Harvey Weinstein se entregará nesta sexta à polícia de Nova York
Vários meios de comunicação norte-americanos noticiam que o produtor, acusado de abusos sexuais e estupro, enfrentará acusações decorrentes da denúncia da atriz Lucia Evans
Harvey Weinstein está disposto a se entregar nesta sexta-feira às autoridades em Nova York como parte da investigação pelas acusações de abuso sexual e estupros que vieram à tona em outubro de 2017. Está previsto que o produtor de Hollywood compareça perante um júri de instrução. Tampouco se descarta que possa enfrentar acusações relativas com um possível crime financeiro.
Os agentes da polícia de Nova York reiteraram nesta mesma semana que estavam preparados para prender o produtor assim que recebessem essa ordem do procurador do distrito de Manhattan, Cyrus Vance. A imprensa local confirmou que as acusações a serem apresentadas contra ele seriam relativas à denúncia feita pela atriz Lucia Evans, que diz ter sido forçada por Weinstein a lhe fazer sexo oral em 2004.
Evans foi convidada por Weinstein para ir ao escritório da produtora Miramax em Tribeca, onde teria pedido um encontro com o produtor para falar da sua incipiente carreira como atriz. Quando chegou ao escritório, teve um encontro a sós com ele. “Disse várias vezes a ele que não queria, que parasse”, contou a atriz à The New Yorker. A polícia também estava investigando a denúncia por estupro da modelo Ambra Battilana Gutiérrez, que foi arquivada em 2015.
Dezenas de mulheres acusaram Weinstein de abuso e violência sexual. O produtor até agora negava qualquer culpa e alegava que as relações foram todas consentidas. De acordo com as primeiras informações, a audiência com o júri de instrução já foi convocada há várias semanas. Seu advogado, Benjamin Brafman, confirmou nesta quarta-feira que o promotor do distrito sul de Nova York havia iniciado sua própria investigação federal.
A Polícia de Nova York solicita desde novembro provas para o inquérito contra o produtor, que enfrenta múltiplas denúncias. Mas os casos são antigos, e para que um mandado de prisão possa ser expedido o Ministério Público precisa ter indícios sólidos sobre a conduta predatória de Weinstein. A investigação em Nova York transcorre paralelamente a outra aberta em Los Angeles e Londres.
As acusações contra o fundador dos estúdios Miramax e The Weinstein Company iniciaram o movimento social #MeToo, que levou centenas de mulheres nos Estados Unidos e em todo o mundo a denunciarem os abusos por parte de poderosos homens de negócios, ocupantes de cargos eletivos e astros do entretenimento. O último a se somar à lista foi Morgan Freeman.
Tanto a polícia de Nova York como o procurador do distrito de Manhattan evitaram confirmar a iminente detenção de Harvey Weinstein, considerado até apenas sete meses atrás como uma das pessoas mais poderosas no mundo do cinema. Depois que as primeiras acusações vieram à tona, ele foi demitido da companhia que fundou. Os estúdios declararam bancarrota em março deste ano.
O governador de Nova York, Andrew Cuomo, ordenou por sua vez, também em março, que fossem esclarecidos os motivos que levaram o promotor Vance a arquivar a denúncia da modelo italiana há três anos. Era o sinal da frustração que a investigação estava gerando depois da onda de acusações que emergiram em outubro passado. O gabinete do procurador responde às críticas argumentando que era preciso assegurar perante um júri de instrução que realmente ocorreu um crime.
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