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ONU encontra 200 valas comuns com restos de vítimas do Estado Islâmico

Corpos são de civis assassinados pelo grupo terrorista entre 2014 e 2017

Um membro das forças de segurança iraquianas examina os restos de uma pessoa em uma vala comum em Tikrit, em abril de 2015.
Um membro das forças de segurança iraquianas examina os restos de uma pessoa em uma vala comum em Tikrit, em abril de 2015.AHMAD AL-RUBAYE (AFP)

Pelo menos 202 valas comuns com restos de milhares de corpos foram encontradas até agora em áreas do Iraque controladas pelo grupo terrorista Estado Islâmico entre 2014 e 2017, informou a ONU nesta terça-feira. "Embora seja difícil determinar o número total de pessoas nessas valas, o menor lugar, no oeste de Mosul, tinha restos de oito corpos. O maior deles fica em Jasfa, ao sul de Mosul, e pode conter milhares", explicam a missão da ONU no Iraque (UNAMI) e a Agência das Nações Unidas para os Direitos Humanos, em um relatório publicado nesta terça.

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Foi constatada a existência de 202 valas comuns nas províncias de Nínive, Kirkuk, Saladino e Anbar, no norte e no oeste do país, "embora possa haver muitas mais", alertou a ONU. "As evidências reunidas nesses lugares serão fundamentais para garantir investigações com credibilidade, processos e condenações confiáveis, de acordo com as normas internacionais", diz o relatório.

Para isso, serão essenciais a "preservação, escavação e exumação de valas comuns, bem como a identificação dos restos mortais das vítimas e sua entrega às famílias", afirma o documento. "O trauma das famílias" pelos crimes do Estado Islâmico “perdura”, já que "esses túmulos contêm os restos daqueles que foram mortos sem piedade por não seguirem a ideologia e normas distorcidas do Estado Islâmico, incluindo as minorias étnicas e religiosas", disse a Alta Comissária para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, em um comunicado.

"As valas comuns documentadas em nosso relatório são um testemunho da perda humana, de sofrimento substancial e da surpreendente crueldade" do grupo jihadista, ressaltou o representante especial da ONU para o Iraque, Jan Kubis. Entre junho de 2014 e dezembro de 2017, o Estado Islâmico ocupou grandes áreas no Iraque e empreendeu "uma campanha de violência generalizada e violações sistemáticas dos direitos humanos, atos que podem constituir crimes de guerra, crimes contra a humanidade e um possível genocídio", disse a ONU.

O líder do Estado Islâmico, Abubaker al Baghdadi, proclamou o "califado" no final de junho 2014, na cidade de Mosul, considerada pelos extremistas como a "capital" do grupo no Iraque e libertada pelas forças iraquianas, com o apoio da coalizão internacional liderada pelos EUA, em julho de 2017, após quase nove meses de uma sangrenta ofensiva que deixou a cidade totalmente em ruínas.

Durante esses três anos, os terroristas perseguiram e acabaram com a vida de civis pertencentes a minorias étnicas e religiosas no Iraque, como a comunidade yazidi, contra o qual o Estado Islâmico cometeu genocídio, segundo a ONU. Em dezembro de 2017, o então primeiro-ministro iraquiano Haidar al Abadi, anunciou a "derrota" do grupo jihadista no Iraque, embora os ataques dos terroristas ainda persistam no país, incluindo a capital, Bagdá. Eles estão concentrados em zonas desérticas localizadas no leste da Síria que fazem fronteira com o Iraque.

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