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Primeiras fissuras entre os republicanos pelo fechamento de Governo mais longo da história dos EUA

Trump recusa proposta de aliado de seu próprio partido para reabrir temporariamente Administração

Yolanda Monge
O presidente Donald Trump fala à imprensa no jardim da Casa Branca
O presidente Donald Trump fala à imprensa no jardim da Casa BrancaEvan Vucci (AP)

Mais de três semanas de fechamento parcial de Governo não fizeram Trump mudar de opinião em relação à sua própria posição para conseguir de maneira extraordinária 5,7 bilhões de dólares (21 bilhões de reais) para financiar a construção do muro entre os Estados Unidos e o México. Mesmo que o fechamento possa acabar custando mais do que esse valor à maior potência mundial e mais de 800.000 funcionários públicos continuem sem receber seu salário, o presidente norte-americano segue sem reagir. Mas os dois dados somados abriram as primeiras rachaduras dentro das fileiras republicanas, com o pedido no final de semana do senador Lindsey Graham para reabrir temporariamente a Administração.

Na segunda-feira, 14, Donald Trump recusou totalmente essa possibilidade. Em declaração às portas de uma Casa Branca coberta de neve e pouco antes de iniciar uma viagem à Louisiana, o mandatário afirmou não concordar com a proposta de Graham de reabrir o Governo durante três semanas para negociar com os democratas. No plano do senador da Carolina do Sul, se essa opção fracassar, o presidente poderia então declarar a emergência nacional com a qual já ameaçou tantas vezes e cercar o Congresso para obter os fundos necessário para seu muro.

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“Antes de descartar a opção legislativa [da emergência], pediria a ele que abra o Governo por um curto período de tempo, três semanas, antes de descartar essa opção, para ver se conseguimos chegar a um acordo”, disse Graham no programa de televisão Fox News Sunday. Era o sinal da paz oferecido por um aliado e que o presidente recusou. De acordo com fontes citadas pela CNN, Trump não irá ceder “um milímetro” em sua posição sobre o muro na fronteira com o vizinho do sul. Não importa o quanto crescer a pressão dentro de seu partido. Não importa que sob seu mandato já seja o mais longo fechamento da história dos EUA.

A cada dia que passa, Trump parece perder um pouco mais a batalha política que luta em nome da segurança nacional. “Esse deveria ser o acordo mais fácil de minha vida”, disse o presidente na segunda-feira. “Estamos falando da segurança na fronteira”. E, entretanto, de acordo com uma pesquisa publicada no final de semana pelo jornal The Washington Post e o site ABC News, 53% dos norte-americanos culpam o mandatário e seu partido pelo bloqueio político, contra 29% que culpam os democratas. A mesma pesquisa, por outro lado, mostrou um apoio republicano de 70% à construção do muro com o México contra 58% de um ano atrás.

A perda de apoio de um aliado tão importante como o senador sulista Graham não foi a única dissensão dentro do Capitólio. Dois congressistas republicanos criticaram no final de semana a possibilidade de que Trump declarasse emergência nacional para poder financiar a construção do famoso muro. O senador Ron Johnson, presidente do Comitê de Segurança Nacional, declarou à CNN que “odiaria” ver Trump recorrer a seus poderes de emergência pelo muro. “Se fizermos isso, o caso acabará nos tribunais e o muro não será construído”, disse. O número dois dos republicanos na Câmara dos Representantes, Steve Scalise, disse por sua vez à rede ABC que não quer que esse caso dependa “de uma declaração de emergência nacional”.

A lei que regulamenta esse tipo de caso, promulgada em 1976, autoriza o presidente a alegar uma “emergência nacional” para ativar poderes extraordinários que lhe permitiriam evitar uma votação no Congresso e se apoiar no Exército para construir o muro que pede. Após defender essa postura durante dias, agora Trump parece renunciar a ela para acabar com o fechamento parcial da Administração provocado por sua disputa com os democratas, majoritários na Câmara, que se negam a financiar o muro com o México.

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