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Giroud: “É impossível se declarar homossexual no futebol”

Atacante francês, apoiador da causa LGBT, lembrou o caso do alemão Hitzlsperger, que foi criticado por se declarar gay em 2014

Imagem da campanha 'Rainbow Laces' do Campeonato Inglês na temporada 2017/2018.
Imagem da campanha 'Rainbow Laces' do Campeonato Inglês na temporada 2017/2018.Gareth Copley (Getty Images)
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Olivier Giroud, atacante do Chelsea e da seleção francesa, reconheceu em uma entrevista ao jornal Le Figaro as enormes dificuldades que ainda existem para que os jogadores de futebol digam abertamente que são homossexuais: “É impossível se declarar homossexual no futebol”. O jogador, de 33 anos, lembrou também do caso do jogador alemão Thomas Hitzlsperger, que em 2014 se atreveu a declarar ao semanário Die Zeit: “Somente nos últimos anos percebi claramente que prefiro viver com um homem”.

O alemão, que disputou com a Alemanha a Copa de 2006 e a Eurocopa de 2008 (jogou a final contra a Espanha até ser substituído por Kuranyi), se transformou à época, junto com o inglês Justin Fashanu, em um dos poucos jogadores de elite que reconheceram se sentir atraídos por outros homens. As declarações suscitaram críticas especialmente entre os próprios jogadores e o zagueiro brasileiro Álex Rodríguez, à época no PSG, foi um dos mais descontentes. Em um documentário transmitido pelo Canal Plus poucas horas depois da entrevista de Hitzlsperger, o jogador declarou: “Se estivesse de acordo com isso, Deus não teria criado Adão e Eva, teria criado Adão e Ivo, por exemplo”.

Ainda que atletas como Joey Barton, jogador do Olympique de Marselha em 2014, saíssem em defesa de Hitzlsperger, o repúdio de boa parte da comunidade futebolística levou Giroud a considerar que o esporte em geral, e o futebol em particular, não progrediram o suficiente para que a orientação sexual de cada um seja assumida com naturalidade. “[A declaração de Hitzlsperger] foi muito emocionante. Mas foi aí que disse para mim mesmo que era impossível alguém se declarar homossexual no futebol”, afirmou o francês na sexta-feira.

“No vestiário há muita testosterona, todos juntos, chuveiros coletivos... É difícil, mas é assim. Entendo a dor e a dificuldade dos garotos que saem do armário”, disse Giroud, antes de lembrar que seu compromisso com o reconhecimento dos direitos da comunidade LGBT o levou a posar nu em 2011, quando ainda era somente um promissor atacante do Montpellier, à revista francesa Têtu, especializada em temas contra a homofobia.

Não foi a única vez que Giroud mostrou publicamente sua postura favorável à abertura do esporte. Em 2014, já no Arsenal, meses depois de Hitzlsperger conseguir colocar o debate em evidência, participou com outros jogadores do elenco (entre eles os espanhóis Mikel Arteta, hoje auxiliar de Guardiola no Manchester City, e Santi Cazorla, jogador do Villarreal) na elaboração de um vídeo para a campanha Rainbow Laces, que encorajava os jogadores a colocar cadarços com as cores da bandeira arco-íris para contribuir à erradicação da homofobia do futebol.

As ações do futebol inglês para combater a discriminação por razões de orientação sexual continuaram durante esses anos. Na quinta-feira, o site do campeonato inglês anunciou a campanha Rainbow Laces para a temporada 2018/2019, que ocorrerá entre 30 de novembro e 5 de dezembro, em vez de somente durante um dia, como foi feito desde o começo dessa ação coletiva em 2013. Dessa vez, as cores do arco-íris não se limitarão a um elemento tão pouco visível aos torcedores como os cadarços das chuteiras dos jogadores e também estarão presentes em elementos mais relevantes do jogo como as bandeirinhas de escanteio e nas placas em que são anunciadas as substituições. Tudo para que algum dia Giroud não tenha razão e declarar a homossexualidade logo não seja algo impossível.

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