio sobre sua performance no foro econômico de Davos e lamentava a tragédia em Brumadinho. Ele teve alta nesta quarta-feira

28/01/2019, segunda-feira. A operação foi iniciada às 8h30 e, ao invés da três horas de duração previstas inicialmente, durou sete. Foi encerrada às 15h30 após a equipe médica remover a parte do intestino grosso que estava conectada à bolsa de colostomia e uni-lo ao intestino delgado. Apesar de ser um procedimento mais complexo, foi considerado um sucesso. Encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), às 16h30 o Twitter de Bolsonaro publicava três emojis que diziam "Brasil, está tudo bem, Graças a Deus".

30/01/2019, quarta-feira. Dois dias foi o tempo que Bolsonaro permaneceu fora de seu posto e cedeu seu lugar para o vice-presidente, o general Hamilton Mourão. O mandatário não quis esperar sua plena recuperação para voltar ao comando do país. Na quarta, informava aos brasileiros pelo Twitter que "entre exercícios e fisioterapia, os trabalhos que já vinham sendo tocados pela nossa equipe seguem com afinco".

01/02/2019, quinta-feira. No dia seguinte, a primeira imagem do presidente depois de passar pela cirurgia. Deitado em uma cama hospitalar, Bolsonaro assiste e se emociona com um casal de artistas que cantam Evidências, um clássico da música sertaneja, de Chitãozinho e Xororó. Naquele mesmo 1 de fevereiro, se mostrava trabalhando no gabinete improvisado dentro de seu quarto. "Reunião por videoconferência com o Ministro Chefe do Gabinete de Segurança Institucional, General Heleno", escreveu.

04/02/2019, segunda-feira. Mesmo no hospital, o presidente continuou se pronunciando sobre a vida política do país, retuitando os perfis de membros de seu Governo e, claro, respondendo polêmicas. Após as eleições para presidente da Câmara e do Senado, chegou a parabenizar os vencedores, o deputado Rodrigo Maia e o senador Davi Alcolumbre, ambos do DEM. Finalmente, depois de três dias em que só sabíamos de seu estado através dos boletins médicos, o mandatário postou um vídeo em que aparece fazendo fisioterapia. "(...) funções voltando à normalidade e fisioterapia continua nos fortalecendo para que possamos voltar o mais rápido possível às atividades rotineiras com plena força", publicou.

05/02/2018, terça-feira. Com as notícias de que o presidente havia sofrido uma parada intestinal e que os médicos tiveram que instalar um dreno no abdômen e uma sonda que recolhia líquido acumulado em seu estômago, os boatos e temores sobre seu estado de saúde dispararam. A alta, prevista para quarta-feira, 6 de fevereiro, havia sido adiada. Em um tuíte, Bolsonaro acusou a imprensa de fazer militância política e tratou de tranquilizar sobre seu estado de saúde. Para provar que tudo estava bem, postou outra foto sua, dessa vez despachando normalmente de sua cama hospitalar.

06/02/2018, quarta-feira. No dia em que deveria deixar o Albert Einstein, o presidente disse que estava cada vez melhor. "Hoje já caminhei, fiz atividades respiratórias, exames positivos e funções fisiológicas em plena evolução", contou a seus seguidores. E o trabalho como chefe de Estado e de Governo, garantiu ele, continuava a pleno vapor. Mas ele ainda encontrou energia para abordar um de seus temas favoritos: a suposta doutrinação em instituições de ensino. Em vídeo postado em seu perfil, dois jovens aparecem dançando ao som de Bella Ciao com a letra de "Ele Não", no que parece ser uma festa de formatura, e exibem um cartaz escrito "Fascistas, Machistas, Racistas e Homofóbicos Não Passarão". O presidente parece ter ficado ofendido.

08/02/2018, sexta-feira. Com a melhora de seu estado de saúde, Bolsonaro celebra "o prazer de voltar a comer". Na noite anterior, um caldo de galinha. Naquela sexta, uma "boa gelatina", diz. "Estou feliz, apesar de não ser aquele pão com leite condensado kkkk". No mesmo dia, o presidente retirou a sonda e recebeu no hospital o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes, e o Subchefe de Assuntos Jurídicos, Jorge Francisco de Oliveira. "O Brasil não pode parar!"

09/02/2019, sábado. O presidente aproveita o fim de semana para anunciar, no sábado, o General de Exército Jesus Corrêa como novo Presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). E também, claro, para mostrar sua boa disposição.

10/02/2019, domingo. No dia em que completou duas semanas no hospital, Bolsonaro optou por gravar um vídeo e falar diretamente aos seus mais de três milhões de seguidores. Ao comentar sobre sua estadia no Albert Einstein, disse: "Sabemos que pouca gente pode ter um tratamento como esse, mas também temos plena consciência de que nosso SUS pode melhorar, e muito!". Ele também cobrou que se investigue quem foram os responsáveis por planejar um atentado contra ele, apesar de a Polícia Federal já ter concluído que Adélio Bispo de Oliveira planejou e executou sozinho a facada que deu no então candidato no dia 6 de setembro do ano passado.

11/02/2019, segunda-feira. A semana começa para Bolsonaro da mesma forma que para todo homem brasileiro comum: se barbeando. Depois, ao trabalho. O presidente, aparentando estar com mais saúde e disposição, posta então uma foto em aparece despachando com Pedro César Sousa, chefe do gabinete pessoal, e Célio Faria, assessor-chefe da assessoria especial da presidência.

13/02/2019, quarta-feira. O presidente comemora a saída do hospital  e o retorno à Brasília.

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