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Jogadores espanhóis ameaçam greve contra proposta de disputarem partidas nos EUA

A ideia da Liga é levar alguns jogos do campeonato espanhol para a América do Norte; presidente da associação de jogadores disse ser "uma loucura"

David Aganzo (centro), presidente da Associação dos Futebolistas Espanhóis, com outros integrantes da diretoria, nesta sexta-feira.
David Aganzo (centro), presidente da Associação dos Futebolistas Espanhóis, com outros integrantes da diretoria, nesta sexta-feira.Kiko Huesca (EFE)
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O presidente da Associação de Futebolistas Espanhóis (AFE), David Aganzo, manifestou nesta quarta-feira o rechaço “por unanimidade” da categoria à ideia de disputar jogos oficiais do campeonato espanhol nos Estados Unidos, uma ideia que ele tachou de “loucura”. Depois de uma reunião com os capitães das equipes da La Liga, Aganzo alertou que os jogadores irão “até o final” na sua recusa. Poderiam inclusive iniciar uma greve, acrescentou, se a Liga não recuar da proposta após uma reunião em setembro.

A decisão, tomada pela La Liga na última semana, foi de levar algumas partidas do torneio espanhol desta temporada, principalmente envolvendo os dois principais clubes do país, Real Madrid e Barcelona, para Estados Unidos e Canadá. O acordo teria duração de 15 anos e foi firmado com a empresa Relevent, uma multinacional de Miami; o objetivo é promover o esporte nos países da América do Norte.

“Nós, jogadores de futebol, não estamos à venda. Não pensamos só no dinheiro, pensamos na torcida e na saúde. Aqui, estamos preocupados com a torcida, vemos o futebol de outra maneira. Ir aos Estados Unidos é uma loucura, não há tempo material no calendário. Chegou o momento de dizer basta”, declarou o ex-atleta numa entrevista coletiva após a reunião da entidade em Madri.

“Temos vários problemas, precisamos resolvê-los com a entidade patronal, temos uma reunião com a Liga em setembro. É uma falta de respeito tomar esta decisão de 15 anos sem contar para ninguém. Se não nos contentarmos, estamos dispostos a chegar até o final e começaremos a agir”, afirmou.

Segundo o madrilenho, “está claro que os jogadores estão em desacordo com jogar partidas fora da Espanha, pensamos que tudo pode ser feito de uma forma mais coerente e da qual todos participem. Esta decisão é uma falta de respeito, estamos cansados, somos os protagonistas deste esporte, junto com a torcida, e estamos cansados de que não nos valorizem”.

“Os jogadores estão indignados, surpreso e não entendem. Obviamente estão contra, não houve nenhum que tenha estado em desacordo [com os demais], houve unanimidade. Há clubes que sim estão de acordo com a decisão e terão que procurar uma solução. São eles que precisam oferecer mais informações”, disse.

Aganzo quis salientar a importância das torcidas de cada time. “Já não é o jogo em si, o futebol é outra história. A torcida tem que estar contra toda esta situação, o senso comum precisa começar a imperar. Tomam decisões sem consultar. Eu estou aqui pela torcida, pela gente que vive o esporte. Precisa haver modernização, mas não de qualquer maneira”, afirmou.

Horários ruins

Além da problemática dos confrontos nos Estados Unidos, outro ponto tratado na reunião, segundo Aganzo, foram os horários dos jogos do campeonato espanhol. “Achamos que o futebol, além de dinheiro, tem torcida, categorias de base, saúde. Estamos nos acostumando a ver um futebol do dinheiro. Os jogadores estão todos na mesma, estão com sua associação e em desacordo com estas decisões. Acredito que, por exemplo, jogar numa segunda-feira não é natural”, acrescentou.

“Os jogadores, além do tema dos Estados Unidos, que é a gota d’água, estão tratando o tema de horários, o tema da Arábia Saudita (a Liga tem um acordo com a Federação de Futebol Saudita que promove a vinda de jogadores do país para times espanhóis visando seu desenvolvimento), o do controle econômico. Houve colegas do Elche e do Granada que foram demitidos. Vou convidar Javier Tebas (presidente da Liga) a vestir um uniforme para que tente ver o futebol de outra maneira. Muitas vezes me sentei com ele, contou-me seu plano de negócio, e estamos em desacordo”, comentou.

Aganzo esteve acompanhado na entrevista coletiva por Jesús Barbadilla Jesule, vice-presidente da AFE; Diego Rivas, secretário-geral; e Xavi Oliva e Sergio Piña Queco, suplentes.

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