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Haddad e Bolsonaro, os dois maiores alvos no quarto debate presidencial

Esta é a segunda eleição seguida em que a CNBB promove encontro entre candidatos à Presidência

Os candidatos no debate da TV Aparecida.
Os candidatos no debate da TV Aparecida. Divulgação
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O primeiro debate presidencial desta eleição com a presença de um candidato petista expôs o poder de atração do polo que se estabeleceu no topo de disputa. Fernando Haddad (PT) dividiu com o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que segue hospitalizado após atentado a faca no início do mês, o papel de alvo no quarto embate entre os candidatos nesta campanha, promovido pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pela TV Aparecida.“Todos os partidos deveriam fazer uma autocrítica, mas o PT lança candidato em porta de penitenciária”, disse o ex-governador Geraldo Alckmin (PSBD) em um dos ataques ao substituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na corrida presidencial.

No encontro em que a Igreja Católica e suas TVs mostraram mais uma vez sua capacidade de influência — é o terceiro debate presidencial promovido pela CNBB, que organizou outros em 2014 e 1994 —, Haddad também foi alvo de Henrique Meirelles (MDB), que o associou ao Governo Dilma Rousseff; de Ciro Gomes (PDT), que o cobrou, no que chamou de “uma pinicadinha”, pelo fato de o PT não ter feito, durante os 14 anos em que esteve no poder, reformas tributárias para reduzir a desigualdade no país; e do senador Alvaro Dias (Podemos-PR), que se destacou nas redes sociais ao chamar o petista de “porta-voz da tragédia” e “representante do caos”, entre outros desqualificativos.

Apesar das alfinetadas, o modelo do debate não favoreceu os confrontos diretos entre os candidatos – eles não puderam escolher a quem perguntar, já que todas as interações foram definidas por meio de sorteios. A sorte permitiu que os embates mais aguardados, entre Alckmin e Haddad e entre Ciro e o petista, ocorressem apenas uma vez. O resto das perguntas foi feito por jornalistas das emissoras ligadas à igrejas ou por bispos, o que atribui ao debate uma maior gama de assuntos, mas impediu que os candidatos desenvolvessem com mais fôlego suas propostas. Talvez por conta do modelo, o debate não fluiu como os três primeiros, e boa parte das intervenções dos presidenciáveis soou hermética.

Logo em sua primeira intervenção, Haddad fez questão de mencionar o ex-presidente Lula, preso desde abril e candidato do PT à Presidência até ser substituído neste mês pelo ex-prefeito de São Paulo. O petista usou o seu tempo para reivindicar o legado do ex-presidente e para colar Alckmin e seu PSDB ao Governo de Michel Temer. Em resposta a dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, ele prometeu fortalecer todas as instituições que combatem a corrupção. "Para isso precisamos ter uma controladoria, uma Polícia Federal e uma Justiça forte e apartidária", disse, afirmando que o PT fortaleceu essas instituições enquanto esteve no Governo.

Foi ao tentar associar Alckmin a Temer, entretanto, que Haddad abriu caminho para os ataques do adversário. O petista questionou o tucano sobre o teto de gastos públicos estabelecido pelo atual Governo e a reforma trabalhista, que ele prometeu revogar. “Estamos com 13 milhões de desempregados, herança da Dilma e do PT", respondeu o tucano. "Não precisaria do teto de gastos se não fosse o Governo do PT", emendou. Alckmin disse que a situação do Brasil é delicada e, sempre tentando se descolar de Temer, prometeu reformas já no início do ano para a economia voltar a crescer.

O mais incisivo contra Haddad durante o debate foi Alvaro Dias, que usou todo o tempo de embate entre os dois para fazer ataques ao PT, o partido da “crença na ignorância”, o “arauto da intolerância”, que “distribuiu a pobreza para todos e a riqueza para alguns”.

Bolsonaro

Também não faltaram críticas a Jair Bolsonaro, mas elas partiram de Meirelles, Guilherme Boulos (PSOL) e Marina Silva (Rede). Sempre tomando o cuidado de não soarem desrespeitosos ao mirar contra um candidato hospitalizado, os três se revezaram em críticas ao comportamento e às propostas do capitão reformado do Exército. “Não é com violência que se combate a violência, distribuindo armas à população”, disse Boulos ao abordar a questão em debate com Marina. “Vamos enfrentar o problema com prevenção. Não queremos que o jovem tenha a primeira arma, mas o primeiro emprego. Não podemos usar como exemplo quem criou a polícia que mais mata e a polícia que mais morre."

