Embaixadora de Guaidó anuncia que Brasil enviará ajuda humanitária à Venezuela
A enviada anuncia criação de uma segunda rota por Roraima para levar remédios e comida. María Teresa Belandria se reuniu com o ministro de Relações Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo
![Naiara Galarraga Gortázar](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/https%3A%2F%2Fs3.amazonaws.com%2Farc-authors%2Fprisa%2Fa5a22b1a-84b6-40d6-b292-c98a40bd973a.png?auth=c0df4b072b7d9d7a6320aca9be53db4f71063215e26b63e8bf03c10f6b7f4606&width=100&height=100&smart=true)
![A nova embaixadora da Venezuela, Maria Teresa Belandria, nesta segunda-feira.](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/MBN4TOD46DBMBODPD7VDNTFE3E.jpg?auth=311a79207e57521227c1fda3875b371de6ff69dde9de3d01e70a222864652ef0&width=414)
O Governo do Brasil reforçou seu envolvimento na ofensiva para que Nicolás Maduro abandone o poder na Venezuela. Nesta segunda-feira recebeu como nova embaixadora da Venezuela Maria Teresa Belandria, enviada pelo autoproclamado presidente Juan Guaidó. A advogada anunciou, após reunir-se em Brasília com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que o Brasil vai abrir um centro de distribuição de ajuda humanitária na fronteira com seu país, que se somará ao existente em Cúcuta (Colômbia).
“Começamos a avançar para a cooperação plena com o Governo do Brasil, que se comprometeu a dar todo o apoio possível" para criar um centro de armazenamento de remédios e alimentos, explicou Belandria em uma coletiva de imprensa na sede do Ministério de Relações Exteriores. Ela detalhou que os suprimentos não virão apenas dos Estados Unidos, mas também de instituições e empresas brasileiras.
O centro de distribuição será instalado no Estado de Roraima, na fronteira de 2.100 quilômetros que os dois países compartilham. Pouco se sabe sobre o plano, do qual o Governo do ultradireitista Jair Bolsonaro não deu detalhes. Desde que assumiu o cargo, Bolsonaro pede a saída de Maduro e a democratização do país vizinho. A Venezuela se tornou o cenário principal da enorme guinada na diplomacia brasileira desde a vitória eleitoral do ex-militar.
O plano de Guaidó é recolher remédios e alimentos para introduzi-los na Venezuela. Pretende desse modo deixar os militares que vigiam a fronteira diante do dilema de desobedecer Maduro e permitir a passagem, ou impedir a entrada de suprimentos para uma população extremamente necessitada. A ajuda armazenada na cidade colombiana de Cúcuta está ali parada desde quinta-feira, pois as autoridades venezuelanas bloquearam a travessia de vários caminhões na estrada que cruza a fronteira.
Depois de Guaidó se proclamar presidente interino da Venezuela e ser reconhecido pelos Estados Unidos, Brasil e boa parte da América Latina (com exceção do México e do Uruguai) e d dos países da União Europeia, a ajuda humanitária é outro dos elementos para instigar a deposição do chavismo.
A advogada Belandria estava acompanhada de Lester Toledo, nomeado por Guaidó para coordenar a operação de distribuição de ajuda humanitária. Toledo garantiu que o centro de armazenamento brasileiro será criado "dentro de poucos dias" e que "centenas de toneladas chegarão nas próximas semanas" do Brasil e de outros países. Quanto ao modo como as cargas entrarão no país vizinho, a única coisa que Lester especificou é que a entrega "será acompanhada por pessoas", por "venezuelanos que querem a chegada de ajuda e liberdade", que terão ao seu lado, afirmou, "os soldados da pátria" — em referência aos militares. No entanto, apesar da anistia oferecida por Guaidó e das deserções de dois comandantes de alto escalão, a maior parte dos militares permanece leal ao Governo de Maduro.
A Venezuela e o Brasil retiraram seus embaixadores no final de 2017 e, por ora, a enviada de Guaidó não terá acesso à embaixada venezuelana. "Agora eu sou a representante diplomática da Venezuela. Nós não precisamos de um prédio para ser uma embaixada ", enfatizou Belandria.