Nobel da Paz 2018 vai para o ginecologista congolês Denis Mukwege e a ativista yazidi Nadia Murad
Nomes foram escolhidos como reconhecimento pelo trabalho de ambos contra a violência sexual
Denis Mukwege e Nadia Murad ganharam nesta sexta-feira, 5, o Prêmio Nobel da Paz 2018, segundo anunciou o Comitê Norueguês às 11h (hora local, 6h em Brasília). Denis Mukwege, um ginecologista que trata mulheres estupradas na República Democrática do Congo (RDC), e a ativista yazidi Nadia Murad, de 25 anos, ex-escrava do grupo jihadista Estado Islâmico, apareciam em todos os bolões de apostas. Ambos, além disso, já haviam recebido o importante Prêmio Sakharov de Direitos Humanos, concedido pelo Parlamento Europeu. O Comitê Norueguês, responsável por conceder o Nobel da Paz, disse que o prêmio a Murad e Mukwege reconhece a luta de ambos contra a violência sexual.
“Nadia Murad é a testemunha que fala dos abusos cometidos contra ela e outros. Ela demonstrou uma coragem extraordinária ao relatar seus próprios sofrimentos e falar em nome de outras vítimas”, diz o Comitê. Murad vivia com sua mãe e seus 12 irmãos no povoado do Kojo, no norte do Iraque, quando chegaram os soldados do Estado Islâmico (EI), em 3 de agosto de 2014. Foi sequestrada e vendida como escrava sexual. A jovem conseguiu fugir em novembro daquele ano, graças à ajuda dos vizinhos. Acabou num campo de refugiados do Iraque e depois emigrou para a Alemanha.
O médico Denis Mukwege, de 63 anos, passou grande parte de sua vida adulta ajudando as vítimas da violência sexual na República Democrática do Congo. Em 1999 fundou, com a ajuda de ONGs internacionais, o hospital de Panzi, na cidade de Bukavu, no leste do país. Como cirurgião-chefe desse centro, ele e sua equipe operaram mais de 40.000 mulheres estupradas e vítimas de mutilação genital. “O doutor Mukwege condenou repetidamente a impunidade pelos estupros em massa e criticou o Governo congolês e outros países por não fazerem o suficiente para deter o uso da violência sexual contra as mulheres como estratégia e arma de guerra”, descreve o Comitê Norueguês.
Em outubro de 2012, ele sofreu um atentado no qual um de seus colaboradores morreu, exatamente um mês depois de proferir na ONU um discurso pedindo à organização uma “condenação unânime” aos grupos rebeldes “responsáveis por atos de violência sexual”.
2018 Nobel Peace Prize laureate Denis Mukwege is the helper who has devoted his life to defending victims of war-time sexual violence. Fellow laureate Nadia Murad is the witness who tells of the abuses perpetrated against herself and others. #NobelPrize pic.twitter.com/MY6IdYWN1e
— The Nobel Prize (@NobelPrize) October 5, 2018
Havia 331 candidaturas para a edição deste ano, a segunda maior lista da história, atrás apenas da edição de 2016. Dos 331 aspirantes, 216 eram pessoas, e as demais 115 eram grupos ou organizações, segundo o Comitê.
Nobel 2017
A Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares, (ICAN, na sigla em inglês), um grupo que reúne 460 ONGs de aproximadamente 100 países, foi premiada no ano passado com o Nobel da Paz. Esse reconhecimento chegou num momento de tensão pelo desafio nuclear da Coreia do Norte e à sombra da ameaça norte-americana – afinal confirmada – de se retirar do acordo nuclear com o Irã e reinstaurar sanções à República Islâmica.
O comitê norueguês disse, ao elencar as razões do prêmio, que o risco de conflito atômico àquela altura era o mais elevado em muito tempo, e por isso pediu às potências nucleares que avançassem no desarmamento. O Nobel reconheceu o trabalho da ICAN na conscientização coletiva sobre “as catastróficas consequências do uso de armas nucleares” e sua liderança no impulso para obter uma proibição dessas armas com base em um tratado internacional.
Na última década receberam o prêmio, entre outros, o ex-presidente colombiano Juan Manuel Santos, a ativista paquistanesa Malala Yousafzai, a União Europeia e o ex-presidente norte-americano Barack Obama.
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