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Sentosa, a idílica ilha onde Trump e Kim se encontrarão

O hotel Capella, em que artistas como Lady Gaga e Madonna se alojaram durante suas turnês por Singapura, receberá a ‘cúpula do século’ no próximo dia 12

Imagem sem data do hotel Capella.
Imagem sem data do hotel Capella.REUTERS

Um ambiente improvável para uma cúpula que até recentemente era mais improvável ainda. A ilha de Sentosa, antigo covil de piratas, hoje o endereço da classe mais acomodada de Singapura e de parques temáticos como o Universal Studios, será na próxima semana o epicentro do cenário geopolítico mundial. Após dias de especulações, a Casa Branca confirmou que o espaço escolhido para o encontro de 12 de junho será o hotel Capella, um impressionante edifício desenhado pelo arquiteto Norman Foster e situado na ilha onde artistas como Lady Gaga e Madonna se alojaram durante a passagem de suas turnês por Singapura.

“Ficamos sabendo pela imprensa”, dizia nesta quarta-feira uma funcionária do departamento de marketing do hotel. Horas antes, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, fazia o anúncio no Twitter. “Agradecemos aos nossos magníficos anfitriões de Singapura por sua hospitalidade”, salientava a mensagem. Impávido, o hotel garantia não ter recebido uma notificação oficial e dizia esperar instruções para saber que tipo de medida adotar para a cúpula. Por enquanto, as 112 suítes do Capella – cujas diárias oscilam de 500 a 7.500 dólares (1.900 a 28.650 reais, aproximadamente), sendo o valor referente à suíte com três dormitórios e piscina privativa – estão bloqueadas até 15 de junho.

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O Capella, de cinco estrelas, é uma das grandes marca hoteleiras de Singapura. Seus donos são os irmãos Kwee, proprietários da imobiliária local Pontiac Land Group, que recorreram ao arquiteto britânico Norman Foster e ao projetista indonésio Jaya Ibrahim para sua construção. O resultado é um imponente edifício de fachada colonial, interiores modernos e piscinas elegantes, num entorno idílico entorno com vista para o mar da China Meridional e campos de golfe nas zonas vizinhas, o que parece muito mais propício para um retiro de férias do que para uma cúpula política de máximo nível.

Seu nome como possível local do encontro já começou a soar durante o fim de semana, ganhando força na tarde de terça-feira. O boletim informativo do governo singapuriano designava então Sentosa, no sul da cidade-Estado, como “zona para evento especial” entre os dias 10 e 14 de junho, dando à polícia poderes adicionais para garantir a segurança no perímetro designado. Até aquele momento, eram outros hotéis de Singapura, mais experientes em eventos diplomáticos, que ganhavam os bolões de aposta. Em especial o Shangri-La, no bairro comercial de Orchard, enclave anual do homônimo Diálogo de Segurança, o mais gabaritado da Ásia, que na sua edição de 2018, no fim de semana passado, recebeu personalidades como o secretário de Defesa dos EUA, James Mattis, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

Tanto o hotel Shangri-La, palco também da histórica reunião em 2015 entre o presidente chinês, Xi Jinping, e o então líder taiwanês, Ma Ying-jeou, como o hotel St. Regis encontram-se dentro da segunda “zona especial” declarada pelas autoridades singapurianas para a semana que vem. Estima-se que será nesses hotéis que Trump e Kim Jong-un se alojarão com suas comitivas. O primeiro é um espaço familiar para as delegações norte-americanas, pois já hospedou Barack Obama em 2009 e George H.W. Bush em 1992. O segundo é, junto ao majestoso Fullerton, no bairro financeiro, um dos hotéis prediletos da parte norte-coreana, segundo a agência sul-coreana Yonhap.

Não só se mantém como incógnita onde Trump e Kim se alojarão como também quem pagará a conta da parte norte-coreana. Com uma economia asfixiada por seu programa nuclear e pelas sanções internacionais, especulou-se que a fatura cairia nas mãos dos EUA ou mesmo de Singapura. Algo que o Departamento de Estado dos EUA desmentiu. “Não vamos pagar os gastos deles”, afirmou a porta-voz Heather Nauert, acrescentando que tampouco pedirão a terceiros que os subsidiem. Esta será a viagem mais longa de Kim ao exterior desde que ele assumiu a liderança do regime, em 2011.

A única certeza sobre a cúpula, por enquanto, é que começará no dia 12 às 9h (20h do dia 11, pelo horário de Brasília), e que terá lugar no hotel Capella de Sentosa. A escolha da ilha atende, segundo fontes próximas às negociações entre ambas as delegações, ao interesse da parte norte-coreana. Sentosa está ligada ao resto do território de Singapura por uma única via elevada de 710 metros, e por ar através de um teleférico. “Isso faz com que se sintam mais seguros”, dizem essas fontes.

Atualmente um destino de filme da Disney, a ilha foi conhecida antes do período colonial britânico como Pulau Blakang Mati (“a ilha por trás da morte”, em malaio) devido à sua reputação como covil de piratas, e virou prisão a céu aberto quando Singapura caiu nas mãos dos japoneses em 1942. Nada a ver com a Sentosa que hoje ostenta mansões e hotéis de luxo como o Capella. De ilha do terror à ilha bonita da rainha do pop. E agora também de Trump e Kim Jong-un.

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