Britânicos se opõem ao Brexit de May e abraçam opções radicais
Pesquisa volta a colocar em evidência a vulnerabilidade da primeira ministra e o agitado momento político que o país atravessa
Theresa May sobreviveu, até o momento, à crise política originada após a publicação de seu plano para uma ruptura suave com a UE, que lhe custou a demissão de dois ministros e vários dirigentes intermediários, assim como o rechaço raivoso do setor extremo do Brexit. Mas isso não quer dizer que não haja nuvens em seu horizonte, como revela uma pesquisa publicada neste domingo, que volta a colocar em evidência a vulnerabilidade da primeira ministra e o agitado momento político atravessado pelo país. A grande maioria dos britânicos se opõe aos planos da primeira-ministra para um Brexit suave, segundo a pesquisa de YouGov para The Sunday Times, e um terço dos votantes apoiaria um eventual novo partido de direita comprometido em romper com a UE.
A pesquisa revela também que os votantes prefeririam Boris Johnson, ex-ministro das Relações Exteriores, que se demitiu há duas semanas em protesto contra os planos de May, porta-estandarte do Brexit duro e eterno aspirante à liderança do partido, para negociar com Bruxelas e dirigir o Partido Conservador até as próximas eleições. Apenas 16% aprovam a forma como May está conduzindo o Brexit, e 34% acredita que Johnson faria um trabalho melhor.
O plano de May, que inclui uma área de livre comércio de bens com a União Europeia, recebe apoio de apenas um de cada nove eleitores, e a maioria considera que não é fiel ao resultado do referendo de 2016, no qual o país votou por abandonar a UE. O Partido Conservador, liderado por May, se posiciona com 38% das intenções de voto, um ponto abaixo do Partido Trabalhista. Os dois grupos estariam empatados, segundo a pesquisa, se Boris Johnson liderasse os tories, enquanto que qualquer de seus supostos rivais pela liderança teria resultados piores.
O levantamento, realizado por uma das principais empresas de pesquisa de opinião do país, desenha uma polarização insólita dos eleitores, que tendem mais para os extremos do espectro político e se sentem alienados em relação aos dois principais partidos tradicionais. Cerca de 38% votariam por um partido de direita comprometido com o Brexit, e um em cada quatro votantes garante que apoiaria um partido explicitamente de extrema direita, anti-imigração e antimuçulmano, segundo a pesquisa realizada com 1.668 adultos em 19 e 20 de julho. Ao mesmo tempo, a metade dos pesquisados apoiaria permanecer na UE se houvesse novo referendo, e um terço votaria por um novo partido centrista oposto ao Brexit. Atualmente, nenhum dos dois principais partidos, nem o tory e nem o trabalhista, contempla a possibilidade de voltar a submeter o Brexit a referendo.
A pesquisa foi publicada justamente quando, segundo The Sunday Times, há movimentos de um e outro grupo para criar novos partidos políticos que se conectem com os novos tempos. Doadores do Partido Conservador e aliados de Nigel Farage, ex-líder do anti-europeu UKIP, estão arrecadando fundos para criar um movimento popular de direita que replique, do outro lado do espectro político, o Momentum, o movimento cidadão encabeçado pelo líder trabalhista Jeremy Corbyn, segundo informações de uma pessoa muito próxima a Steve Bannon, ex-estrategista chefe de Trump e homem-chave na nova extrema direita norte-americana.
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