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O inédito em um Mundial: Japão se classifica pela contagem de cartões

Colômbia consegue o passe apara as oitavas, assim como o Japão, que supera o Senegal pelo "jogo limpo"

Yerry Mina e Jefferson Lerma celebram o passe da Colômbia enquanto Sane se lamenta.
Yerry Mina e Jefferson Lerma celebram o passe da Colômbia enquanto Sane se lamenta.AP
José Sámano

É muito tênue o fio que separa a euforia do pranto nesta Copa do Mundo. Tão sutil que dois cartões amarelos a mais exilaram o Senegal e serviram para classificar o Japão, empatado em tudo com os africanos: saldo de gols, tentos marcados e confronto direto. Foi a primeira vez na história em que esse desempate foi aplicado. A nomenclatura da FIFA o chama de "jogo limpo", e limpo de fato foi o último trecho de Japão x Polônia, com menos caldo que um duelo num convento. O cúmulo teria sido que senegaleses e nipônicos também tivessem se igualado em cartões recebidos. Então não haveria mais saída: um sorteio.

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Com sua vitória, os poloneses salvaram a honra de irem embora de mãos abanando. Os nipônicos apostaram em que o Senegal não empataria sua partida com a vitoriosa Colômbia. Isso sim, seu treinador, Akira Nishino, conduziu o time pela beira do precipício. Ou não sabia, ou não se importou, mas um cartão a mais para o zagueiro Makino, que disputou toda a partida com um amarelo, teria deixado a Copa sem nenhum representante asiático no mata-mata. Um golpe para a África, desta vez sem participantes nas oitavas pela primeira vez desde 1982.

O único triunfo convencional foi o da Colômbia, finalmente líder do grupo, apesar das deficiências nesta quinta-feira. A imprecisa seleção cafetera que se viu contra o Senegal não foi nem sombra da brincalhona equipe que atropelou a Polônia na rodada anterior. A baixa de James por lesão aos 30 minutos de jogo privou ainda mais o time da sua fagulha criativa. Antes e depois do infortúnio do camisa 10, o conjunto de Pékerman não tinha consistência. Foi um duelo quase sem avisos nas áreas, sobretudo no tosco e chatíssimo primeiro tempo. O Senegal conseguiu anular os sul-americanos. Nos pés dos colombianos, a bola sofria uma entorse atrás da outra. Com James fora, Quintero não aparecia no radar, e Uribe era só um vulto. Com Gana e Kouyate como timoneiros na proa, a equipe de Aliou Cissè conseguiu isolar Falcao, e o ponto de partida colombiano passou a ser o aturdido Cuadrado, um jogador com melhores panturrilhas que pés. Em meio aos dramas do jogador da Juventus, uma aridez completa, o nada.

O Senegal ficava muito longe da meta de Ospina, exceto quando Mané fez sua primeira e única aceleração, e Davinson Sánchez foi tão decisivo como mais tarde seria na outra área o seu camarada na trincheira Yerry Mina. Sánchez atirou-se na direção do jogador do Liverpool e com uma perícia extraordinária afastou a bola com o calcanhar direito. O árbitro viu outra coisa: pênalti. Segundo determinaram os estamentos judiciais da FIFA, o VAR não teria que intervir, já que a percepção do juiz não podia ser tachada como "erro clamoroso". Mas, como o tema da videoarbitragem ainda é meio confuso, o homem consultou as câmeras e voltou atrás.

A Colômbia, que sabia estar eliminada com o 0 x 0 entre Japão e Polônia, quis dar um passo à frente depois do intervalo. Sem finura, mas com outra marcha, outro volume, algo mais de tonelagem. Ao mesmo tempo, o Senegal retrocedeu, mais preso junto ao seu heterodoxo goleiro Ndiaye.

Gigante Yerry Mina

Aos 15 do segundo tempo, os dois lados vibraram com o gol polonês que validava o seu empate. Mas o jovial Yerry Mina não quis saber de trégua e cabeceou maravilhosamente um escanteio batido por Quintero. Um arremate poderoso, por cima do teto senegalês e fazendo a bola quicar na grama antes de se estampar contra a rede. Foi o segundo gol nesta Copa do zagueiro do Barça, também ganhador de um duelo de altura contra a Polônia. O Senegal se abalou, e muito. E até Mané deu uma derrapada incrível ao bater uma falta e acabou caindo sentado. O jogo tinha uma ou outra palhaçada dessas. E faltas, muitas faltas: 30 no final, 15 de cada lado.

O jogo transcorria num nível baixo, mas não lhe faltou emoção, como está sendo comum nesta Copa de tantas incertezas. Um simples gol africano ou um cartão amarelo no já descontraído e amistoso Japão x Polônia significaria uma reviravolta copernicana no grupo. A Colômbia resistiu, não deu para o Senegal, e os japoneses foram bons meninos e não mereceram mais advertências.

Com o desenlace favorável, e após ser pela primeira vez líder num grupo de Copa, conviria à Colômbia passar por uma revisão minuciosa. Mesmo sem James, tem mais futebol para oferecer. E logo na esquina a espera um rival cru: a Inglaterra.

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