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Richarlyson, de novo alvo do tormento dos ataques homofóbicos

Reforço do Guarani, de Campinas, foi alfinetado por vereador e ofendido nas redes sociais Dois torcedores do clube atiraram bombas em protesto contra a nova contratação

Richarlyson diz que os críticos ainda irão aplaudi-lo.
Richarlyson diz que os críticos ainda irão aplaudi-lo.Gabriel Ferrari
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Depois de um semestre afastado do futebol, o volante Richarlyson, de 34 anos, foi anunciado como grande reforço do Guarani para a disputa da Série B do Campeonato Brasileiro. Porém, parte da torcida bugrina rejeita a contratação do jogador, que recentemente participou do programa Dancing Brasil, da Record. Minutos antes da apresentação do volante, dois torcedores com camisas do clube atiraram bombas em frente ao estádio Brinco de Ouro como forma de protesto pela contratação. A diretoria alviverde promete prestar queixa no 10º Distrito Policial de Campinas nesta terça-feira e ressalta que a manifestação isolada não reflete o pensamento de sua torcida.

Pela internet, embora a maioria dos torcedores tenha demonstrado apoio à chegada de Richarlyson na página oficial do Guarani no Facebook, tanto rivais quanto bugrinos publicaram insultos e piadas homofóbicas sobre o volante. O vereador Jorge Schneider (PTB) também foi criticado por ironizar a contratação na rede social: “A pessoa certa no lugar certo”, comentou. A assessoria de imprensa de Schneider, que é torcedor da Ponte Preta, rival do Bugre em Campinas, explica que ele foi mal interpretado ao fazer uma brincadeira sobre futebol e afirma que o vereador não teve a intenção de ofender o atleta.

Questionado sobre as manifestações de alguns torcedores e de parte da diretoria bugrina que se opôs à sua contratação, Richarlyson disse que pretende calar os críticos com bom desempenho em campo. “Nem Jesus Cristo agradou a todos. Estou aqui para ajudar o Guarani a conquistar o que é de direito, voltar à Série A, e também pela minha história no futebol. O mais importante é que o Vadão [técnico do time] confia em mim. Sobre as pessoas que me rejeitam, depois elas vão me aplaudir.”

Torcedores ironizam a contratação de Richarlyson nas redes sociais.
Torcedores ironizam a contratação de Richarlyson nas redes sociais.prisa

Rotina de preconceito

Embora nunca tenha se declarado gay, o volante convive há muito tempo com a homofobia no futebol. Em 2013, quando defendia o Atlético-MG, torcedores do Cruzeiro o alvejaram com gritos de “bicha” no estádio Independência. Após o título atleticano na Libertadores, jornais não deram destaque ao fato de Richarlyson ter sido titular durante quase toda a competição, mas sim a um desabafo em campo: “Tive que engolir muita coisa” rendeu manchetes e correu a internet. Frases de duplo sentido que não teriam repercussão se empregadas por outro jogador, como “Richarlyson diz que dá conta do recado em qualquer posição”, são usadas com frequência por imprensa e torcedores para fazer chacota do volante.

Ao longo de cinco anos no São Paulo, Richarlyson viu a torcida ignorar seu nome enquanto cantava o restante da escalação titular no Morumbi e era alvo de ofensas das principais organizadas tricolores. Em 2007, o dirigente do Palmeiras, José Cyrillo Júnior, insinuou que o jogador era gay em um programa de televisão. Richarlyson processou o cartola por calúnia, mas a ação foi arquivada. O juiz Manoel Maximiano Junqueira Filho, da 9ª Vara Criminal de São Paulo, sentenciou que “futebol é jogo viril, varonil, não homossexual”. Já em 2011, o Palmeiras desistiu da contratação do volante após protesto da torcida, que levou faixas em frente ao clube estampando “a homofobia veste verde”. O vice de futebol palmeirense na época, Roberto Frizzo, justificou o veto: “Richarlyson é bom jogador, mas não seria absorvido por nossa torcida.”

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