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Buster Keaton volta a fazer rir

Peter Bodganovich homenageia o mestre do humor com um documentário

Fotograma do documentário ‘The Great Buster. A Celebration’.
Fotograma do documentário ‘The Great Buster. A Celebration’.BIENAL DE VENEZA
Tommaso Koch

Quando Buster Keaton perdia a inspiração, buscava-a nas cartas. Punha-se a jogar paciência até aparecer a próxima ideia. E então, o vulcão de gênio e humor voltava a entrar em erupção. Além da seca criativa, as musas também o resgatavam da seca financeira. “Durante anos ele se manteve graças ao bridge. Era um magnífico jogador”, diz um de seus amigos em The Great Buster. A Celebration, documentário que Peter Bodganovich –diretor, autor de filmes como A Última Sessão de Cinema e historiador de cinema– apresentou ontem no festival de Veneza. Keaton se dedicou às cartas até seu último dia de vida. O câncer já estava em fase terminal, mas o ator não se rendia. “Jogou de pé. E mal. Quando se sentou, estava morto”, lembra no filme. Naquele 1º de fevereiro de 1966 o mundo inteiro ficou com cara de pedra.

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Ainda ontem, as gargalhadas encheram a sala em cada uma de suas gags. O filme revisita sua carreira, do início no palco com os pais –o grupo Os Três Keaton– ao epílogo. No meio, junto ao seu fiel chapéu, desfilam os filmes, o teatro e os anúncios publicitários. Era único e sabia disso: assumia em pessoa qualquer sequência, seja sobreviver à derrubada de um prédio ou desafiar uma quadriga romana puxada por cachorros. Na vida também superou todo tipo de aventuras: a Primeira Guerra Mundial, o alcoolismo, o divórcio ou o advento do cinema falado.

Mas talvez o obstáculo mais difícil tenha sido sua decisão de deixar de ser independente e assinar, em 1928, com a Metro Goldwyn Mayer, escolha da qual rapidamente se arrependeu. Com esse colosso cinematográfico, filmou O Homem das Novidades, mas seu legado mais célebre tinha vindo logo antes: aquela dezena de obras livres e inesquecíveis dos anos vinte.

O filme também resgata outra pérola: a única sequência que dividiu com Charles Chaplin, em Luzes da Ribalta (1952). Norman Lloyd, que participou do filme, diz que Buster Keaton era de outro planeta. Certamente ele teria adorado uma gag que incluísse vir do espaço.

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