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Debate da Record: Ciro, Alckmin e Marina tentam se vender como alternativa à polarização

Edir Macedo, dono da Rede Record e líder da Igreja Universal, disse em seu Facebook que vai apoiar o candidato Jair Bolsonaro na corrida presidencial. Candidato do PSL não participou de embate direto

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Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (REDE) ainda nutrem esperanças de chegar ao segundo turno na eleição presidencial. Para que isso ocorra, eles sabem que a única chance é se vender como a alternativa à polarização que tem se configurado entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), os líderes de todas as pesquisas eleitorais das últimas duas semanas. No penúltimo debate televisivo na noite deste domingo entre os concorrentes ao Palácio do Planalto, o trio se dedicou a criticar os dois principais adversários e dizer que são eles os capazes de reunificar o país.

“Pretendo ajudar o Brasil a se reconciliar. Pretendo ajudar o Brasil caminhar para além dos personalismos, das adorações a belzebus e a ídolos... O Brasil precisa se debruçar sobre ideias, sobre propostas”, disse Ciro, que, em terceiro nas pesquisas para a eleição do próximo domingo, tenta lembrar ao eleitor que é ele que impõe a derrota mais firme contra Bolsonaro no segundo turno, de acordo com as pesquisas. “Desde 2010 [quando concorri pela primeira vez] falo sobre unir o país”, disse Marina Silva. Enquanto Alckmin afirmou que os “extremos desunem”.

Ao mesmo tempo em que atacaram essa polarização, todos tentaram se mostrar diferentes dos líderes das pesquisas. “O projeto Bolsonaro foi chocado no ninho do PT e do PSDB”, reclamou Marina. Ao que Alckmin estampou: “Nem o radicalismo do Bolsonaro nem o radicalismo do PT, eles não. Estamos juntos para unir o Brasil”.

O rechaço aos dois polos da disputa tem marcado a eleição: se vota também contra o PT de Haddad e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso, ou contra o candidato de extrema direita do PSL. "Comparar PT e Bolsonaro como dois projetos autoritários, convenhamos, não é muito adequado. Isso só faz crescer a ideia que nossa democracia está a mercê de dois projetos não democráticos. Muito ruim", disse o cientista político Eduardo José Grin, professor da FGV, ao comentar o debate para a cobertura ao vivo do EL PAÍS.

Bolsonaro não participou do debate porque está em repouso após receber alta hospitalar, porque ainda de recupera de duas cirurgias em decorrência de um atentado a faca em 6 de setembro. Apesar da ausência, ele foi o tempo inteiro lembrado –e atacado. “Nenhum país democrático tem um Bolsonaro como presidente”, disse Henrique Meirelles (MDB). Ciro Gomes, por sua vez, disse que Bolsonaro emitiu uma frase assustadora ao dizer que não reconheceria o resultado eleitoral, mesmo antes das eleições, ainda que tenha recuado neste domingo. A maioria deles elogiou o movimento #elenão, liderado pela mulheres no último sábado e que reuniu centenas de milhares contra a candidatura de Bolsonaro em várias cidades do país.

Marina afirmou que o concorrente do PSL era antidemocrático e Álvaro Dias (PODE) disse que Bolsonaro representava a marcha da insensatez. Com exceção do candidato do PSOL, todos reclamaram também dos governos do PT. “Não precisa ficar entre a espada da corrupção [do PT] e a cruz do autoritarismo do Bolsonaro”, disse Marina.

Até Ciro, à esquerda de Marina e Alckmin, tentou emplacar a estratégia de equiparar o petista Haddad e Bolsonaro como riscos grandes para o país. Tanto o pedetista como Guilherme Boulos (PSOL) não fizeram a vida de Haddad fácil. O petista teve de responder perguntas duras de seus mais prováveis apoiadores no segundo turno. Por que o PT está reunido com Renan Calheiros, de o MDB apoiou o impeachment, perguntou Boulos. Já Ciro criticou duramente a proposta do PT de fazer uma assembleia constituinte para redigir uma nova Constituição.

Ao comentar o debate, Eduardo José Grin, da FGV, avaliou como difícil essa tentativa de alguns dos concorrentes de se venderem como a terceira via. “Ciro, Marina, Alckmin e Meireles buscando indicar ao eleitor que há uma terceira via de um centro político moderado, de consenso, união, governabilidade e reformas necessárias para o país. A ver se cola”, afirmou o especialista. Em situações de polarização como a brasileira, o candidatos emparedados entre eles são os mais prejudicados.

A debate ocorreu dias depois que o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal e o dono da Rede Record, declarou que apoia a candidatura de Bolsonaro. Não é um apoio trivial. A Universal é a maior denominação neopetencostal no Brasil, um eleitorado chave. Macedo e a Igreja também comandam um partido, o PRB, cujo principal expoente é o prefeito do Rio, Marcelo Crivella.

Durante as mais de duas horas de discussões, um dos que mais chamaram a atenção foi Cabo Daciolo (PATRI). Mais uma vez, ele fez suas pregações religiosas, citou a Bíblia e disse que poderia ser chamado de louco, mas pediu para as pessoas pesquisarem na internet sobre o Vostok-2018, que é o nome dado ao maior exercício militar russo desde a era soviética,  a ser realizado pela Rússia com a participação da China e da Mongólia. Em sua visão, o mundo está à beira de uma nova guerra.

Assim contamos o debate ao vivo

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