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CNN, NBC, Fox e Facebook se recusam a emitir anúncio de Trump por racismo

Vídeo de campanha ligava um criminoso mexicano à caravana de imigrantes que se dirige aos Estados Unidos para pedir asilo

Antonia Laborde
O presidente Donald Trump, em um comício eleitoral em Indiana.
O presidente Donald Trump, em um comício eleitoral em Indiana.AP
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As redes de televisão CNN, NBC e até a conservadora Fox News, além do Facebook, se recusaram a emitir um anúncio do presidente Donald Trump por seu conteúdo racista. No vídeo criado pela equipe de campanha do mandatário um criminoso imigrante ilegal mexicano era ligado à caravana de imigrantes que se dirige aos Estados Unidos para pedir asilo e culpava os democratas de permitir que ele entrasse no país. Trump negou na segunda-feira saber sobre o fato, mas afirmou que “muitas coisas são ofensivas”.

O anúncio mostra Luis Bracamontes, um mexicano imigrante ilegal que foi condenado à morte em abril pelo assassinato de dois policiais de Sacramento (Califórnia), em 2014. Depois podem ser lidas frases como: “Os democratas deixaram que ele entrasse em nosso país” e “os democratas deixaram que ele ficasse”. O anúncio também exibe imagens da caravana de centro-americanos que há semanas se dirige à fronteira entre o México e os Estados Unidos para solicitar asilo à maior potência mundial. “Os delinquentes ilegais perigosos como o assassino de policiais Luis Bracamontes não se preocupam com nossas leis”, é possível ler na publicidade, mesmo que o criminoso não tenha relação com a coluna de imigrantes que é notícia por esses dias.

Na noite de domingo a NBC mostrou o anúncio em um intervalo comercial do Sunday Night Football, um jogo do campeonato de futebol americano. Diante da quantidade de críticas feitas pelos espectadores a rede recuou e o censurou. “Depois de uma revisão extra, reconhecemos a natureza insensível do anúncio e decidimos deixar de emiti-lo o quanto antes”, de acordo com um comunicado na segunda-feira. As pautas que permitem que a rede recuse um anúncio incluem que seu conteúdo seja “extremamente ofensivo (por exemplo, por motivos raciais, religiosos e étnicos)”. Na primeira revisão a rede não considerou que esse fosse o caso, ao contrário da CNN que se recusou a exibi-lo em sua grade comercial. Na tarde de segunda-feira o Facebook também eliminou o anúncio, que estava dirigido a usuários em territórios eleitorais importantes, como a Flórida e o Arizona.

Trump publicou uma versão curta do aviso em sua conta do Twitter, em que não aparecia a acusação contra os democratas. Bracamontes foi deportado ao seu país sob a administração do democrata Bill Clinton e também durante o mandato de George W. Bush, republicano. O vídeo publicado pelo presidente em suas redes foi visto por seis milhões e meio de usuários e tem quase cem mil “gostei”. A imigração foi um dos temas centrais durante a campanha republicana que prometeu aos seus eleitores fazer dos Estados Unidos “um país seguro” novamente.

Quando os jornalistas perguntaram a Trump sobre a polêmica, ele respondeu: “Você está me dizendo algo que não sei”, e acrescentou que sua equipe de campanha criou muitos anúncios “que foram efetivos de acordo com os números que estamos vendo”. Com a insistência da imprensa, o republicano afirmou que “muitas coisas são ofensivas”, e aproveitou para criticar a imprensa, “o inimigo do povo”, como a definiu: “Suas perguntas muitas vezes são ofensivas, de modo que... já sabem”.

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