Meirelles preferiu criticar os planos econômicos da candidatura Bolsonaro, mirando contra seu fiador econômico, Paulo Guedes, e a proposta de retorno da CPMF que circulou nos últimos dias sem muita clareza – e que foi negada pela campanha de Bolsonaro. “Não é necessário ficar criando mais tributos. Eu sou contra a reedição da CPMF. Essa confusão entre o Bolsonaro e seu economista-mor, que ele diz que é o Posto Ipiranga, é um sinal que esse posto deve estar tendo um incêndio”, disse Marina.

Para o cientista político Eduardo José Grin, professor do Departamento de Gestão Pública da FGV que comentou o debate em tempo real no EL PAÍS, o confronto deixou desenhados três campos: “Petistas, antipetistas e os que se apresentam como representantes de um centro democrático e reformista”. “Vamos ver se isso serve para balançar a polarização que se desenha entre Bolsonaro e Haddad”, comentou.

Veja como contamos, minuto a minuto, o encontro dos presidenciáveis:

Termina o debate da TV Aparecida, o primeiro com a participação do candidato do PT, Fernando Haddad. Boa noite e obrigada por acompanhar a cobertura.

Assim, desenham-se três campos: petistas, anti-petistas e os que se apresentam como representantes de um centro democrático e reformista. Vamos ver se isso serve para balançar a polarização que se desenha entr Bolsonaro e Haddad.

"É hora de fazermos uma grande conciliação nacional", diz Geraldo Alckmin nas considerações finais. O candidato tucano também criticou o PT e a polarização política.

Alckmin mais contundente como o anti-petista e aqueles que são as viúvas da ditadura militar: os dois extremos são opostas à conciliação e as reformas democrátias.

Nas considerações finais, Marina Silva critica PT, PMDB, PSDB e DEM e responsabiliza esses partidos pela polarização política. "É hora de ficarem quatro anos no banco de reserva e dar espaço a quem pode unir o Brasil", diz.

Marina a única a, na CNBB, agradecer a Deus. Contra PT, PSDB e Bolsonaro pela radicalização e a violência e destaca a união do Brasil, assim como fez Ciro.

Henrique Meirelles também faz discurso contra a polarização destas eleições, volta a prometer a criação de 10 milhões de empregos e pede que o eleitor lhe dê sua confiança.

Meirelles insiste na experiência e na competência. E os 10 milhões de emprego! E contra a polarização. Pouca inovação no segiue falando.

Ciro e o foco no combate à desiguldade social e o candidato da união nacional contra os radicalismos.

Ciro Gomes (PDT) volta a citar sua proposta para tirar as pessos do SPC. Ciro fala contra a polarização e diz que quer ser o candidaro que pode unir novamente o Brasil.

Álvaro Dias: contra os "radicalismos" de esquerda e direita. Será o discurso de caminhar para o centtro com Alckmin?

Nas considerações finais, Álvaro Dias (Podemos) diz que não é apostando nos "extremos" que se resolve os problemas do Brasil.

Haddad e Lula: estratégia bem definida. Destaque para políticas públicas voltadas para a população mais pobre e relembrando ao "povo" de que pode ser feliz de novo como fora no governo Lula. Busca assim ter apelo eleitoral.

Haddad (PT) volta a citar Lula nas considerações finais e ressalta seu desempenho como ministro da Educação durante seis anos. "Deus deu talento para todos nós, cabe ao Estado garantir oportunidades para que esse talento se revele", afirma.

Boulos destacando que o eleitor deve ter seu voto sincero no primeiro turno. Buscando dialogar com bandeiras históricas da CNBB com direitos, reforma agraária etc.

Guilherme Boulos (PSOL) é o primeiro a fazer suas considerações finais. O candidato fala contra o voto útil e pede que o eleitor não vote por "ódio" ou "medo", mas em quem realmente acredita.

Boulos em sua zona de conforto: falar da desigualdade social. Segue frisando que a governabilidade seja feita com o povo e a sociedade para incidir contra o sistema político "podre". Daí entram os movimentos sociais como base da governabilidade, e não apenas os partidos no congresso.

CNBB sempre valorizou os movimentos sociais.

Como ele vai falar de liberdade para outras igrejas ensinarem religião em escolas em um debate de uma entidade católica! É muita inabilidade! E nem estava esse tema na pergunta!

Henrique Meirelles (MDB) é questionado sobre o aborto, mas se esquiva de dizer se é a favor ou contra a descriminalização. Para ele, essa deve ser uma decisão da sociedade. "Eu sou favorável à vida. Também sou favorável ao direito da mulher, que em determinadas situações tem que tomar essa decisão dramática. É preciso ter equilíbrio", diz.

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