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França investiga se o terrorista de Estrasburgo atuou com cúmplices

Suposto autor do atentado que deixou três mortos em um mercado de Natal foi executado pela polícia

Silvia Ayuso
Cherif Chekatt
Cherif ChekattAP
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A reabertura do mercado histórico de Natal, o mais antigo da França e um dos primeiros da Europa, tornou-se uma questão de honra para Estrasburgo, para mostrar que a cidade dos Direitos Humanos e do Parlamento Europeu não se curvaram ao terrorismo. Mas a reabertura das tradicionais cabines de madeira decoradas aconteceu nesta sexta-feira com um espírito muito mais leve depois de saber que o responsável pelo tiroteio que causou mortes e pânico na região, na terça-feira, 11, Chérif Chekatt, foi morto em uma operação policial em um bairro da cidade na noite de quinta-feira, 13. Mesmo assim, a investigação continua em busca de possíveis cúmplices e para descobrir como e por que esse criminoso comum, radicalizado mas não considerado uma ameaça iminente, agiu, causando pelo menos três mortes e uma dezena de feridos.

Sete pessoas permanecem sob custódia policial nesta sexta-feira por conexões com o suspeito, revelou o promotor de Paris, Remy Heitz, em uma audiência em Estrasburgo. São "quatro membros de sua família", detidos desde a noite de terça-feira, e "três membros de seu entorno imediato" presos nas últimas 24 horas, disse ele. A investigação continua "para identificar possíveis cúmplices ou co-autores que possam ter ajudado ou encorajado na preparação" do ataque, explicou ele.

Captura

No final, Chérif Chekatt nunca havia se afastado da região. Ele foi morto a tiros apenas 48 horas depois do atentado em Neudorf, o bairro de Estrasburgo onde sua pista foi perdida depois de ele ter fugido em um táxi na noite de terça do centro da cidade, não muito longe do histórico mercado de Natal.

"Às 21h (18 h em Brasília), uma equipe da brigada especializada, composta por três membros, viu um homem andando pela via pública, na altura do número 74 da rua Lazaret. Esse indivíduo correspondia à descrição da pessoa procurada desde a noite de terça-feira", explicou o ministro do Interior, Christophe Castaner, em uma breve aparição pública em Estrasburgo, para onde havia voltado a se deslocar na noite passada. No momento em que os agentes iriam prendê-lo, o indivíduo "deu a volta e enfrentou os policiais com tiros. Eles responderam imediatamente e neutralizaram o agressor", acrescentou.

Chekatt, de 29 anos, nascido em Estrasburgo em uma família de origem argelina, segundo a imprensa, havia se tornado o homem mais procurado da França desde que conseguiu escapar depois de um tiroteio no centro histórico de Estrasburgo. As autoridades tinham descrito o ataque como terrorista depois de analisar os fatos e o perfil de Chekatt, um delinquente comum, mas radicalizado que, apesar de sua juventude, acumulava 27 condenações por assaltos na França, Alemanha e Suíça, e estava no radar das forças de segurança por sua radicalização durante sua última estadia em uma prisão francesa, em 2015.

Operação frenética

Mais de 700 policiais foram mobilizados para procurar o suposto terrorista, em uma operação frenética que se estendeu à vizinha Alemanha. O bairro onde foi finalmente abatido havia sido objeto de uma operação policial durante a tarde, embora as autoridades tivessem informado naquele momento que não se tratava de uma pista quente sobre o paradeiro de Chekatt.

A notícia de sua morte foi divulgada depois de mais um dia de tensão máxima na capital alsaciana, que somente pouco a pouco recupera seu ritmo habitual, embora em meio a medidas extraordinárias de segurança. De fato, pouco antes de a operação que terminou com a morte de Chekatt ter sido divulgada, Castaner havia anunciado a decisão das autoridades locais de reabrir o mercado de Natal, o mais antigo na França, hoje mesmo, depois de dois dias fechado, mas sob medidas especiais de segurança.

O prefeito de Estrasburgo, Roland Ries, comemorou a notícia da morte do suposto terrorista como "uma boa notícia" que, disse, "facilitará o retorno à vida normal". A busca de Chekatt tornou-se a prioridade número um das autoridades, que na noite passada decidiram pedir a colaboração dos cidadãos para sua localização.

"29 anos, estatura mediana, cabelo curto, possível barba, pele mate, marca na testa". Essa era a descrição que acompanhava a fotografia Chekatt em um cartaz de "alerta de atentado" distribuído em toda a França desde a noite de quarta-feira e que pedia ajuda a possíveis testemunhas para encontrar o acusado da matança de Estrasburgo. "Indivíduo perigoso. Acima de tudo, não aja sozinho", destacava tanto o pôster quanto as redes oficiais que também o distribuíram.

Sua morte aconteceu no mesmo dia em que foi divulgada a morte – em um hospital de Estrasburgo – de uma de suas vítimas, como resultado dos ferimentos sofridos no atentado, elevando para três o saldo de vítimas fatais de Chekatt. Não está descartado que esse número possa continuar aumentando. A polícia regional salientou que se trata de um balanço "provisório". Entre os cinco feridos graves –além de oito feridos leves– está uma pessoa com morte cerebral, segundo as autoridades.

"Penso nas vítimas, nos feridos, em seus parentes. Também penso nas forças de segurança que trabalharam neste caso. Estou orgulhoso de vocês", concluiu o ministro em um breve pronunciamento em Estrasburgo. Em seguida, Castaner foi até o lugar para prestar homenagem às forças da ordem. Minutos depois do anúncio da morte de Chekatt, o órgão de propaganda do Estado Islâmico (EI), Amaq, reivindicou a responsabilidade pelo ataque afirmando que o atacante era um de seus "soldados".

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