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Interferência de drones faz o segundo maior aeroporto do Reino Unido cancelar todos os voos

Exército envia uma equipe ao aeroporto de Gatwick, em Londres, para desativar os aparelhos. Incidente afeta 100.000 passageiros

Rafa de Miguel
Passageiros esperam em terminal do aeroporto de Gatwick, em Londres.
Passageiros esperam em terminal do aeroporto de Gatwick, em Londres.PETER NICHOLLS (REUTERS)

O caos vivido no segundo aeroporto mais movimentado do Reino Unido na tarde desta quinta-feira tem tudo para resultar em uma crise política. Mais de 100.000 passageiros tiveram seus planos pré-natalinos alterados, e os ministros responsáveis foram acusados de reagir com lentidão e inépcia. O aeroporto de Londres-Gatwick fechou todas as suas pistas de aterrissagem a partir das 21h03 da quarta-feira (hora local, duas a menos em Brasília) devido à presença de vários drones que sobrevoavam a zona. Pouco depois das 16h desta quinta (hora local), um porta-voz do Exército anunciou o envio de uma equipe de especialistas para interceptar os aparelhos. A polícia de Sussex, condado onde fica o aeroporto, disse que não se trata de um ataque terrorista, mas de um “ato deliberado” de interrupção do tráfego aéreo.

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Pelo menos 17 decolagens foram afetadas até as 3h da madrugada, e cerca de 40 tiveram que ser desviados. A pista central voltou a ficar operacional durante pouco mais de 45 minutos, quando novos drones foram detectados, e então voltou a fechar. Desde o começo da manhã de quinta-feira, os voos que chegam e saem do Reino Unido estão cancelados. Gatwick é o oitavo aeroporto mais movimentado da Europa em número de passageiros, e o segundo mais importante do Reino Unido.

Os voos programados para pousar ali foram desviados para outros aeroportos britânicos e para cidades europeias como Paris e Amsterdã. Esta época prévia ao Natal é uma das mais movimentadas do ano. As autoridades estão investigando a que se deve a presença desses drones e, por enquanto, não há uma estimativa do horário de retomada das operações. “Atualizaremos quando tivermos a segurança adequada de que é apropriado reabrir a pista”, disse a administração do aeroporto pelo Twitter.

Alguns passageiros permaneceram dentro dos aviões por duas horas, até poderem decolar. Outros, enquanto isso, se queixavam de que seu voo tinha sido desviado e da falta de informação. “Fiquei retido durante mais de uma hora depois de aterrissar em Luton, em vez de pousar em Gatwick. A tripulação nos disse que todos os aeroportos ao sul estão na sua capacidade máxima. Não sei como vamos chegar em casa. Não há informação sobre futuros voos”, disse um usuário na citada rede social. Até 2.000 passageiros tiveram que passar a noite no aeroporto.

Dezenas de policiais rastrearam a zona em busca dos responsáveis pelos drones. Chegou-se inclusive a sugerir a utilização de franco-atiradores para abater os aparelhos, mas a opção foi descartada por ser arriscada.

As autoridades advertiram que os responsáveis pelo drone podem ser condenados a até cinco anos de prisão por violação das leis sobre o uso do espaço aéreo.

A oposição trabalhista pediu medidas de emergência nos aeroportos londrinos durante as datas natalinas. “O ocorrido em Gatwick reafirma a urgente necessidade de estabelecer regras claras sobre o uso de drones perto dos aeroportos”, afirmou Andy McDonald, o porta-voz de Transportes do partido. “Há uma clara preocupação com o crescente número de ocasiões em que esses drones estiveram a ponto de colidir com aeronaves tripuladas, e o Governo foi muito lento em reagir.”

Espera-se que quase três milhões de passageiros passem por Gatwick no período natalino, que vai de 14 de dezembro a 7 de janeiro.

O aumento das colisões entre drones e aviões comerciais nos últimos anos causa crescente preocupação no setor aéreo. Na Grã-Bretanha, o número de acidentes por essa causa mais do que triplicou entre 2015 e 2017, com 92 incidentes registrados no ano passado, segundo as autoridades.

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